Ao rejeitar nova denúncia criminal
contra um flanelinha, preso há quase oito anos por causa de uma nota falsa de
R$ 20, o juiz federal Ali Mazloum jogou luz sobre um lado emblemático do poder
que julga. "Estamos diante de um episódio que revela a deficiente
estrutura do Judiciário, movimentada exaustivamente por casos semelhantes,
enquanto as grandes fraudes financeiras e lavagens bilionárias de dinheiro sujo
circulam impunemente pelo País."
Por que a Justiça
consome oito anos por causa de uma nota falsa de R$ 20?
O modelo atual relega por completo o significado de
uma tipologia criminológica pela qual certas condutas, determinados crimes,
deveriam merecer atenção dos órgãos públicos. Essa falta de critério, falta de
bom senso, tem sido um grande complicador na grave questão da morosidade do
Judiciário. A preocupação maior tem recaído na personagem e fatos com potencial
midiático.
Não se faz Justiça?
O que existe são processos ritualizados que oferecem
cerimônias degradantes, condenações prematuras em que pessoas são despojadas de
sua identidade, consideradas delinquentes antes do julgamento. Com isso, suas
biografias sofrem interpretações retrospectivas, ou seja, sua história passa a
ser revista à luz do processo criminal. Reduz-se drasticamente ao acusado a
margem de oportunidades legítimas, induzindo-o à criminalidade. É um círculo
vicioso que serve apenas para alimentar o crime. Esse é um sistema falido que
não recupera ninguém.
Conteúdo do Estadão - mais informações AQUI
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