O ritmo de vendas de ativos da Petrobras será mais forte do que o imaginado em 2016, disse nesta terça-feira o presidente da estatal, Aldemir Bendine. "Eu posso garantir a vocês que, em relação a 2016, eu acho que esse cumprimento daquilo que está estabelecido virá em velocidade maior do que se imagina. A gente não tem a mínima dúvida de que nós cumpriremos esses valores de desinvestimentos para 2016", afirmou em encontro de fim de ano com jornalistas no Rio de Janeiro. As vendas de ativos são parte importante dos esforços de redução do endividamento da companhia.
Bendine explicou ainda que não havia grandes expectativas para a realização de desinvestimentos significativos neste ano, já que 2015 seria uma fase de estruturação e seleção dos ativos que poderiam ser negociados. A Petrobras tem plano de desinvestimentos de 15,1 bilhões de dólares no biênio 2015-16, tendo realizado volumes relativamente pequenos neste ano.
Segundo o executivo, as condições para a venda de ativos estão dadas, considerando "as negociações em andamento". Ele destacou que a companhia terá sim um "grande desafio do equacionamento da dívida da empresa, que tem como caminho o desinvestimento". A melhoria de eficiência da empresa não será suficiente para trazer a dívida para um valor mais confortável, diz Bendine.
O presidente lembrou que a atual gestão da Petrobras, que assumiu há cerca de dez meses, está buscando a melhoria do perfil da dívida e também trouxe o caixa para condições mais confortáveis. Para o executivo, a empresa vai continuar no trabalho de captação de linhas mais atrativas, "reperfilando" sua dívida. Ele não entrou em detalhes ao falar sobre o assunto.
A empresa melhorou seu nível de alavancagem ao final do terceiro trimestre, apesar do crescimento da dívida, principalmente devido à desvalorização do real em relação ao dólar. A dívida na moeda americana é de cerca de 130 bilhões. De acordo com ele, o caixa da petroleira hoje está robusto para cumprir compromissos assumidos para 2016 e enfrentar sobressaltos não esperados.
"A gente recebeu por parte do mercado um voto de confiança muito grande", disse Bendine. "Nós antecipamos todas as captações possíveis para o ano, o que nos deu uma condição muito tranquila para passar o ano de 2015 e já deixar o ano de 2016 em uma situação completamente encaminhada."
Ao fazer um balanço sobre sua gestão até agora, Bendine frisou não ter dúvida de que o que foi planejado está ocorrendo "exatamente" como previsto. "O plano de negócios que a gente deve apresentar no início do ano, mais atualizado e mais maduro, fazendo frente a essa nova realidade que o mercado nos impôs, mostrará muito isso", disse.
Em referência à Operação Lava Jato, o presidente admitiu que a empresa atravessa desafios relacionados a "malfeitos" do passado e também aos baixos preços do petróleo no cenário internacional. De acordo com Bendine, a empresa sairá "muito mais madura e fortalecida" do atual momento. "Esperem uma empresa daqui a quatro anos de volta a um cenário positivo. Será uma empresa talvez menor do que ela já foi, mas, com certeza, muito mais rentável", frisou.
(Com agência Reuters)-VEJA
---------------------------------------------------------------------------------
A partir de 2016, a Petrobras deve diminuir a injeção de recursos no Rio Grande do Norte. De acordo com as projeções apresentadas pela empresa durante o III Fórum Estadual de Energia do Rio Grande do Norte, ontem, os investimentos devem cair de US$ 930 milhões aplicados neste ano para US$ 905 milhões no próximo ano e US$ 860 milhões a partir de 2017. Entretanto, para especialistas do setor, a redução de 7,5% faz parte de um plano de desinvestimentos da empresa em todo o país, agravado pela crise – com a Lava Jato e a queda do barril de petróleo – mas não representa a redução das atividades da petroleira em solo potiguar.
Na apresentação, o gerente geral da unidade operacional RN-Ceará da empresa, Tuerte Amaral, apontou uma redução gradativa, nos últimos anos, na produção dos campos potiguares, já maduros. Devido ao tempo de exploração – mais de 40 anos – a maioria dos campos potiguares precisa de investimentos mais altos, com injeção de vapor e água, para manter a geração. Em 2013, a média era de 59 mil barris de petróleo por dia, caindo para 56 mil barris neste ano. O declínio médio é de 6,7%, segundo a companhia. “A situação está mais ou menos controlada. Se nada tivéssemos feito, já estaríamos produzindo 40 mil barris por dia em vez de 56 mil”, explicou.
Ontem, durante a palestra, os representantes da empresa afirmaram que não há previsão de novas perfurações no RN no próximo ano. Eles garantiram, no entanto, a manutenção da estrutura já existente.
De acordo com Tuerte Amaral, a crise enfrentada pela empresa levou a um realinhamento dos investimentos. “Temos uma maior seletividade dos projetos que eles podem pagar. Mas a média de investimentos será a mesma de anos anteriores”, acrescentou.
Para Gutemberg Dias, presidente da Redepetro no RN – grupo formado por empresas prestadoras de serviço à empresa – a nova redução causará um impacto ainda maior à cadeia do petróleo no RN.
“Podemos considerar uma redução grande. Só em royalties Mossoró já teve uma queda de 43% nos últimos seis anos. E se há uma redução da produção, há uma queda dos royalties e da cadeia de petróleo e gás. Tínhamos 80 empresas que prestavam serviço, hoje temos apenas 40. A saída a curto prazo é que as empresas mudem de segmento, não dependam só da Petrobras”, avalia.
Tanto Dias quanto o presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Jorge Camargo, concordam que a Petrobras também deve abrir espaço para a concessão dos campos maduros para operação de empresas menores, mas não a saída da empresa do estado. “Uma empresa, para trabalhar em bacias maduras, precisa de redução de custos. Empresas menores são mais capazes de ter competitividade para isso, mas é uma decisão que cabe a ela [Petrobras]”, acrescentou Jorge.
Estudos e refinaria
Mesmo com a redução planejada nos investimentos, a Petrobras deve continuar tocando o plano de desenvolvimento exploratório do campo de Pitú, reserva de petróleo em águas profundas recém-descoberta no RN. Ainda não há previsão, porém, sobre quando a empresa finalizará os estudos sobre a capacidade de produção do poço.
O gerente da Refinaria Clara Camarão, David Paulino, também anunciou a ampliação em 100% da capacidade de produção de querosene de aviação no RN, saindo de 400 barris/dia para 800 barris/dia. De acordo com ele, a empresa investiu R$ 40 milhões na ampliação de uma das unidades de destilação, que passará a produzir diesel e QAV.
“A Petrobras só coloca dinheiro onde há retorno. Colocar investimento quando temos a concorrência de uma outra refinaria ao lado é muito difícil. Os técnicos usaram de criatividade, e vamos duplicar a capacidade sem precisar construir outra planta de refino”, assegurou. Com isso, a unidade passará a refinar 78% do petróleo produzido no RN. A ampliação para 100% já está sendo estudada, segundo o gerente. “Este investimento já está sendo maturado para o ano que vem”, assegurou.
Bate-papo - Jean-Paul Pratespresidente do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne-RN)
A Petrobras anunciou uma redução nos investimentos no Rio Grande do Norte. De que forma podemos analisar isso?
Eu reputo este corte aos ajustes feitos em diagonal em toda a empresa. Então não houve nem um corte tão substancial. Ouvimos falar de cortes e renegociação de contratos e áreas superior a 30%. Não considero tão drástico, então. O remanejamento é esperado, não só pelas questões que a empresa está passando, mas porque é natural que haja mais movimentação em termos de empresa ao pré-sal. O que não quer dizer que vá prejudicar as operações aqui. O que discutimos pela manhã é que há ações por parte do governo que podem ser fundamentais para a revitalização do setor. Uma delas é o de águas profundas que, em cinco anos, esperando o reaquecimento da economia e do petróleo, o começo de uma preparação para receber uma nova leva de fornecedores para atuar neste novo setor. Até lá, temos que trabalhar na retomada dos campos rasos que temos.
Ela pode diminuir um pouco o investimento em revitalização?
O investimento de revitalização é aquele com um grau um pouco maior quando é passível de estimulação. É difícil você forçar uma empresa a investir o mesmo real ou dólar num campo de 10 barris dia em vez de um campo com 30 mil barris dia.
Então é difícil o RN manter o interesse da Petrobras?
Não, eu acho que o interesse precisa ser explorado com outros argumentos, não só volumétrico. Por exemplo, a Petrobras tem uma participação estatal importante e social também. Sair do Rio Grande do Norte não é uma hipótese. Cancelar e diminuir os investimentos a um ponto de prejudicar o programa de produção também não é uma hipótese. Uma redução deste tipo é normal para o período que a empresa está passando.
Ontem, durante a palestra, os representantes da empresa afirmaram que não há previsão de novas perfurações no RN no próximo ano. Eles garantiram, no entanto, a manutenção da estrutura já existente.
De acordo com Tuerte Amaral, a crise enfrentada pela empresa levou a um realinhamento dos investimentos. “Temos uma maior seletividade dos projetos que eles podem pagar. Mas a média de investimentos será a mesma de anos anteriores”, acrescentou.
Para Gutemberg Dias, presidente da Redepetro no RN – grupo formado por empresas prestadoras de serviço à empresa – a nova redução causará um impacto ainda maior à cadeia do petróleo no RN.
“Podemos considerar uma redução grande. Só em royalties Mossoró já teve uma queda de 43% nos últimos seis anos. E se há uma redução da produção, há uma queda dos royalties e da cadeia de petróleo e gás. Tínhamos 80 empresas que prestavam serviço, hoje temos apenas 40. A saída a curto prazo é que as empresas mudem de segmento, não dependam só da Petrobras”, avalia.
Tanto Dias quanto o presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Jorge Camargo, concordam que a Petrobras também deve abrir espaço para a concessão dos campos maduros para operação de empresas menores, mas não a saída da empresa do estado. “Uma empresa, para trabalhar em bacias maduras, precisa de redução de custos. Empresas menores são mais capazes de ter competitividade para isso, mas é uma decisão que cabe a ela [Petrobras]”, acrescentou Jorge.
Estudos e refinaria
Mesmo com a redução planejada nos investimentos, a Petrobras deve continuar tocando o plano de desenvolvimento exploratório do campo de Pitú, reserva de petróleo em águas profundas recém-descoberta no RN. Ainda não há previsão, porém, sobre quando a empresa finalizará os estudos sobre a capacidade de produção do poço.
O gerente da Refinaria Clara Camarão, David Paulino, também anunciou a ampliação em 100% da capacidade de produção de querosene de aviação no RN, saindo de 400 barris/dia para 800 barris/dia. De acordo com ele, a empresa investiu R$ 40 milhões na ampliação de uma das unidades de destilação, que passará a produzir diesel e QAV.
“A Petrobras só coloca dinheiro onde há retorno. Colocar investimento quando temos a concorrência de uma outra refinaria ao lado é muito difícil. Os técnicos usaram de criatividade, e vamos duplicar a capacidade sem precisar construir outra planta de refino”, assegurou. Com isso, a unidade passará a refinar 78% do petróleo produzido no RN. A ampliação para 100% já está sendo estudada, segundo o gerente. “Este investimento já está sendo maturado para o ano que vem”, assegurou.
Bate-papo - Jean-Paul Pratespresidente do Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia (Cerne-RN)
A Petrobras anunciou uma redução nos investimentos no Rio Grande do Norte. De que forma podemos analisar isso?
Eu reputo este corte aos ajustes feitos em diagonal em toda a empresa. Então não houve nem um corte tão substancial. Ouvimos falar de cortes e renegociação de contratos e áreas superior a 30%. Não considero tão drástico, então. O remanejamento é esperado, não só pelas questões que a empresa está passando, mas porque é natural que haja mais movimentação em termos de empresa ao pré-sal. O que não quer dizer que vá prejudicar as operações aqui. O que discutimos pela manhã é que há ações por parte do governo que podem ser fundamentais para a revitalização do setor. Uma delas é o de águas profundas que, em cinco anos, esperando o reaquecimento da economia e do petróleo, o começo de uma preparação para receber uma nova leva de fornecedores para atuar neste novo setor. Até lá, temos que trabalhar na retomada dos campos rasos que temos.
Ela pode diminuir um pouco o investimento em revitalização?
O investimento de revitalização é aquele com um grau um pouco maior quando é passível de estimulação. É difícil você forçar uma empresa a investir o mesmo real ou dólar num campo de 10 barris dia em vez de um campo com 30 mil barris dia.
Então é difícil o RN manter o interesse da Petrobras?
Não, eu acho que o interesse precisa ser explorado com outros argumentos, não só volumétrico. Por exemplo, a Petrobras tem uma participação estatal importante e social também. Sair do Rio Grande do Norte não é uma hipótese. Cancelar e diminuir os investimentos a um ponto de prejudicar o programa de produção também não é uma hipótese. Uma redução deste tipo é normal para o período que a empresa está passando.
TRIBUNA DO NORTE
---------------------------------------------------------------------------------
As operações da Petrobras no RN serão reduzidas e tal movimento impactará, negativamente, a economia potiguar. A 'navalha' chegará ao osso e o trololó engajado, como se sabe, não terá quaisquer efeitos concretos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário