domingo, 15 de dezembro de 2013

ceará: inovação na produção de mudas


Em cinco anos de empresa, já foram recebidos cerca de R$ 3 milhões em recursos de fundos para a inovação

Com o "DNA inovação", o engenheiro agrônomo Roberto Caracas começou a investir em um projeto que nasceu do próprio senso apurado de enxergar as demandas do mercado local, a partir do trabalho com micropropagação de plantas. Diante da evolução da ideia - e em cinco anos de empresa - já foram recebidos cerca de R$ 3 milhões em investimentos de fundos para a inovação.

Roberto Caracas foi buscar novas tecnologias, novos processos de produção, trazendo diferenciação para o mercado e custo mais baixo FOTO: KIKO SILVA
"Quando eu trabalhava na Secretaria de Agricultura (do Ceará), pude observar que não existia nenhum marco legal na área de mudas e que não havia nenhuma biofábrica no Estado para obter produtos de qualidade e na quantidade dos projetos agrícolas. Há dez anos, 90% das mudas vinham de fora ", relembra.

Para conseguir mudas de plantas ideais para a demanda local, seja para plantar banana, abacaxi, cana-de-açúcar ou flores tropicais, era preciso importar da Costa Rica, de Israel, da África do Sul ou mesmo de outros estados do País. "Depois que saí da secretaria para trabalhar em uma multinacional produtora de frutas, foi, de fato, que comecei a perceber, do outro lado da mesa, a escassez desse tipo de tecnologia", comenta.

A partir daí veio o estalo de criar o próprio negócio. Em 2008, a empresa foi aprovado no edital do Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Novas Empresas de Base Tecnológica Agropecuária e Transferência de Tecnologia (Proeta), da Embrapa Agroindústria Tropical.

Ainda incubada, o fundo de investimentos Criatec decidiu entrar com recursos, em 2011, o que transformou a Bioclone em uma empresa S.A.

Segundo Caracas, a verba foi utilizada na construção da biofábrica, hoje instalada no município do Eusébio. Com a graduação no Proeta, em abril do ano passado, a empresa começou a atuar na nova sede.

Janela de oportunidade

"Inovação para a gente foi tudo. Nascemos com esse DNA. Só conseguimos pelo perfil, por buscar novas tecnologias, novos processos de produção, trazendo diferenciação para o mercado e custo mais baixo", afirma Roberto.

Segundo o analista de Transferência de Tecnologia e Negócios Tecnológicos da Embrapa, Genésio Vasconcelos, a Bioclone apresentou uma janela de oportunidade de mercado para mudas clonadas de determinadas espécies. "As variedades escolhidas estavam em consonância tanto com o mercado consumidor local, quanto com o mercado internacional, uma vez que os produtos, após cultivados pelos produtores rurais, também eram exportados", destaca.

Outro ponto ressaltado por Genésio foi a reeducação do mercado provocada pela empresa cearense, já que, para conseguir o produto, era necessário que o pedido fosse feito com, pelo menos, seis meses de antecedência.

"No mercado tradicional, os produtores conseguem mudas para ´pronta entrega´, porém com baixa qualidade, em diferentes estágios de desenvolvimento e sem padronização. A programação é recompensada pela aquisição de mudas de alta qualidade genética", afirma. Assim, explica o especialista, o produtor tem a garantia de uma programação de sua época de colheita e redução de gastos com tratos culturais.

Conforme Roberto Caracas, o desafio da falta de programação do produtor também tem sido compensada com o desenvolvimento de tecnologia para reduzir alguns prazos. "A muda não tem como estocar, porque é um produto vivo. Mas já estamos produzindo com prazo de entrega de, em média, quatro meses, em algumas situações", diz.

Projeto

Para fazer jus ao perfil inovador, o diretor-executivo da Bioclone afirma que está sendo desenvolvido estudo com a palma forrageira, no intuito de ajudar o Estado na questão da seca. Além disso, há um projeto com mudas de cana-de-açúcar mais adaptadas ao semiárido e outro com mamão hermafrodita.

"No caso do mamão, na hora de plantar são colocadas três mudinhas, porque não se sabe se é macho, fêmea ou hermafrodita. Para saber se é hermafrodita, se gasta três meses. Com nosso projeto, não vai ter esse problema", relata o empresário. (GR)



do Diário do Nordeste

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