domingo, 12 de janeiro de 2014

FRAUDES NO PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA NO RN

A reportagem reproduzida a seguir, apresenta uma denúncia muito grave: imóveis do "Minha casa, minha vida" que deveriam servir para as populações mais carentes estão sendo negociados, trocados e, infelizmente, destinados para pessoas que não preenchem realmente os requisitos exigidos pelo programa.


As fraudes são generalizadas e muitas vezes contam com a conivência de algumas autoridades. Por exemplo, na fase de elaboração do cadastro, cuja responsabilidade recai sobre as secretarias municipais, priorizam-se correligionários políticos e excluem-se famílias em situação ainda mais precária.

Existem informações que, em alguns municípios, foram contempladas famílias já proprietárias de outros imóveis, enquanto pessoas residentes em assentamentos precários foram ignoradas. 

O resultado, como não poderia ser outro, é alienação do imóvel, troca, aluguel, dentre outras irregularidades.

É importante chamar atenção que esse tipo de fraude ocorre com os imóveis destinados as famílias carentes.

Leiam a reportagem da Tribuna do Norte:


Beneficiados enquadrados na faixa 1 do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) estão comercializando o imóvel adquirido com subsídios do Governo Federal no Rio Grande do Norte. 


A venda ou aluguel do imóvel é proibida para famílias com renda bruta de até R$ 1,6 mil, mas a comercialização de casas ou apartamentos é comum em muitos condomínios construídos no Estado. 


denúncias formais e comprovadas pela Caixa Econômica Federal (CEF) em Parnamirim e Mossoró, no entanto, o banco não divulgou o número de processos existentes no setor jurídico do órgão.

Joana LimaNos residenciais, moradores admitem a venda de imóveisNos residenciais, moradores admitem a venda de imóveis

De acordo com as normas do programa, as famílias com renda mensal bruta de até R$ 1,6 mil só podem comercializar o imóvel após 10 anos da assinatura do contrato ou quando o proprietário quita de forma integral o valor, devolvendo o subsídio ao Governo, que pode chegar a 90%. Mas a regra é facilmente burlada e as histórias sobre vendas ou aluguel de casas e apartamentos do MCMV se repetem à medida que novos empreendimentos são lançados.  Por outro lado, a fiscalização e repressão à ilegalidade ainda é tímida.

Apesar de comum, não é fácil provar que um imóvel do programa foi vendido ou está alugado a pessoas não cadastradas no sistema da CEF. Denúncias existem, mas a apuração esbarra em brechas e informações desencontradas. 

Em Parnamirim, município com a maior quantidade de apartamentos financiados pelo programa no Estado, a secretaria de Habitação e Regularização Fundiária (Sehab) é porta de entrada para os denunciantes. “Chega a denúncia, mas é difícil provar. As pessoas não informam o nome do beneficiado que está cometendo a irregularidade, por exemplo. Outros sequer sabem qual é o apartamento em questão. É complicado”, afirma o titular da pasta, Antônio Miguel.


Mas algumas denúncias são levadas adiante e repassadas à superintendência da CEF – órgão responsável pela fiscalização do programa. O superintendente do banco no Estado, Roberto Linhares, confirma a formalização de processos. “Existem denúncias e alguns viraram processos. Temos casos de alguns beneficiados que perderam o imóvel porque a irregularidade foi comprovada. Outros processos estão em andamento”, diz.


O superintendente não informou quantos processos estariam em andamento nem qual seria a demanda de denúncias. Em contato com a assessoria de imprensa da CEF, em Brasília, a reportagem foi informada que não há uma compilação dos dados. “É preciso informar o nome do empreendimento para fazer a apuração. Não temos o número de forma genérica”, informa a assessoria.

Além da Prefeitura e CEF, o Ministério Público Federal (MPF) também recebe queixas sobre a possível comercialização irregular. No MPF-RN, há pelo menos quatro procedimentos de apuração de denúncias em curso. Um deles, diz respeito ao Conjunto Monsenhor Américo Simonetti, em Mossoró. Lá, além das transações comerciais, o parquet avalia possíveis fraudes no processo de seleção dos beneficiados. 

Segundo informações do MPF-RN, a CEF está fazendo o levantamento de informações. O processo é demorado. Além das dificuldades em localizar beneficiados e comprovar as possíveis fraudes, a CEF repassa os casos para a Controladoria-Geral da União (CGU). “Esse é um assunto polêmico. A Caixa apura a denúncia para retomar o imóvel,  mas os casos são enviados à CGU para que outras medidas sejam efetivadas”, avisa Roberto Linhares.

TN

PUBLICADO EM 12-01-2014

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