segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Câmbio: Mantega já admite que alta do dólar pode impactar preços

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu que a alta do dólar poderá ter impacto sobre os preços caso o quadro de desvalorização cambial se intensificar. Ele qualificou como uma "mini crise" o movimento de fluxo de capitais de nações emergentes para os Estados Unidos, culminando com a desvalorização de inúmeras moedas de países emergentes. "A elevação do câmbio pode trazer problemas para todo mundo", destacou Mantega. Desde 26 de abril, o real registra uma depreciação nominal próxima de 20%.
Mantega, que participou de encontro com empresários nesta segunda-feira em São Paulo, também voltou a usar a comparação com o exterior para tentar minimizar a preocupação com a desvalorização do real. O ministro repetiu discurso manjado: o de que, embora o real esteja entre as moedas que mais se depreciaram recentemente, o Brasil "não perdeu nenhum tostão" das reservas internacionais. "Temos mais reservas e menor dívida pública do que em 2008", destacou. De acordo com o ministro, os países emergentes já perderam cerca de 150 bilhões de dólares em reservas cambiais.
Apesar do aumento do déficit em conta corrente, que foi recorde em julho, nada pareceu abalar o otimismo do ministro. "No Brasil, não está ocorrendo saída de capitais. Melhoramos a conta financeira, que de janeiro a julho de 2013 somou 58,9 bilhões de dólares", afirmou. "Essa conta financeira vai ajudar a fechar as contas correntes neste ano", disse, ressaltando que há a estimativa de um déficit de transações correntes de 75 bilhões de dólares para este ano, enquanto a conta financeira apresentaria um montante de 83 bilhões de dólares.
Crise — Guido Mantega fez ainda uma avaliação positiva sobre a economia da Europa neste segundo semestre e disse que essa melhora ajudará os emergentes, grupo de países do qual o Brasil faz parte.
De acordo com ele, é preciso ver se a economia europeia crescerá nos próximos trimestres para poder dizer se a crise, de fato, passou. "Mas estamos vendo uma luz no fim do túnel para a economia europeia", disse. Sobre a desvalorização do real, Mantega disse que isso ocorre porque os juros do Tesouro dos Estados Unidos estão subindo e isso faz com que os investidores procurem o mercado dos EUA.
O ministro disse que o mundo ainda não conseguiu superar a crise de 2008, embora ela esteja no fim. "O Brasil é um dos países que pode crescer um pouco mais", destacou. "A perspectiva é de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre, de forma gradual", apontou. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga na próxima sexta-feira o resultado do PIB entre abril e junho deste ano.
"A pesquisa Focus (do Banco Central) indica que a expansão será de 0,8%", disse. Mantega apontou que, no primeiro semestre, a expansão da economia mundial "não foi grande coisa" e, como de costume, voltou a dizer que o baixo crescimento do país não é caso isolado ao afirmar que a grande maioria dos países cresce menos do que pode, o que acontece também com os Estados Unidos e a China.
(com Estadão Conteúdo)
Leia também:

Nenhum comentário:

Postar um comentário