É bem antiga a notícia da existência de gado no Rio Grande, como era conhecida
a Capitania. Veio principalmente de Pernambuco e da Paraíba, tangidos pelos
colonizadores que pretendiam se fixar na região. Viajavam em comboios, tangendo
gado e fincando nos tabuleiros o sinal de posse.
A primeira sesmaria concedida, data de 09 de janeiro de 1600.
O beneficiado foi João Rodrigues Colaço, que usou a terra recebida para a
criação de gado, roçaria de milho, mandioca e feijão, conforme ficou documentado.
Com a existência de bons pastos, o gado que aqui chegava se
multiplicava facilmente. Em 1630, Adriano Verdonck descrevia os arredores de
Natal: “... Nesta região do Rio Grande há em quantidade e abundância gado, em
muitos lugares porcos e em geral muitas galinhas. As pastagens são ali
excelentes e os habitantes não têm outra riqueza senão o gado com que fazem
muito dinheiro.\" Em 1633, o rebanho de gado Norte-rio-grandense era
calculado em 20.000 cabeças. Depois de 1654, começou a penetração para o
sertão. Atingem o Açu e ribeira do Upanema. Também vinha gado do Jaguaribe para
as regiões planas de Mossoró, se espalhando para a Chapada do Apodi e vales
cobertos de carnaúbas.
Como o gado era criado solto, era comum que vaqueiros entrassem
mato adentro, na procura de rezes perdidas. Era comum também que nessas
entradas, encontrassem pastagens novas e águas, o que ajudava a alargar ainda
mais a penetração na terra desconhecida. Muitas cidades surgiram assim. Os
velhos currais de gado foram os alicerces das futuras cidades. Dessa forma, a
fazenda de gado foi de alguma forma, um processo de povoamento.
A pecuária fornecia tanto carne para a alimentação, como
animal de tração e carga. O boi era usado para tracionar os moinhos de
cana-de-açúcar nos engenhos, o cultivador na lavoura, o carro de boi para
transportar todo tipo de carga, etc. O boi substituía o trabalho escravo, sendo
mais barato e mais fácil de obter, devendo substituí-lo sempre que possível.
Durante o Domínio holandês, especialmente entre 1633 e 1654,
o maior fornecimento de rezes para o consumo era feito pelos criadores de gado
do Rio Grande. Em 1635 os conselheiros políticos exaltaram a conquista final
desta capitania, como um benefício inestimável. Sem o Rio Grande, os soldados
holandeses tão miseravelmente tratados, ficariam condenados a morrer de fome.
Sem o Rio Grande, a alimentação da população de Pernambuco, em constante
crescimento, seria uma coisa impossível. O Rio Grande era, portanto, a única
região de onde se recebiam quantidades ponderáveis de farinha de mandioca e
gado, tanto para os engenhos, como para a alimentação, atenuando as péssimas
condições de vida para os moradores do Recife, no que diz respeito à
alimentação.
O período de ocupação holandesa no Rio Grande do Norte foi de
destruição, de aniquilamento, de martírio. Quando de sua expulsão, a Capitania
estava arrasada. A população branca havia praticamente desaparecido, plantios e
gado tudo havia sido destruído.
A recuperação da Capitania foi muito lenta. Mas a pecuária
continuou sendo a principal ocupação dos seus habitantes.
Pelo Censo de 1992, o Estado do Rio Grande do Norte tinha um
efetivo de 929.910 cabeças de gado, assim distribuídos: Zona do Litoral
Oriental, 118.389; Zona do Litoral Norte, 86.426; Zona do Agreste, 185,102;
Zona de Currais Novos, 39,991; Zona de Caicó, 110,470; Zona das Serras
Centrais, 64,624; Zona do Alto Apodi, 157,387; Zona Mossoroense, 167,521.
blog Geraldo Maia
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