sábado, 7 de maio de 2016

FUTEBOL BRASILEIRO: Clubes terminaram 2015 com rombo de R$ 433 milhões.

primeira divisão do futebol brasileiro chegou a R$ 3,6 bilhões em faturamento em 2015, recorde histórico, mesmo com a crise econômica que achata o país. Nem por isso os clubes conseguiram fechar as contas. Na soma dos superávits e déficits do Campeonato Brasileiro, há um rombo de pelo menos R$ 433 milhões.
Há bons exemplos. Atlético-PR, Flamengo e Goiás tiveram superávits acima de R$ 25 milhões. Palmeiras, Vasco, Figueirense, Chapecoense e Ponte Preta empataram em zero a zero, com superávits entre R$ 500 mil e R$ 10 milhões – como time de futebol existe para ganhar títulos, não para dar lucro, não há nada de errado com o quinteto. O problema é que, na parte de baixo de tabela, os prejuízos são gordos.
São Paulo, Grêmio, Corinthians e Santos tiveram, cada, mais de R$ 70 milhões em déficit. Todos vinham de prejuízos em temporadas anteriores e continuaram a gastar mais do que arrecadam.
O drama desses clubes é que, diferente da tabela do campeonato, as finanças não zeram. Quem terminou o ano no vermelho teve de tomar empréstimos ou deixar alguém sem receber. De um jeito, quem cobra é o banco. Do outro, o credor na Justiça. O endividamento aumenta, vira bola de neve e detona o fluxo de caixa. O clube passa a destinar, por conta própria ou à força, por causa de execuções e penhoras, as receitas que tem a receber para dívidas.
Uma hora ou outra, a conta chega.
Profut
O cálculo feito por ÉPOCA para somar superávits e déficits levou em consideração valores do Profut, a lei federal que permitiu aos clubes renegociar dívidas fiscais. Explica-se. Ao aderir ao programa, dirigentes puderam alongar o pagamento dessas dívidas em até 20 anos e descontar percentuais de multas, juros e encargos legais.
Digamos que você, torcedor, tivesse R$ 100 mil em dívidas por impostos não pagos. Ao renegociar com o governo, você consegue parcelar e descontar R$ 20 mil em multas, juros e encargos legais e manter R$ 80 mil devidos. Nas suas demonstrações financeiras, ao fim do ano, esses R$ 20 mil precisam ser informados no seu exercício. Eles não podem apenas desaparecer do endividamento. Você os coloca, então, como receita financeira. Os R$ 20 mil nunca entraram na sua conta bancária. Eles não existem no sentido prático, mas existem no contábil. Assim fizeram os clubes em 2015.
Flamengo e Vasco informaram superávits de R$ 118,8 milhões e R$ 119,8 milhões. Os rubro-negros conseguiram R$ 91 milhões em desconto na dívida fiscal por meio do Profut, e os cruzmaltinos, R$ 113,5 milhões. Os valores foram informados pelos próprios clubes nos balanços financeiros publicados neste ano. Como esses números foram abatidos do endividamento, eles precisam estar no documento. Não há nada errado nisso. Mas também precisam ser desconsiderados na hora de avaliar a saúde financeira dos clubes.
ÉPOCA subtraiu os valores informados pelos clubes como descontos de Profut. Vale ressaltar que nem todos foram transparentes. Dos 20 clubes da elite, 12 destacaram os descontos nos documentos, mas nove não o fizeram – alguns, como a Ponte Preta, escreveram que não conseguiram consolidar os números em tempo. O Palmeiras não aderiu ao programa. Isso indica que o rombo nas contas dos clubes pode ter sido ainda maior do que R$ 433 milhões.
O rombo nas contas dos clubes da primeira divisão em 2015 (Foto: Arte ÉPOCA)
ÉPOCA

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