A arte de negociar está presente em nossas vidas a todo
instante. Tal processo tornou-se tão rotineiro, que, às vezes, nem percebemos o
epicentro de uma negociação, seja na família, no convívio social, dentro de uma
loja, no trânsito e, principalmente, no escritório e com a comunidade que o
circunda – clientes, parceiros, fornecedores, etc. Vale relembrar que, nesse
mundo globalizado, dominado pela sociedade da informação e regido pela era do
conhecimento e do capital intelectual, os executivos necessitam capacitar-se
para enfrentar o conflito de opiniões e as divergências que, freqüentemente,
fomentam e enriquecem o dia-a-dia corporativo.
Mas há, no entanto, algumas coisas a serem consideradas
nesse exercício de compreensão. Uma de caráter técnico e a outra do ponto de
vista ético. Em primeiro lugar, não existe negociação eficiente sem o domínio
das ferramentas fundamentais que pavimentam o sucesso: planejamento e
informação.
Independentemente do tamanho e do caráter daquilo que será negociado,
tenha em mãos a identificação do seu interlocutor, com nome, sobrenome,
formação acadêmica. Nesse caso, peque pelo excesso. Por outro lado, não há
segredos ou fórmulas mirabolantes. Basta, sim, acumular conhecimento sobre o
mercado de atuação de seu oponente, previsão de cenários, além de detalhes
sobre a concorrência e o posicionamento estratégico. Depois, ajuste os limites
de preço, margem de lucro, número de horas utilizadas no projeto e prazo de
entrega, por exemplo. Por último, seja um ouvinte atento e adapte seu discurso
ao do seu interlocutor. Obviamente que a arte de negociar não é tão prosaica
como as palavras demonstram, pois o processo requer inteligência, habilidade e
perspicácia.
A definição desses parâmetros dará mais flexibilidade e
liberdade para viabilizar e consolidar a operação. Esse mosaico de informação
torna-se ainda mais fundamental quando a negociação envolve corporações de
porte. Assim, é fato que do outro lado da mesa estará postado um profissional
experimentado, especializado em avaliações, articulado e treinado para caminhar
em meio à turbulência. Portanto, prepare-se, pois o sucesso ou o fracasso
estará em suas mãos. E, por trás disso, o seu êxito, sua empregabilidade e a
capacidade de manter-se valorizado e atraente dentro da sua própria empresa.
Ao dominar todas as etapas do processo de negociação,
surge a questão ética como diferencial competitivo no ambiente corporativo. As
novas exigências ditadas pelas leis de mercado obrigaram as companhias a
remodelarem seus modelos de gestão. Essa verdade absoluta impacta de forma
significativa no cotidiano dos executivos. Nessa reviravolta, um olhar
diferenciado sobre a questão expõe e exige o predomínio da ética em todas as
nuances. Trata-se, sem dúvida alguma, do primeiro pressuposto que contemple as
matrizes envolvidas no contexto e que forneça os trunfos necessários para
garantir a vitória da transparência sobre a manipulação.
Hoje em dia, na verdade, não há como ser diferente.
Tomar as decisões verdadeiramente nítidas e visíveis para os stakeholders
é o desafio a ser alcançado. Dessa maneira, define-se a transparência como
estratégia para definir os direitos e deveres das pessoas envolvidas na
condução dos negócios. Portanto, é fundamental conscientizar-se de que esse
exercício passa pelo repensar da ética. E, partindo daí, a governança
corporativa transformou-se em uma importante vantagem para as companhias. De
uma maneira geral, essas premissas estão quebrando paradigmas e redefinindo os
processos nas organizações mais avançadas.
A governança corporativa incorporou-se à rotina
empresarial e suscitou uma realidade inconteste: ética e transparência são,
definitivamente, um fator de sucesso do negócio. As gestões tiveram de se
converter à cristalinidade sob pena de ser atropelada pela reinvenção de novas
práticas e sucumbir diante da competição cada vez mais acirrada. O executivo
moderno necessita ser multidisciplinar ou, como se diz popularmente, jogar em
todas as posições. Incentivar esse comportamento assegura dignidade às empresas,
garante sustentabilidade aos negócios e revitaliza o compromisso com a ética e
a cidadania. Esses preceitos necessitam estar sob o domínio do profissional que
está à frente do negócio.
Fonte
CARDOZO, Julio Sergio. A arte de negociar. Disponível em:
<http://www.administradores.com.br/noticias/a_arte_de_negociar_com_etica_no_mundo_corporativo/4275/>.
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