Rápida nota sobre a arrecadação federal
O resultado de junho da arrecadação federal com a queda real da
receita tributária acendeu a luz amarela do resultado primário do
governo federal para este ano. A dúvida é se o governo terá condições
de cumprir o resultado primário cheio de 3,1% do PIB.
Não se sabe se o resultado de junho é um ponto fora da curva ou
sinaliza uma nova tendência. A minha aposta é que o resultado da
arrecadação tributária, em julho, será ainda pior, mas a receita como um
todo terá um comportamento melhor porque o governo em julho arrecadou
uma montanha de recursos em cima de decisões judiciais.
Pelas minhas contas, a receita tributária acumulada de janeiro a
julho será de R$ 209,7 bilhões; um crescimento nominal de 3,9% em
relação ao mesmo período do ano passado (R$ 201,9 bilhões). Ou seja,
queda real.
De junho a julho deste ano, a receita tributária teve queda nominal
de 18%, passou de R$ 27,1 bi para R$ 22,3 bi. Na comparação de julho de
2012 contra julho de 2011, a queda nominal será próxima a 25%: a
receita tributária passa de R$ 29,7 bilhões, em julho de 2011, para R$
22,3 bilhões em julho deste ano.
O resultado pela lado da receita em julho só não será pior por dois motivos. Primeiro,
a receita de contribuições continua com um crescimento razoável,
crescimento acumulado de janeiro a julho de 10,3% e de julho/2012
contra julho/2011 de 12,4%.
Segundo,
o comportamento excepcional da ganhos judiciais do governo federal que
vão aparecer na receita de julho. Quando se faz uma pesquisa pela fonte
de recursos reduzida, a receita do governo com “juros de mora da
receita administrada pela Rec Federal” (fonte 132) passou de R$ 2
bilhões, de janeiro a julho de 2011, para R$ 7,8 bilhões, de janeiro a
julho de 2012, crescimento nominal de 281,8%.
E desse total R$ 6,2 bilhões foi arrecadação apenas no mês de julho
deste ano. É nesta conta que aparecem os ganhos decorrentes da atuação
da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) na cobrança de tributos
não pagos e questionados na justiça.
Que a receita de tributos piorou não há mais dúvidas. A dúvida é se a
receita de contribuições (que depende do faturamento das empresas e da
massa salarial) vai continuar crescendo, o comportamento das receitas
atípicas decorrente de decisões judiciais e a receita com dividendos,
que até julho mostra uma queda de R$ 1,5 bilhão e que o governo aposta
em uma recuperação no segundo semestre (segundo o Tesouro o governo
ainda tem dividendos do ano passado para receber).
Será que o governo tem tanto dinheiro para receber de decisões
judiciais e de dividendos para compensar a queda da receita com
tributos? acho improvável, mas teremos que esperar para ver. O
mais provável é uma queda do primário, mesmo que pequena.
blog do Mansueto
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