Que vergonha! Dilma estava
escondendo até agora que apoiou, sim, a compra, pela Petrobras, de
refinaria-sucata nos EUA que gerou prejuízos à Petrobras de US$ 1,204 bilhão!
É do balacobaco. Já contei a história aqui em
detalhes. Só que o que o vem a público agora, em reportagem do Estadão, é ainda
mais grave. A síntese é a seguinte: em 2005, a empresa belga Astra Oil comprou
uma refinaria chamada Pasadena Refining System por US$ 42,5 milhões. Em 2006,
vendeu 50% da refinaria à Petrobras por US$ 360 milhões. Para tornar a usina
operacional, era necessário investir mais US$ 1,5 bilhão, conta que seria
dividida entre a Petrobras e a Astra. O contrato previa que, se os sócios se
desentendessem, a gigante brasileira seria obrigada a comprar a outra metade.
Eles se desentenderam, e os belgas resolveram executar o contrato: pediram US$
700 milhões por sua parte. A Petrobras não quis pagar, os belgas foram à
Justiça e os brasileiros tiveram de ficar com a outra metade da sucata por US$
839 milhões. Soma total do prejuízo: US$ 1,204 bilhão. A refinaria está parada,
dando um custo milionário, todo mês, de manutenção.
Pois é… Até esta quarta, pensava-se que Dilma,
que era ministra da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da
Petrobras, não soubesse de nada à época. Prosperou a versão de que a negociação
havia sido feita sem a sua anuência. Errado! Ela não só sabia como votou a
favor da compra. Agora diz que ignorava a obrigação da Petrobras de ficar com a
outra metade da empresa. Com a devida vênia, trata-se de uma cascata. E QUE SE
NOTE: QUANDO A PETROBRAS COMPROU POR R$ 360 MILHÕES METADE DE UMA EMPRESA PELA
QUAL OS BELGAS HAVIAM PAGADO R$ 45 MILHÕES — E DILMA CONCORDOU! —, JÁ SE
TRATAVA DE UM ESCÂNDALO. AFINAL, SÓ NESSA OPERAÇÃO, SEM QUE SE REFINASSE UM
BARRIL DE PETRÓLEO, OS BELGAS OBTIVERAM UM LUCRO DE 1.500% EM MENOS DE UM ANO.
Mais: o homem que negociou com a Petrobras em
nome dos belgas é Alberto Feilhaber, um brasileiro que já havia trabalhado na…
Petrobras por 20 anos e que se transferira para o escritório da Astra, no EUA.
Quem preparou o papelório para o negócio foi Nestor Cerveró, à frente da área
internacional da empresa brasileira.
Essa compra escandalosa é hoje investigada
pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal, pelo Tribunal de Contas
da União e, em breve, por uma comissão do Congresso.
Imaginava-se, até esta quarta, que tudo era
mesmo culpa de José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da empresa, de quem Dilma
nunca gostou muito. Agora, a gente descobre que a soberana sempre soube de
tudo, não é mesmo? Parece que Gabrielli cansou de levar a culpa sozinho.
Abaixo, uma síntese do escândalo, que tem, sim, as digitais de Dilma. Pois é…
Lembro do candidato Lula, em 2002 e em 2006 e da candidata Dilma, em 2010,
acusando os tucanos de querer privatizar a Petrobras, o que nunca aconteceu.
Eles não privatizaram. Prefeririam quebrar a empresa. A Soberana assumiu o
mandato com a ação da empresa valendo R$ 29. Está sendo negociada agora a R$
12,60.
*
1: Em janeiro de 2005, a empresa belga Astra
Oil comprou uma refinaria americana chamada Pasadena Refining System Inc. por
irrisórios US$ 42,5 milhões. Por que tão barata? Porque era considerada
ultrapassada e pequena para os padrões americanos.
2: ATENÇÃO PARA A MÁGICA – No ano seguinte,
com aquele mico na mão, os belgas encontraram pela frente a generosidade
brasileira e venderam 50% das ações para a Petrobras. Sabem por quanto? Por US$
360 milhões! Vocês entenderam direitinho: aquilo que os belgas haviam comprado
por US$ 22,5 milhões (a metade da refinaria velha) foi repassado aos
“brasileiros bonzinhos” por US$ 360 milhões: 1.500% de valorização em um
aninho. A Astra sabia que não é todo dia que se encontram brasileiros tão
generosos pela frente e comemorou: “Foi um triunfo financeiro acima de qualquer
expectativa razoável.”
3: Um dado importante: o homem dos belgas que
negociou com a Petrobras é Alberto Feilhaber, um brasileiro. Que bom! Mais do
que isso: ele havia sido funcionário da Petrobras por 20 anos e se transferiu
para o escritório da Astra nos EUA. Quem preparou o papelório para o negócio
foi Nestor Cerveró, à frente da área internacional da Petrobras. Veja viu a
documentação. Fica evidente o objetivo de privilegiar os belgas em detrimento
dos interesses brasileiros. Cerveró é agora diretor financeiro da BR
Distribuidora.
4: A Pasadena Refining System Inc., cuja
metade a Petrobras comprou dos belgas a preço de ouro, vejam vocês!, não tinha
capacidade para refinar o petróleo brasileiro, considerado pesado. Para tanto,
seria preciso um investimento de mais US$ 1,5 bilhão! Belgas e brasileiros
dividiriam a conta, a menos que…
5: A menos que se desentendessem! Nesse caso,
a Petrobras se comprometia a comprar a metade dos belgas — aos quais havia
prometido uma remuneração de 6,9% ao ano, mesmo em um cenário de prejuízo!!!
6: E não é que o desentendimento aconteceu???
Sem acordo, os belgas decidiram executar o contrato e pediram pela sua parte,
prestem atenção, outros US$ 700 milhões. Ulalá! Isso foi em 2008. Lembrem-se de
que a estrovenga inteira lhes havia custado apenas US$ 45 milhões! Já haviam
passado metade do mico adiante por US$ 360 milhões e pediam mais US$ 700
milhões pela outra. Não é todo dia que aparecem ou otários ou malandros, certo?
7: É aí que entra a então ministra-chefe da
Casa Civil, Dilma Rousseff, então presidente do Conselho de Administração da
Petrobras. Ela acusou o absurdo da operação e deu uma esculhambada em Gabrielli
numa reunião. DEPOIS NUNCA MAIS TOCOU NO ASSUNTO.
8: A Petrobras se negou a pagar, e os belgas
foram à Justiça americana, que leva a sério a máxima do “pacta sunt servanda”.
Execute-se o contrato. A Petrobras teve de pagar, sim, em junho deste ano, não
mais US$ 700 milhões, mas US$ 839 milhões!!!
9: Depois de tomar na cabeça, a Petrobras
decidiu se livrar de uma refinaria velha, que, ademais, não serve para processar
o petróleo brasileiro. Foi ao mercado. Recebeu uma única proposta, da
multinacional americana Valero. O grupo topa pagar pela sucata toda US$ 180
milhões.
10: Isto mesmo: a Petrobras comprou metade da
Pasadena em 2006 por US$ 365 milhões; foi obrigada pela Justiça a ficar com a
outra metade por US$ 839 milhões e, agora, se quiser se livrar do prejuízo
operacional continuado, terá de se contentar com US$ 180 milhões. Trata-se de
um dos milagres da gestão Gabrielli: como transformar US$ 1,204 bilhão em US$
180 milhões; como reduzir um investimento à sua (quase) sétima parte.
11: Graça Foster, a atual presidente, não sabe
o que fazer. Se realizar o negócio, e só tem uma proposta, terá de incorporar
um espeto de mais de US$ 1 bilhão.
12: Diz o procurador do TCU Marinus Marsico:
“Tudo indica que a Petrobras fez concessões atípicas à Astra. Isso aconteceu em
pleno ano eleitoral”.
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