O quadro atual
do Rio Grande do Norte é preocupante e as previsões, embora falíveis, não são animadoras.
A economia
mundial passa por mudanças, com tendências razoavelmente delineadas, mas com consequências
e extensão difíceis de serem mensuradas.
Todos acompanham,
com grande expectativa, a desaceleração da economia chinesa, o fim do ciclo das
commodities, em especial, a queda dos preços do barril de petróleo, a derrocada
da economia brasileira, os solavancos na zona do Euro, inclusive os
desdobramentos imprevisíveis da crise dos refugiados e a permanente
instabilidade no Oriente Médio.
O caos na
economia mundial só não é maior por que a economia americana ensaia a retomada
do crescimento, mas é evidente que a situação não está propícia para amadores.
O mar
revolto da economia mundial não permite a formulação de expectativas muito favoráveis
para a atração de capitais externos expressivos, especialmente para a
realização de novos projetos. O que entra é para aquisição de empresas que se
encontram em dificuldades e ficaram baratas pela desvalorização do Real.
A crise econômica
severa que o país enfrenta não será resolvida pela atração de capitais
externos. Temos que fazer o dever de casa e aí a coisa complica mais um “pouquinho”,
tendo em vista que a crise econômica se soma a crise política. O governo a quem
cabe executar a política econômica tem que se esforçar para se manter no poder.
Economia em
frangalhos e um ambiente político conturbado que mantem o governo nas cordas.
É neste
macroambiente que o “pobre” Rio Grande do Norte se insere, mas se enganam
aqueles que consideram que todos os problemas que afligem o povo e o governo teriam origem externa.
O governo
brasileiro coloca a “culpa” na economia internacional, mas fez o “diabo” para
cavar o buraco em que se encontra o país. A crise é o resultado das escolhas e decisões
tomadas no passado.
Por aqui a
situação deplorável não é culpa apenas do macroambiente hostil, mas
fundamentalmente pelas escolhas e decisões tomadas no passado.
A ampliação
significativa da arrecadação tributária e as facilidades para conseguir financiamentos
e empréstimos mascararam os erros cometidos. A abundância de recursos não permitiu
que a sociedade “enxergasse” os equívocos cometidos por diversos governantes. O
desperdício, a falta de gestão e até a corrupção ficaram encobertos, mas o
tempo das “vacas magras” chegou e a conta salgada, sempre, é o povo que paga.
Os governantes
agiram como a cigarra imprevidente que, no período da primavera, só queria saber
de “tocar e cantar” enquanto as formigas trabalhavam para acumularem recursos e
sobreviverem a dureza do inverno.
Na economia
a crise sempre vem, assim como é certo que na sucessão das estações o inverno
sempre chega e a cigarra morre congelada.
Felizmente não
iremos morrer congelados, mas temos que pagar a conta do festim das cigarras,
digo, governantes. Para não alongar muito o texto cito apenas alguns exemplos
do folguedo com o dinheiro público:
- A ideia
brilhante de sediar jogos da copa e construir um estádio incompatível com o
estágio dos clubes locais. Antes da concepção já se sabia que seria um “elefante
branco”;
- O
crescimento exuberante dos gastos de custeio da máquina pública, cujo exemplo mais visível é a
situação da Assembleia Legislativa que tem mais cargos comissionados do que a
população de alguns municípios do estado;
- A
terceirização de serviços e o sucateamento gradativo de setores essenciais da
máquina pública. Os governantes foram criando serviços, quase todos,
dependentes de contratos de terceirização e fizeram tal prática se tornar
rotina na administração. Locação de veículos e pessoal se tornou um sumidouro
de recursos públicos.
A conta chegou!
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