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Deve-se a Demóstenes Torres a inscrição do nome de Jeany Mary Corner nas atas da CPI dos Correios. Em 2005, quando puxavam-se no Congresso os primeiros fios do novelo do mensalão, o então senador Demóstenes perguntou a Simone Vasconcelos, agente pagadora de Marcos Valério, se ela conhecia uma tal Jeany. Heimmmm?!? Jeany Mary Corner, conhece? Nunca ouvi falar, desconversou Simone, hoje uma presidiária.
O país ouviria falar muito de madame Jeany. Cafetina de mostruário, ela administra um plantel de moças com saúde para dar e, sobretudo, vender em festas companheiras —muitas animadas pelo déficit público. O tempo passou. Demóstenes virou ex-Demóstenes. Descobriu-se que ele fez com Carlinhos Cachoeira, na vertical, saliências que as meninas de madame não ousariam fazer na horizontal.
Nesta segunda-feira, decorridos oito anos da arguição da CPI, Demóstenes e Jeany voltaram a coabitar o noticiário brasiliense. Ela recebeu uma dura da polícia. Ele teve a moleza suavizada. A cafetina foi em cana numa operação chefiada por uma delegada da Polícia Civil de Brasília. Confiscaram-lhe a agenda telefônica. A perspectiva de abertura das cortinas das alcovas federais inquieta Brasília.
Simultaneamente, o Conselho Nacional do Ministério Público serviu um refresco a Demóstenes. Órgão de controle externo das atividades de procuradores e promotores, o CNMP adiou por mais 60 dias o julgamento do processo administrativo aberto para apurar a suspeita de que o ex-senador valeu-se de sua influência de membro do Ministério Público de Goiás para beneficiar a quadrilha do bicheiro Cachoeira.
Essa foi a sexta vez que o conselho adiou o desfecho do caso. O processo foi aberto em outubro de 2012. Demóstenes foi afastado. Só do cargo, não do contracheque. Continua mordendo o contribuinte em R$ 24.117,62 por mês. Numa sessão realizada em abril, o CNMP adicionou açúcar ao mamão.
O conselho reconheceu Demóstenes como um membro vitalício do Ministério Público de Goiás. Fez isso a despeito de o investigado ter se afastado da carreira por 13 anos para dedicar-se à política, a segunda atividade mais antiga do mundo (ou seria a primeira?). Algo que é vedado aos promotores vitalícios.
Com essa decisão, se um dia o CNMP vier a considerá-lo culpado, Demóstenes será condenado à aposentadoria com vencimentos perpétuos. Enquanto o grande prêmio não vem, o ex-amigo de Cachoeira desfruta da inatividade remunerada há arrastados 13 meses. Adicionando-se o 13º salário foram 14 contracheques sem o inconveniente da contraprestação de serviços.
Noves fora as vantagens pessoais, o contribuinte pagou pelo ócio sem sex appeal de Demóstenes, por ora, R$ 337,6 mil. A polícia diz que algumas meninas do cardápio de madame Mary Corner conseguem tirar R$ 10 mil numa única noite. Mas elas vendem mercadoria própria. E precisam derramar meio litro de suor.
blog do Josias
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