sábado, 15 de fevereiro de 2014

Pau dos Ferros: causas da poluição da água da Barragem

Ninguém duvida que a qualidade da água distribuída pela CAERN aos usuários de Pau dos Ferros é insatisfatória.
A companhia já deveria ter suspendido a cobrança porque não está entregando o que o contrato de fornecimento estabelece.
Mas existem algumas questões que não estão sendo devidamente enfrentadas. Estão, a meu juízo, ausentes dos debates.
Relembrarei algumas delas.
Vejam novamente a ficha técnica do reservatório pauferrense:
Denominação: Pau dos Ferros
Município: Pau dos Ferros / RN
Bacia: Apodi/Mossoró
Rio barrado: Rio Apodi
Localização: Situado à 3 km da cidade de Pau dos Ferros
Construtor: DNOCS
Proprietário: DNOCS
Conclusão da Construção: 1967
Área: 1.165,36 ha
Capacidade Máxima: 54.846.000,00 m³
Volume Morto: 1.092.710,00 m³
Ficha completa: Pau dos Ferros

O reservatório tem pouco mais de 5% da capacidade (5,19%).

Continha rápida: a barragem ainda tem, aproximadamente, 2.742.300m³, descontando o volume morto (1.092.710,00 m³), ainda restariam 1.649.590m³.

Não é pouca água. Na verdade, é um volume bem maior do que a capacidade total de boa parte dos reservatórios existentes na região.

Primeiro ponto: porque não aproveitar a situação e realizar o desaterramento e a limpeza do reservatório?

Segundo e mais importante: porque a água está verde? Quais as causas de tanta poluição?
Açude Pau dos Ferros: 5,19% de reserva e água esverdeadaAçude Pau dos Ferros: 5,19% de reserva e água esverdeada (Tribuna do Norte)

Evidentemente, não estou relativizando o fato, incontestável, da pouca quantidade de água existente em relação ao tamanho do reservatório, mas não tem como não considerar os possíveis impactos ambientais produzidos pelo homem.

O aspecto verde da água sugere uma elevada concentração de algas e talvez cianobactérias.

Leiam:

O aumento da disponibilidade de nutrientes na água causada, por exemplo, pelo lançamento de esgoto [...] permite um aumento significativo de algas e cianobactérias, com consequente redução de oxigênio e bloqueio da luz solar em razão da presença destas na superfície. Nessas condições, plantas enraizadas passam a ter dificuldade para efetuar a fotossíntese, prejudicando seu crescimento; e animais não resistem à falta de oxigênio e alimento. Com a morte desses organismos, bactérias e seres bentônicos se proliferam, utilizando o pouco oxigênio restante e, ainda, alguns liberando toxinas. Esse fenômeno é conhecido por eutrofização.(Mariana Araguaia – bióloga)

Vamos aproveitar o momento para debater a necessidade de recuperação e a preservação dos nossos mananciais?

A poluição absurda que fica evidente, inclusive a olho nu, não deve ser menosprezada. A barragem ainda tem mais do dobro do seu chamado volume morto, mas, claramente, não serve mais para o consumo humano.

Como se observa na ficha técnica, o proprietário do reservatório é o DNOCS. O Órgão tem capacidade de investimento e, principalmente, tem obrigação de esclarecer aos aflitos moradores de Pau dos Ferros as causas de tamanha poluição, bem como, CAERN, IDEMA, etc.

A seca expôs o enorme problema ambiental que temos, mas, por enquanto, infelizmente, não foi suficiente para despertar o interesse de quase ninguém.


Que venha a adutora de engate rápido, de engate lento, de qualquer engate, mas não se desperdice a oportunidade para verificar as causas da degradação ambiental existente. Deixando-se passar, corre-se o risco da poluição se intensificar e a qualidade da água só piorar, mesmo em níveis mais satisfatórios, no futuro.

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