Trecho de recente matéria especial do VALOR ECONÔMICO com a primeira-dama da economia brasileira.
Apesar do rarefeito clima
para o livre exercício do pensamento - piorado depois do Ato Institucional nº
5, em dezembro de 1968 -, surgiu uma nova geração de economistas, que
influenciaria o debate macroeconômico do país pelos 40 anos seguintes. "Era
uma geração de cinco brilhantes economistas", afirma e, sem acanhamento,
inclui-se entre eles. No lado do governo, destaca Antônio Delfim Netto e Mário
Henrique Simonsen. Na oposição, ela própria e seus colegas, sete e oito anos
mais jovens, Carlos Lessa e Antônio Barros de Castro, autores de
"Introdução à Economia - Uma Abordagem Estruturalista", best-seller
entre estudantes de economia, já na 31ª edição.
Aposentada. Mas não
retirada, isolada, distante. Aos 82 anos, Maria da Conceição Tavares tem
direito ao relaxamento, ocupar-se com outras coisas além dos gráficos, tabelas,
estatísticas que povoaram sua vida e seu cérebro desde a graduação em
matemática na Lisboa dos anos 50 do século passado. "Já não gosto de
economia", diz. Mas isso é apenas a expressão de um desejo de
tranquilidade, pois nos minutos seguintes está a falar do necessário impulso
para o Brasil e o mundo voltarem a crescer: "Você paralisa uma economia
com corte de investimento público e alta de juros. É como fechar uma janela
puxando um cordão. Mas você não abre uma janela emperrada com um cordão, talvez
seja preciso um porrete. No sentido figurado, é claro".
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