No último dia 31 de outubro, a comunidade acadêmica da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, a exemplo de toda a sociedade potiguar, foi surpreendida com a proposta de privatização da instituição, verbalizada pelo presidente do Tribunal de Justiça do RN, desembargador Cláudio Santos, durante entrevista ao jornal RN TV.
Em nota assinada pelo reitor Pedro Fernandes Ribeiro Neto e subscrita por toda a comunidade acadêmica, estudantes, servidores e dirigentes da UERN demonstraram indignação e caracterizaram a proposta de privatização da instituição como um improviso gerencial sem lastro jurídico, social nem econômico.
Se é verdade que o Rio Grande do Norte – assim como a maioria dos Estados do Nordeste, Norte e Centro-Oeste – atravessa uma grave crise fiscal e tem dificuldade de pagar o funcionalismo em dia, também é verdade que a solução para a crise não passa pela privatização de uma universidade pública que, há mais de 48 anos, vem interiorizando o ensino superior no Rio Grande do Norte e formando profissionais qualificados nas mais diversas áreas do conhecimento, seja em nível de graduação ou de pós-graduação.
A UERN possui mais de 15 mil estudantes, ofertando 83 cursos de graduação em 06 campi e 11 núcleos acadêmicos espalhados pelo estado. Somente no Campus Central de Mossoró são ofertados doze programas de pós-graduação. A UERN é um grande patrimônio da população do Rio Grande do Norte, extremamente importante ao desenvolvimento econômico e social do nosso estado.
Privatizar a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte também seria um imenso retrocesso no que diz respeito à democratização do acesso ao ensino superior nas mais diversas regiões do Estado. Ao lado UFRN, da UFERSA e do IFRN, a UERN contribui imensamente para o processo de interiorização da universidade pública, permitindo que os estudantes não tenham de abandonar suas regiões para estudar longe de casa e facilitando a fixação dos profissionais no interior do Estado após a formação.
A saída para a crise fiscal que afeta o Rio Grande do Norte e demais estados das regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste passa pela cobrança do governo federal, que defende um projeto injusto de renegociação das dívidas estaduais. Além de penalizar os servidores e os serviços públicos, essa proposta só atende os estados mais ricos e endividados que estão nas regiões Sul e Sudeste e, por outro lado, é completamente omisso quanto às providências para amenizar a crise que afeta Nordeste, Norte e Centro-Oeste.
Após participar de audiência, provocada pelo Fórum Estadual dos Servidores do RN, formalizei uma solicitação junto ao presidente do Senado, Renan Calheiros, para que a exemplo dos Governadores, os presidentes das assembleias legislativas dos estados que mais necessitam de uma ajuda emergencial também fossem recebidos por aquela que é a chamada Casa da Federação. Esperamos que essa iniciativa, somada às demais, seja capaz de pressionar o governo federal a tomar medidas de combate à crise, do contrário vamos testemunhar o colapso dos serviços públicos no Rio Grande do Norte e em diversos estados brasileiros.
JORNAL NOVO
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