Há uma semana a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) anunciou que o governo não iria prorrogar o período de calamidade na urgência e emergência da saúde pública do Rio Grande do Norte. Seis meses depois de decretar a situação emergencial, Rosalba acredita que as ações implementadas e executadas tiraram a saúde do caos, porém, é consciente que ainda precisa fazer muito. No entanto, afirma que o governo está no rumo certo e que começa a apresentar resultados positivos na área da saúde. No “Cafezinho com César Santos”, a governadora prestou conta das ações da saúde, enumerando as medidas adotadas e obras iniciadas.
Também se mostrou confiante na recuperação da imagem do governo, garantindo que 2013 será o seu ano. No plano político, Rosalba diz que o diálogo está aberto com o PMDB, acreditando que o partido continuará na base aliada do governo. Também destacou a importância das outras siglas aliadas, e adiantou que vai convocar os prefeitos para firmar as parcerias – e convênios – para fortalecer os municípios. Por fim, Rosalba afirma que a segunda parte do seu governo será de grandes realizações, com investimentos que contemplarão áreas importantes do Estado.
GOVERNADORA, a saúde pública é, sem dúvida, o grande desafio do seu governo. A senhora decidiu não prorrogar o decreto de calamidade na urgência e emergência e faz um balanço positivo das ações implementadas nos últimos seis meses. O governo cumpriu o plano proposto quando decretou o estado de emergência da saúde?
Quando decretamos o estado de calamidade, há seis meses, já foi numa fase de agonização de processo que era crônico, pois vinha de muitos e muitos anos. Todos sabem que a questão da urgência e emergência, principalmente do Hospital Walfredo Gurgel, vem se arrastando há muito tempo; sem solução. Se você olhar matérias de jornais de há dez anos vai encontrar a situação de calamidade. Para agravar ainda mais, teve o problema de administração na Prefeitura de Natal, onde houve um colapso na saúde do município, afetando a área de urgência. Isso fez com quê, num período muito curto, houvesse uma sobrecarga ainda maior para o Estado, por isso, a gente teve que decretar o estado de calamidade. Com essa decisão, conseguimos o apoio do Ministério da Saúde, que nos colocou à frente de todos os outros estados que reivindicavam recursos para determinadas áreas da saúde. Os recursos chegaram, mas o Estado também investiu com mais de 20 milhões de reais, para que fosse possível fazer a reestruturação de toda a rede de saúde. As ações foram executadas e o resultado desse processo foi positivo. Cumprimos essa etapa e agora vamos ampliar os investimentos e as medidas para que o sistema possa oferecer o bom atendimento à população.
A SENHORA pontuaria quais ações que foram determinantes para tirar a saúde do RN dos caos em que se encontrava?
Foram várias ações importantes que realizamos e que estamos executando. Estamos reformando 12 hospitais que vai permitir um crescimento no atendimento as pessoas. O pronto socorro do Hospital Santa Catarina já foi concluído; a reforma do Hospital da Militar está em fase de conclusão, com 20 novos leitos já em funcionamento. Observe que com a conclusão da reforma de todos os hospitais, vamos ter um suporte de retaguarda no Walfredo Gurgel de 108 leitos, e mais 54 de UTI. Veja que a UTI é o gargalo maior da saúde pública, por isso, estamos oferecendo esse suporte ao Walfredo Gurgel. Tínhamos também uma dificuldade muito grande na área materna, porque todo o parto terminava em Natal. Investimos na instalação do Hospital da Mulher de Mossoró, com UTI neonatal e todos os equipamentos necessários. Essa unidade atende às mulheres de Mossoró e região, evitando a demanda para Natal. Ao lado disso nós fomos implantando com maior rapidez as bases descentralizadas do Samu; hoje 73% do Estado é coberto com o serviço. É importante ressaltar que além das ambulâncias, instalamos as salas de estabilização. Foi feita ainda parceria com os municípios para ampliar as ações. Extremoz, que há 14 anos não tinha um hospital, recebeu o apoio do Estado para ter a sua unidade. A UPA de Parnamirim também teve recursos do Estado. Essa unidade já está pronta, cabe agora ao município colocá-la em funcionamento. Tem a UPA de Macaíba, que está praticamente concluída e começa a ser equipada.
FORAM essas ações que fizeram o governo cumprir o decreto de emergência?
O período de emergência era exatamente para dar normalidade ao sistema de saúde pública. Como houve um colapso em toda rede de saúde de Natal e de outros municípios que não estavam fazendo a sua parte, o governo teve que partir para o plano de emergência. É preciso observar que mesmo com a saúde plena, alguns municípios cumpriram o seu dever. O nosso governo fez com quê os municípios tivessem a saúde plena. O que isso significa? Significa que os municípios teriam que cobrir toda a demanda da saúde básica. Se você não tiver o posto de saúde funcionando, a gripe se transforma em pneumonia; transformando em pneumonia precisa ser hospitalizado; e daí vai criando toda a pressão nos hospitais públicos de referência, gerando toda a situação de dificuldade. Mas, afirmo, nos seis meses de estado de calamidade, as ações foram realizadas, as obras iniciadas, o abastecimento se normalizando, problemas de escalas sendo superados, o que nos dá a certeza de que estamos cumprindo a nossa missão.
O GOVERNO implantou o ponto eletrônico nas unidades de saúde, sugerindo que havia falta de médicos nas escalas, porém, acabou provocando a reação da classe. A senhora, que é médica, entende que realmente há necessidade do ponto eletrônico?
É bom fique bem claro: o ponto eletrônico é coisa mais do que normal no local de trabalho. É uma forma simples de cobrar do funcionário que ele cumpra a sua jornada de trabalho. O profissional, seja de que área for, quando ele é contratado sabe qual é a carga horária que deve ser cumprida. Então, nós precisamos organizar o serviço público para atender bem as pessoas. Estamos fazendo isso com várias medidas. O recadastramento é uma dessas medidas. Cerca de mil servidores não apareceram para atualizar os seus dados e já tiveram o pagamento de seus salários suspenso. Então, foi uma série de medidas adotadas, podendo ser dito, agora, que começamos a organizar o sistema de saúde do Estado.
O QUE o cidadão pode esperar da saúde pública a partir de agora?
A partir da organização do sistema de saúde, resultado das medidas que já citei, será possível ampliar e fazer os investimentos certos. Com as reforma dos hospitais, que servirão de retaguarda, e com o novo hospital de traumas que começa a ser construído ainda neste semestre, nós vamos oferecer as vagas necessárias e com isso ir acabando com as filas nos corredores. Além disso, vamos fortalecer sete unidades regionais (Mossoró, Pau dos Ferros, Assu, Caicó, Currais Novos, São Paulo do Potengi e Santo Antônio do Salto da Onça), dando a elas mais condições de resolutividade, para que não sejam apenas uma passagem para Natal.
QUAL É o passo seguinte, pós fim do decreto de calamidade?
O trabalho vai continuar; apenas não temos mais o estado de calamidade. Com a rede melhor estruturada, nós vamos partir para outras ações igualmente importantes. Fizemos o mapeamento de todo o Estado para verificarmos as demandas reprimidas. Por exemplo: cirurgias ortopédicas, quantas são necessárias? 200, 300, 500? Fizemos o levantamento região por região. Agora, estamos formando a Força Estadual de Saúde para que, em situações emergenciais, possa dá uma resolução mais rápida. E também para coordenar os mutirões que vamos fazer em todas as regiões. Isso tudo foi pensado, planejado e agora está pronto para ser executado. Então, ao longo de 2013 nós vamos ter a conclusão das obras em andamento, melhorar a oferta na rede hospitalar e ampliar todo o sistema de saúde pública.
O ESTADO voltou a realizar transplantes de fígado depois de quatro anos paralisado. Como foi possível retomar esse importante serviço?
Realmente é uma coisa importante que não tínhamos há quatro anos e está voltando agora. O Rio Grande do Norte é o primeiro do Brasil que mais coleta órgãos, mas manda esses órgãos para outros estados, quando aqui tem toda a estrutura, mas havia parado de realizar os transplantes. Retomamos essa importante ação. O Hospital Universitário Onofre Lopes voltou a ser parceiro; implantamos 30 leitos e vamos chegar a 60 de leitos de retaguarda. A parte cardiológica vai ter uma previsão muito maior através da universidade (UFRN). Então, nós estamos agregando parceiros para que o Estado possa oferecer uma saúde de qualidade.
A ÁREA oncológica é uma das mais necessitadas no Estado. O governo tem observado esse setor?
Estamos sim. Quero dizer que melhoramos e avançamos nessa área. Já temos hoje funcionando o Hospital do Câncer em Caicó, que foi concluído com recursos do governo. Isso permitiu que o tratamento de quimioterapia fosse feito em Caicó desde 2011. Estamos apoiando o Hospital do Câncer de Mossoró, que está em fase de conclusão. Vamos ter dois novos aparelhos de radioterapia, em Mossoró e Natal. O investimento foi de 6 milhões de reais.
A SAÚDE do Estado tem um orçamento do tamanho de uma cidade como Mossoró. É o segundo maior orçamento do Estado. Porque tanto dinheiro investido e não se resolve os gargalos dessa área vital?
Esse não é um problema de hoje. Eu sempre digo que nós pegamos uma demanda reprimida. No decorrer dos últimos dez anos muita coisa se deixou de fazer. Gestões passadas preferiram fazer “gambiarra”. Isso é fato. É preciso observar, por outro lado, que temos um grande volume de recursos, porém, mais de 70% do orçamento é destinado ao pagamento da folha salarial dos servidores. Daí, a necessidade do reordenamento. Claro que o bom profissional merece e deve ser bem remunerado, torço por isso e trabalho para isso, mas tudo a seu tempo e de acordo com as condições. Tem outra situação que merece ser vista: se os municípios não fazem a sua parte, o problema acaba caindo nas mãos do Estado. O bom gerenciamento também é fundamental. Não adianta ter um grande orçamento e os recursos não serem bem aplicados. Estamos organizando a rede de saúde, implantando novo modelo de gerenciamento, para que os recursos bem aplicados se revertam em melhoria para as pessoas.
OS MÉDICOS estão em greve há mais de oito meses. Parece uma queda de braço. Não há solução para o impasse?
Nós já apresentamos várias propostas, inclusive, propostas vistas como irrecusáveis. Quando os médicos pediram 13% de reajuste salarial, nós concedemos 12%; mesmo assim eles continuaram em greve. Mas, se você observar, vai ver que o sistema está funcionando; não houve paralisação dos serviços. Eles dizem que a greve não foi para paralisar, mas sim para denunciar. Aí eu pergunto: denunciar o quê? Veja bem: quando a gente está fazendo melhorias nos hospitais, claro que essas melhorias vão melhorar as condições de trabalho. Então, espero que os médicos compreendam que estamos fazendo um esforço para melhorar o sistema de saúde em toda a estrutura. E que o foco da saúde é a população; é aquele cidadão que precisa do Sistema Único de Saúde (SUS). Temos que salvar vidas e essa também é a missão dos médicos. Claro que queremos resolver as questões salarias, mas se não houver a compreensão, a sensibilidade dos médicos, fica muito difícil ter uma solução. Quero dizer que o momento é de somar, é de união, para o bem da saúde das pessoas. Agora, sabemos que são alguns médicos que criam dificuldades. A grande maioria são bons profissionais, estão se dedicando, muitas vezes fazendo além do que pode, porque têm responsabilidade e respeito à população.
NO DISCURSO de posse da prefeita de Mossoró, Cláudia Regina, a senhora disse que 2013 será o ano do governo deslanchar. É uma certeza?
Não tenha dúvida. Esse ano será bem melhor do que os dois primeiros anos do meu governo. Vamos apresentar grandes resultados, pode ter certeza. Eu passei dois anos comendo o pão que o diabo amassou. Peguei um Estado em situação de total desequilíbrio financeiro e de estrutura. O Rio Grande do Norte não tinha condições sequer de conseguir um convênio, devido à inadimplência deixada pela gestão passada. Devia tudo; faltava contrapartida; dezenas e dezenas de obras paradas porque não tinham projetos, não tinha prestação de contas. Então, foram dois anos de trabalho para colocar o Estado nos trilhos; mas também foram dois anos de planejamento para realizar as grandes obras. Corremos contra o tempo. Agora, chegou a hora de realizar e mostrar o Rio Grande do Norte maior. Já iniciamos, por exemplo, o maior projeto de saneamento básico que o nosso Estado já pode ter. O investimento gira em torno de 1 bilhão de reais, para cumprir a meta que eu me determinei, ainda candidata, de deixar o Rio Grande do Norte 80% saneado. São recursos do PAC que conseguimos com o Governo Federal; recursos próprios; e convênios com organismos financeiros. Conseguimos agora aprovar na Assembleia Legislativa o Pro-investe, que vai garantir a realização de várias obras, principalmente aquelas que estão projetadas dentro de uma visão de desenvolvimento do nosso Estado; de logística, mobilidade e infraestrutura. Portanto, estou convicta que esse é o nosso ano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário