Em 2013, a economia potiguar promete mais do mesmo. Um novo estádio de futebol que ainda não sabe muito bem como vai sobreviver quando a Copa acabar; um novo aeroporto internacional sem acessos ou uma política estadual que tire vantagem de sua existência; um porto onde os navios não podem circular à noite por conta da herança maldita de uma ponte sem proteção em seus pilares.
“Mais do mesmo e com problemas recorrentes”, garante o professor da cadeira de Macroeconomia da UFRN, Zivanilson Silva. Durante o ano ele foi presença constante na televisão, aconselhando as pessoas a usar bem o crédito e explicando os fenômenos da economia que influenciam diretamente a vida da população.
Mas quando o assunto é para onde vai o estado cuja arrecadação aumentou substancialmente em 2012 e os problemas também, Zivanilson é econômico: do jeito que vai, para lugar nenhum.
Ou melhor, continuará nutrindo as mesmas discrepâncias, como gosto exacerbado por soluções políticas e partidárias eternamente desatreladas da realidade. E onde a prioridade de grupos sempre fala mais alto que as necessidades da maioria da população.
No ano que termina com Natal destroçada por uma gestão irresponsável, Zivanilson Silva entende que é hora de estabelecer as pequenas verdades da macroeconomia. Por exemplo, que o estado precisa redobrar os cuidados num ano em que o país encolheu economicamente. “A principal providência é investir cada centavo com sabedoria”, aconselha.
“Infelizmente, a crítica que eu tenho a este governo é a forma questionável com que ele priorizou seus investimentos e a timidez com que interage com os segmentos que patrocinam o crescimento”, analisa.
Zivanilson lembra que no ritmo atual o país vai demorar 70 anos para recuperar a economia e se crescer a 2% levará 35 anos e se porventura alcançar os 4% de crescimento ao ano, uns 17 anos e meio para tirar o atraso. “Nessas condições, é preciso que o RN redobre os seus cuidados”, avisa Zivanilson.
Para tirar da letargia a economia local, o professor da UnP e consultor Janduí Oliveira da Nóbrega dá o seu palpite: inventar um antídoto mágico que mude a mentalidade curta dos dirigentes e líderes, especialmente no que diz respeito à aplicação daqueles recursos dados de graça.
“É incrível, mas dos R$ 5,2 bilhões disponibilizados para o evento Copa do Mundo, só acessamos até o momento R$ 400 milhões”, diz Janduí. “Além disso, nossos políticos pouco ou quase nada fazem pelo estado, que já ficou para trás em relação a economias tradicionalmente menores como é o caso da Paraíba”, acrescenta.
Para ele, o problema todo está na ineficiência como as soluções são costuradas pela administração pública, mas que não age sozinha na tarefa de manter o atraso. “A própria Fiern – e isso há uns 10 anos – se comporta como uma entidade mais política do que técnica e isso também se constitui num fator gerador de tímidos avanços”, critica.
Tudo isso, segundo o Janduí redunda na situação atual, na qual a infraestrutura é mal trabalhada, fazendo com que 70% do que é produzido aqui ganhe mercado por estados vizinhos como o Ceará e Pernambuco.
“Ou seja, trabalhamos para os outros enriquecerem enquanto nossas estradas vão se deteriorando rapidamente com o trânsito das carretas que levam a nossa produção para ser embarcada por portos e aeroportos de estados vizinhos”, observa.
Durante esta semana, JH solicitou reiteradas vezes uma entrevista como o recém-empossado secretário de Desenvolvimento Econômico, Rogério Marinho, sem sucesso. Outros empresários contatados ao longo desta semana para a realização desta matéria não retornaram as ligações.
Nos últimos anos, o RN tem perdido posições sucessivas na economia regional, refletindo uma tendência diametralmente oposta à registrada em boa parte da década de 1990 e começo de 2000.
Segundo dados oficiais, o estado foi o que menos conseguiu acessar recursos do Fundo Constitucional do Nordeste (FNE) no ano passado e que entre 2002 a 2010 contabilizou o menor avanço na evolução de seu PIB, que é a soma de todas as riquezas produzidas.
E, como não bastasse, enquanto as exportações no País cresceram, as nossas recuaram 24% entre os anos de 2006 a 2011. Da mesma forma, o RN ficou na lanterna entre os nove estados nordestinos na criação de empregos formais entre 2003 e 2011.
Portal JH
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