terça-feira, 10 de junho de 2014

depois da farra do crédito é a hora da ressaca da inadimplência

Brasília (AE) - Impulsionada por dívidas com bancos e serviços de telecomunicação, a inadimplência teve no mês passado o maior crescimento da série histórica, segundo dados da pesquisa da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) iniciada em 2010. Os atrasos de pagamento subiram 9,56% em maio na comparação com o mesmo mês do ano passado. Com o aumento, as entidades elevaram a projeção para a alta da inadimplência neste ano para 7,5%.

Em relação a abril, o número de pessoas físicas inadimplentes registradas na base de dados cresceu 1,38%. De acordo com as entidades, é possível estimar que 55,04 milhões de CPFs estavam registrados no serviço até o fim do mês passado. Cerca de 60% do crescimento da inadimplência em maio estava relacionado a bancos e empresas de comunicação. A participação das dívidas com bancos foi de 44,94% no mês passado, e a de telecomunicações, 14,28%.

“O número de assinantes de TV por assinatura cresceu 30% no ano passado. É possível que as pessoas não estivessem acostumadas com essa nova conta”, afirmou a economista do SPC Brasil Luiza Rodrigues.

Os consumidores também estão deixando de pagar contas de serviços como água, energia, esgoto e gás. Segundo as entidades, a participação desse tipo de dívida no total ainda não é expressivo, mas os atrasos cresceram 11,41% em relação a maio do ano passado.

Restrito
Cada pessoa física inadimplente tinha em média 2 dívidas no mês passado, um recuo em relação a abril e também a maio de 2013. O resultado mostra a continuidade do cenário mais restrito na área de crédito em todos os setores da economia, pois quem já está com problemas não consegue tomar novos empréstimos.

A economista mencionou ainda que as seguradoras cada vez mais consultam a situação do consumidor antes de fechar um seguro. “Isso porque a pessoa que é mais inadimplente tende a deixar o carro ser roubado para receber o valor do seguro.”

O aumento da taxa básica de juros é apontado como a principal causa da forte alta da inadimplência problema, pois a dificuldade para pagar dívidas e alongá-las é maior.

Prevendo uma piora no cenário macroeconômico, a CNDL e o SPC Brasil elevaram sua estimativa para o crescimento da inadimplência das pessoas físicas neste ano para 7,5% em relação ao ano passado. A expectativa anterior da CNDL era de uma alta entre 4,5% a 5%.

A projeção para as vendas no comércio também será revista. Segundo Luiza, as entidades devem reduzir sua previsão para o crescimento das vendas a prazo neste ano, atualmente em 3%.

“Os efeitos do aperto monetário já estão sendo sentidos, mas é bem provável que continuemos a ver uma piora. Quem está com dívida nas contas de água e telefone começa a ter dificuldade para tomar outros créditos, inclusive bancário”, disse. “Isso, num contexto de desaceleração da economia, é uma preocupação.”

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