quarta-feira, 8 de novembro de 2017

A 'CRISE' POTIGUAR E A SITUAÇÃO DO FUNCIONALISMO PÚBLICO ESTADUAL



Para o editor do blog do BG o funcionalismo potiguar vem sendo tratado com generosidade. É provável que algum segmento esteja numa situação confortável, mas a generalização não é adequada.


Boa parte dos servidores vem sofrendo com atrasos sistemáticos no recebimento dos salários e isso dificulta sobremaneira a vida: atrasos nas contas, pagamento de juros, dívidas, comprometimento da qualidade de vida, etc.

Muitas categorias não tiveram a reparação das perdas salariais provocadas pela inflação de alguns passados e isso corresponde ao empobrecimento.

Outro ponto que não mereceu reflexão do editor é o sucateamento de parte da máquina pública. Os servidores sofrem com a falta de condições para realização das atividades. É possível imaginar o estresse de um policial que tem que trabalhar com um colete que não se sabe se o protegerá contra balas? Além da área da segurança é do conhecimento geral que muitos hospitais não dispõem do mínimo necessário para oferecer atendimento digno, também a educação não tem melhor sorte...

Como é possível desconsiderar tais aspectos?

Não oferecer condições mínimas de trabalho é mimo?

Não pagar pelo trabalho realizado é generosidade?

O editor considera 'justo' manter a propaganda da CAERN sem receber por tal serviço?

A única razão para o atraso de salários é o 'tratamento benevolente' concedido pelo governo ao servidor público estadual?
- As desonerações fiscais generosas oferecidas pelos governantes não merecem considerações?
- Qual é o tamanho da Dívida Ativa do RN? 6 bilhões?
- Obras mirabolantes como o Arena das Dunas não deveriam ser consideradas na análise?
- Superfaturamento de obras e contratos em geral? Nada? Corrupção? Utilização de órgãos públicos para servir interesses escusos (vide casos que ocorreram no IPEM/RN, IDEMA, etc.)?

Não é adequado colocar tudo na conta do servidor.

Leia:

A prodigalidade com que o funcionalismo público vem sendo tratado no Brasil e, especificamente, no Rio Grande do Norte apresenta agora a fatura à sociedade potiguar: que se vê diante de um serviço público mimado e que espera que o Estado atenda a todas as suas reivindicações.
Não há outra razão para os atrasos salariais senão esse benevolente tratamento que, por anos e anos, permitiu que parte dos servidores públicos vivessem um contexto divorciado da realidade financeira do Rio Grande do Norte, que gentilmente concedeu planos de carreiras e aumentos incompatíveis com a produção de riquezas principalmente em períodos pré-eleitorais.
Avolumam-se, agora, reivindicações egoístas que beiram a esquizofrenia. Algumas, contudo, já tendo rompido a barreira do devaneio, desembocam muito escancaradamente no oportunismo político, caso especificamente do DETRAN.
A notícia de que os servidores da autarquia de trânsito, que recebem seus salários antes do fim do mês, anunciaram paralisação é um caso para ser pensado a partir dos consultórios do Hospital João Machado. Ou padecem esses servidores de sanidade ou se embriagam de petulância política. Ou ambos.
A individualidade desse tipo de reivindicação expõe o caráter egoísta de movimentos que cresceram à sombra da irresponsabilidade com a coisa pública por anos em nosso Estado, o que se refletiu no permanente descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal na última década.
Nunca se tratou de uma luta por ajustes igualitários para todos, mas de um combate para garantir que o Estado atenda, tal qual o filho mimado, às próprias suas questões. Esse perverso combate se mostra ainda mais escancarado no terreno das categorias que se anabolizaram drenando do Estado além do que precisam.
Pois, na esteira desse pensamento, como é possível conceber que o Poder Judiciário entregue a juízes R$ 40 milhões de reais a título de auxílio-moradia nesses tempos nebulosos em que policiais militares batem à porta da Governadoria reivindicando seus salários?
Em que realidade vivem os deputados que não votam o pacote de ajuste financeiro enviado à Assembleia Legislativa mas que se dispõem a fixar auxílio-moradia para juízes residentes na capital do Estado?
O que se passa na cabeça de promotores que ja pensam em seguir o exemplo da magistratura e requerer auxílio-moradia retroativo?
Chegamos ao ponto em que é notável que a fidalguia financeira no serviço público não é compatível com o que podemos pagar. Mas o grito de esperneio não vai cessar até quem se mudem os caciques do funcionalismo público a se arejem as ideias do trato com a coisa pública.
Até lá, continuaremos assistindo a mudança de tribos, mas sem os caciques perderem o penacho.

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