A seca que assola a
região dizimou parte significativa dos rebanhos, das lavouras temporárias e
permanentes e até a apicultura foi afetada. Na verdade, o setor agropecuário
foi, e continua sendo, duramente atingindo.
Como a atividade primária
ainda representa cerca de um terço do PIB regional, tem-se um efeito dominó,
principalmente, afetando o segmento comercial.
A seca já compromete a
melhoria de vida que se verificou na região a partir do ano 2000.
A região, historicamente,
apresentou índices de indigência e pobreza muito elevados. Ainda temos
indicadores vergonhosos, mas boa parte dos municípios reduziu drasticamente os
índices de indigência (a redução foi mais intensa a partir de 2000) e a
população pobre também diminuiu.
A ascensão social via
Bolsa Família e aumento real do salário mínimo, permitiu a realização de alguns
sonhos de consumo. Os dados do IBGE demonstram que a energia elétrica está
presente em quase 100% dos lares; água canalizada é uma realidade em quase
todos os domicílios urbanos da região; televisão; geladeira; além de outros
eletrodomésticos já estão presentes na maioria dos lares e o celular se tornou
parte do dia a dia dos pobres.
A aposentadoria rural e o
Bolsa Família se constituem em renda regular para os beneficiários e que,
associadas às outras atividades como agricultura de subsistência e o trabalho
na construção civil lançaram ávidos consumidores no mercado.
Aqueles que nunca tiveram
condição de planejar uma compra passaram a fazê-lo, tornaram-se clientes
habituais de inúmeros pequenos negócios e o efeito positivo na economia foi
reconhecido e sentido por todos da região.
De outro lado, tem-se
observado mais recentemente um componente preocupante: o elevado endividamento
das famílias, principalmente, daquelas que ainda estão no limiar da pobreza.
O gosto pelo consumo e
algumas facilidades de crédito, inclusive o consignado para os aposentados,
produziu ao menos dois efeitos colaterais: a elevação do endividamento familiar
e nunca se verificou o enriquecimento de tantos agiotas na região.
Aliás, a prática da
agiotagem virou epidemia regional. Os “especialistas” que emprestam dinheiro
aos pobres retêm cartões do Bolsa Família e esperam os aposentados saírem das
filas de pagamentos de bancos, agências dos Correios e, sem cerimônias,
vilipendiam os “clientes”.
Juntando tudo temos um
cenário preocupante. A seca obriga o pequeno produtor, o trabalhador rural e
demais pessoas ligadas ao mundo “rurbano” a utilizarem suas rendas (bolsa
família e aposentadoria) para comprar alimentos, água, ração, etc. para
sobreviver ou manter vivos os rebanhos.
A “folga” orçamentária
para pagamentos de compromissos (parcelas de crediários, prestações, etc.)
deixou de existir. Os credores que já passam por dificuldades (crescimento da
inadimplência) aumentam a pressão.
Os aposentados sofrem
duplamente: acossados por familiares e por dívidas contraídas (consignados,
prestações próprias e de familiares, gastos com aquisição de água, etc.) acabam
caindo nas mãos de agiotas e, finalmente, encontram o pior dos cenários.
O mais lamentável é que
as sanguessugas da dignidade alheia flanam como se nada, nem ninguém, seja
capaz de pará-los. Dormem tranquilos, tomam café da manhã na companhia da
família, levam os filhos ao colégio e depois...
Bem, depois... Extorquem
alguns miseráveis.
Virou profissão e de
elevado prestígio!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário