DO NOVO JORNAL
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) criticou em Natal os rumos que seu partido está tomando na sucessão presidencial que se avizinha. “Uma das coisas que analiso é que não vejo o PDT se preparando para 2014”, disse quando questionado sobre o cenário que a legenda, à qual pertence o prefeito Carlos Eduardo, desenha para o próximo ano.
Foto: Ney Douglas/NJ.
Cristovam Buarque diz que não vê o PDT se preparando para 2014
Ao mesmo tempo, o senador defendeu a ruptura com o governo Dilma ao analisar que o PDT, nos estados, se limita a alianças por interesses eleitorais. “O partido caminha convenientemente com o governo federal. A gente caminha com Dilma por conveniência”, disse o senador, momentos depois de o prefeito Carlos Eduardo anunciar à imprensa que o decreto de calamidade da saúde serviria para facilitar a captação de recursos do governo federal.
O senador e ex-ministro da Educação no primeiro governo de Lula defendeu ainda que o desligamento da gestão do PT venha acompanhando pelo lançamento de uma plataforma de propostas. “A gente vai ter nossa proposta. O governo que se torne oposição a nós, se quiser. Agora do jeito que está não dá. Ficamos algemados no governo federal”.
A crítica do senador não ficou restrita ao partido do qual faz parte. Questionado pela reportagem sobre como analisa o momento de tensão social que o país vive em face de tantos protestos, Cristovam Buarque estabeleceu uma analogia: “Tem um livro de que gosto muito em que há um personagem que diz que uma hora a gente precisa saber que chegou o momento de comprar nosso caixão. Os políticos brasileiros precisam entender que essa hora chegou.”
Para o ex-ministro de Educação, a classe política do país está perdida diante da guerrilha cibernética, e, mesmo com tal estado constatado, reluta em aceitar as mudanças pedidas nas ruas.
“Há muito tempo, o governo vem controlando tudo. O governo controla os sindicatos, as ONGs, os partidos. Mas a internet, não. A internet, o governo não conseguiu controlar. A meninada não precisa de governo”, analisou o senador.
Na avaliação do congressista, o quadro é mais preocupante do que se imagina, na medida em que é ignorado. “Antes resistíamos. Agora a gente não entende o que se passa na cabeça dos jovens nem sabe o que fazer com a guerrilha cibernética, que passa por cima das ONGs, sindicatos, da própria mídia”.
Como consequência, o senador explicou que o cenário pode piorar. “Marca-se na internet um protesto que reúne 200, 300 e fecham estradas, aeroportos. Logo vão começar a marcar para não pagar o imposto em dia. Isso é perigoso, deixar o país pipocando em protesto”.
O congressista rechaçou ainda as teses de regulamentações para os protestos e o uso da internet, sublinhando que falta preparo à polícia para lidar com a guerrilha cibernética.
“A minha ideia é que os pleitos pedidos nas ruas fossem atendidos antes dessa eclosão. Se tivéssemos trabalhando bem, com ética, isso não estaria acontecendo. Se fizéssemos mais escolas e menos arenas, em vez de manifestações haveria elogios. E não entendemos que nós políticos perdemos o controle. A expressão é essa: nós perdemos o controle!”, destacou o pedetista.
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