segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

BLOGS POLÍTICOS: Pregando para convertidos

Ninguém tem dúvida, ao menos no meio mais interessado no assunto, que a disputa política em vários municípios já está a pleno vapor... Em Pau dos Ferros a temperatura está altíssima.

É verdade que a disputa eleitoral (luta pelo voto) só ocorrerá no segundo semestre de 2016, mas a disputa política se exacerba a cada instante e um aspecto que tem assumido papel cada vez mais relevante no ‘jogo’ é a internet.

Reconheça-se que ainda tem papel limitado, em vista, principalmente, da exclusão digital e da apatia de parte significativa da sociedade em relação aos assuntos políticos.

BLOGS SOBRE POLÍTICA

De forma geral, os blogs sobre política não atraem muitos leitores, e, na maioria dos casos, os leitores possuem um alinhamento com o pensamento do autor, não promovendo um amplo debate político nos fóruns de comentários, criando o que Pippa Norris (2003) chamou de “pregando para convertidos”, isto é, a audiência e o debate ficam limitados as pessoas já interessadas no tema e que compartilham, geralmente, o mesmo posicionamento político do(a) blogueiro(a).

Contudo, mesmo trabalhando dentro de um universo restrito, as informações produzidas, muitas vezes criadas de forma colaborativa e interativa pelos blogueiros, têm uma rápida circulação, extrapolando os blogs, alcançando novos espaços dentro da própria web, e em alguns casos chegando aos veículos da mídia tradicional.

O que é blogosfera?
Segundo definição desenvolvida pelo Wikipedia  – enciclopédia livre e colaborativa da rede mundial de computadores – os blogs são sites de estrutura simples que permitem a atualização rápida de artigos, chamados de posts, que são organizados de forma cronológica inversa. Muitos deles fornecem fórum para debate, um espaço para outros usuários comentarem os posts.

Outra característica dos blogs é a formação de enlaces (links) entre eles  formando uma rede de autoreferência. É atividade comum nesse ambiente um blogueiro escrever (postar) em outro blog ou mesmo indicar a leitura deste em seu próprio espaço digital. O conjunto de blogs interconectados na world wide web (www) forma a blogosfera.

E o que vem a ser um blog de política?

Os blogs de política podem ser classificados quanto a localização ou quanto ao perfil do blogueiro. Tanto a localização do blog dentro do universo digital da Internet, como o perfil do autor (blogueiro) acabam por influenciar o tipo de conteúdo produzido, credibilidade e visibilidade. 

Podem estar localizados em portais de internet, sites de mídia tradicional, portais de partido político, em sítios de entidades da sociedade civil ou ser independentes (que não estão associados a nenhuma instituição, escrito geralmente por pessoas desconhecidas que se aproveitam da arquitetura aberta da web para publicar seus comentários sobre política).

O perfil do blogueiro pode ser dividido em quatro tipos: (a) blogs escritos por jornalistas (geralmente com maior popularidade e credibilidade), (b) escritos por políticos (atraem militantes e simpatizantes), (c) acadêmicos (professores, pesquisadores, escritores, etc.) e (d) por pessoas desconhecidas (alguns conseguem ganhar popularidade na web, contudo a maioria tem pouca audiência, e muito deles se caracterizam por formar comunidades próprias) (SANTOS; PENTEADO; ARAUJO, 2009).

É bom lembrar que o tipo de blog político mais comum em nossa região é aquele que é escrito por aficionados pelo assunto, não são jornalistas profissionais na acepção do termo. Assumem o papel de uma espécie de tribuna do povo, mas... Essencialmente, o tipo de blog de política que temos é um espaço para se emitir opiniões pessoais e na seara política é comum aquele que toma partido por um lado, necessariamente, acaba desagradando aos demais.

Outra característica muito comum, em nossa região, nos blogs sobre política é a parcialidade. A linha editorial do blog é totalmente favorável a determinado grupo político, mas não se assume tal posicionamento abertamente. Na verdade, tentam se apresentar como imparciais. O “engajamento” é tanto que boa parte não se sente constrangido em avançar nas searas pessoal e/ou familiar dos desafetos, pois o importante é fazer o “diabo” para merecer o pagamento pelo serviço.

O FILTRO
É necessário compreender o papel que os blogs exercem na divulgação de informações (boas e ruins)... O filtro quem deve fazer é o leitor.

A informação sendo considerada boa, o blog ganha mais acessos e prestígio... Sendo considerada uma leitura desagradável, o blog perde acessos, mas o dono continuará tendo seu espaço para emitir as opiniões que bem desejar e nos casos daqueles que prestam serviços ao gosto do contratante é sempre possível encontrar aqueles que estão dispostos a pagar.

O limite?
O único freio existente é a Lei. Respeitando-se os direitos alheios, tem-se espaço para tudo e para todos.

E quando é que a audiência dos blogs de política aumenta?
A audiência dos blogs de política aumenta quando do acontecimento de escândalos políticos, como a “crise do Mensalão” (ALDÉ et al, 2007) ou então nos períodos eleitorais, momento no qual o tema das eleições ganha mais espaço na vida cotidiana do cidadão comum (geralmente não muito interessado pelo assunto). A campanha eleitoral traz à tona o tema da política mobilizando os eleitores em torno de seus candidatos.

Nesse período, a blogosfera acaba por se transformar em um espaço de debate político onde os candidatos e seus simpatizantes vão distribuir informações políticas, agitando a competição eleitoral.
Então é certo que a aproximação do embate eleitoral produzirá mais acirramento e polêmica na blogosfera.

Com trechos e adaptações do texto “blogosfera e o debate político” de Claudio Luís de Camargo Penteado.

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