A irrigação no Nordeste apresenta-se como alternativa para contrapor aos efeitos das crises
nas atividades tradicionais do setor agrário. Baseado nesta premissa o Governo do Estado de
Sergipe implantou na década de oitenta diversos perímetros irrigados, visando o
desenvolvimento da região semiárida, com o intuito de aumentar a qualidade de vida dos
habitantes mediante o aproveitamento do potencial agrícola demonstrado pelo clima, solo e
disponibilidade de água para a irrigação.
Não obstante, estes projetos não lograram o êxito
planejado, por razões diversas. Desta forma, este trabalho tem como objetivo analisar o perfil
social e a produção agrícola do perímetro irrigado Califórnia, localizado nos municípios de
Canindé do São Francisco e Poço Redondo, no extremo noroeste do Estado, no semiárido
nordestino.
Para isto, realizaram-se levantamentos bibliográficos, análises documentais,
entrevistas semiestruturadas com aplicação de questionários ao público técnico da
administração local e a irrigantes, buscando informações sobre o tipo de produção agrícola,
aspectos sociais, econômicos e ambientais.
A pesquisa mostra que condução da água
encontra-se com problemas técnicos especialmente nas estações elevatórias acarretando na
falta de água para irrigação das culturas agrícolas. A produção agrícola mostra-se
diversificada, mas com concentração na cultura do quiabo, que predomina na maioria dos
lotes, por ter mercado garantido.
A assistência técnica é motivo de insatisfação, apontada na
pesquisa de campo. O perfil dos irrigantes evidencia que a maior parte fixou-se na região a
partir dos anos 2000, e tinham tradição cultural no setor primário da economia, além disso,
aponta que entre as medidas sociais adotadas, a bolsa família é uma política pública
importante e de visibilidade local.
Tais considerações apontam para a necessidade de
problematizar as políticas desenvolvimentistas do semiárido nordestino, especialmente as
ações direcionadas a melhoria dos perímetros irrigados.
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