Foi franca a conversa da cúpula do PMDB com Dilma Rousseff. Como previsto, reuniram-se com ela, na noite passada, o vice Michel Temer e os presidentes do Senado e da Câmara: Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves. A presidente foi informada de que a revolta contra seu governo não se limita ao PMDB. Espraiou-se por todos os partidos “aliados”. E pode comprometer a unidade da coligação, com prejuízos à articulação de 2014.
Repassou-se para Dilma uma avaliação que é consensual no PMDB e arredores: a antecipação da disputa presidencial precipitou os embates nos Estados. Em consequência, os congressistas passaram a se preocupar com suas próprias reeleições. Como se sentem desprezados pelo governo, reagem criando dificuldades no Legislativo. Para complicar, o PT é adversário dos “aliados” em vários Estados.
Dilma assumiu alguns compromissos retóricos. Pela enésima vez, sinalizou a intenção de azeitar as relações com os partidos. Para diminuir os riscos de atrito, comprometeu-se em reduzir a quantidade de medidas provisórias enviadas ao Congresso. O Código de Mineração, disse ela, irá na forma de projeto de lei. Foi aconselhada a reunir-se com os líderes para informar sobre o conteúdo da proposta.
Antes de avistar-se com Dilma, Temer recebera correligionários. Entre eles o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha, que Dilma vê como um desafeto; o ex-líder do governo no Senado, Romero Jucá, que Dilma destituiu da liderança no ano passado; o ministro Moreira Franco, que Dilma nomeou para a pasta da Aviação Civil, mas não permitiu que compusesse sua equipe; e Renan Calheiros, com quem a chefe do Gabinete Civil de Dilma, Gleisi Hoffmann, se desentendeu na semana passada. Os interlocutores de Temer passaram em revista as insatisfações.
Um ‘capa preta’ do PMDB disse ao blog: “Se ainda desconhecia a realidade, algo em que não creio, a presidente agora já não pode alegar que não conhece o quadro. O clima na base de apoio ao governo é de pré-rebelião. Há tempo para resolver. Mas é preciso ter vontade. Se não tiver, os problemas tendem a se tornar mais graves. Se a crise econômica apertar, a fidelidade ao governo vai afrouxar e o caldo pode entornar. Se isso acontecer, ninguém poderá dizer que foi por falta de aviso.”
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