domingo, 28 de fevereiro de 2016

RN: a conta chegou e é salgada


O quadro atual do Rio Grande do Norte é preocupante e as previsões, embora falíveis, não são animadoras.

A economia mundial passa por mudanças, com tendências razoavelmente delineadas, mas com consequências e extensão difíceis de serem mensuradas.

Todos acompanham, com grande expectativa, a desaceleração da economia chinesa, o fim do ciclo das commodities, em especial, a queda dos preços do barril de petróleo, a derrocada da economia brasileira, os solavancos na zona do Euro, inclusive os desdobramentos imprevisíveis da crise dos refugiados e a permanente instabilidade no Oriente Médio.

O caos na economia mundial só não é maior por que a economia americana ensaia a retomada do crescimento, mas é evidente que a situação não está propícia para amadores.

O mar revolto da economia mundial não permite a formulação de expectativas muito favoráveis para a atração de capitais externos expressivos, especialmente para a realização de novos projetos. O que entra é para aquisição de empresas que se encontram em dificuldades e ficaram baratas pela desvalorização do Real.

A crise econômica severa que o país enfrenta não será resolvida pela atração de capitais externos. Temos que fazer o dever de casa e aí a coisa complica mais um “pouquinho”, tendo em vista que a crise econômica se soma a crise política. O governo a quem cabe executar a política econômica tem que se esforçar para se manter no poder.

Economia em frangalhos e um ambiente político conturbado que mantem o governo nas cordas.

É neste macroambiente que o “pobre” Rio Grande do Norte se insere, mas se enganam aqueles que consideram que todos os problemas que afligem o povo e o governo teriam origem externa.

O governo brasileiro coloca a “culpa” na economia internacional, mas fez o “diabo” para cavar o buraco em que se encontra o país. A crise é o resultado das escolhas e decisões tomadas no passado.

Por aqui a situação deplorável não é culpa apenas do macroambiente hostil, mas fundamentalmente pelas escolhas e decisões tomadas no passado.

A ampliação significativa da arrecadação tributária e as facilidades para conseguir financiamentos e empréstimos mascararam os erros cometidos. A abundância de recursos não permitiu que a sociedade “enxergasse” os equívocos cometidos por diversos governantes. O desperdício, a falta de gestão e até a corrupção ficaram encobertos, mas o tempo das “vacas magras” chegou e a conta salgada, sempre, é o povo que paga.

Os governantes agiram como a cigarra imprevidente que, no período da primavera, só queria saber de “tocar e cantar” enquanto as formigas trabalhavam para acumularem recursos e sobreviverem a dureza do inverno.

Na economia a crise sempre vem, assim como é certo que na sucessão das estações o inverno sempre chega e a cigarra morre congelada.

Felizmente não iremos morrer congelados, mas temos que pagar a conta do festim das cigarras, digo, governantes. Para não alongar muito o texto cito apenas alguns exemplos do folguedo com o dinheiro público:

- A ideia brilhante de sediar jogos da copa e construir um estádio incompatível com o estágio dos clubes locais. Antes da concepção já se sabia que seria um “elefante branco”;

- O crescimento exuberante dos gastos de custeio da máquina pública, cujo exemplo mais visível é a situação da Assembleia Legislativa que tem mais cargos comissionados do que a população de alguns municípios do estado;


- A terceirização de serviços e o sucateamento gradativo de setores essenciais da máquina pública. Os governantes foram criando serviços, quase todos, dependentes de contratos de terceirização e fizeram tal prática se tornar rotina na administração. Locação de veículos e pessoal se tornou um sumidouro de recursos públicos.

A conta chegou!

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