domingo, 30 de dezembro de 2018

A SITUAÇÃO DA CAERN

DO AGORA RN:

Um déficit nas contas de aproximadamente R$ 300 milhões e o desperdício de água que pode ser de 54% quando comparado com o que é distribuído. Esses dois dados preocupantes são algumas das informações repassadas pelo futuro presidente da Companhia de Águas e Esgoto do Rio Grande do Norte (Caern), Roberto Linhares, à governadora eleita Fátima Bezerra (PT).
Integrante da equipe de transição, Linhares detalhou que a Caern tem, atualmente, 2.283 empregados, está presente em 152 municípios do Estado e precisa melhorar seus resultados.
Na avaliação de Roberto Linhares, é preciso ficar claro que a empresa não será privatizada. “A água é uma questão estratégica, tem que ficar nas mãos do Estado e não deve ir para grupos empresariais nacionais, nem tampouco internacionais”, disse. “Sou contra essa questão e sabemos que a governadora também é”, completou o futuro auxiliar do Governo.
Ainda de acordo com ele, “a Caern será restruturada, se reinventará e se tornará ainda mais estratégica”. “A empresa se tornará lucrativa”, assegurou. Linhares, que foi superintendente da Caixa Econômica no RN, analisou que “os recursos hídricos [que em muitos municípios são escassos] serão tratados de forma ambientalmente correta e o desperdício será combatido”.
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NOTA DA EMPRESA:
Caern esclarece déficit apresentado pela imprensa

Redação - ACS Caern

A Caern esclarece que o déficit informado, através da imprensa, corresponde ao prejuízo acumulado desde a sua criação. O valor do déficit em 31/12/17, conforme Balanço Financeiro, é de R$291 milhões. Esse mesmo dado em 31/12/12 correspondia a R$323 milhões. Apesar da grave crise hídrica sofrida pelo nosso Estado, a CAERN vem tendo balanços positivos nos últimos anos, o que é demonstrado com a redução do déficit histórico da Companhia.  Nos últimos cinco anos a Companhia teve uma recuperação de R$ 32 milhões, com perspectiva de melhoras nos anos seguintes.

É possível afirmar que a Companhia teve uma recuperação financeira nos últimos anos, resultado de uma gestão séria e comprometida com o bem público.  Além disso, o advento da Lei 11.445, conhecida como Marco Regulatório do Saneamento, e os estudos tarifários desenvolvidos pela Companhia proporcionaram o equilíbrio financeiro da empresa.

Ainda sobre a Companhia é válido destacar que a empresa, atualmente, independe de repasses do Governo do Estado para a sua sobrevivência, sendo, portanto, autossuficiente. A Caern tem feito, com recursos próprios, investimento em todo o Estado. A empresa lembra que segundo análises das revistas Exame e Época Negócios está entre as maiores e bem conceituadas do país.

PERDAS 

A empresa informa que o percentual de 54% de perdas de água inclui não apenas as perdas físicas, em vazamentos, mas as perdas não físicas, através de ligações clandestinas ou falta de micromedição. 
Assim, não é possível associar as perdas com o desperdício de água. Esse percentual está dentro da média nacional
A Companhia ressalta ainda que tem feito constantes investimentos para reduzir este percentual com a implantação e substituição de micromedidores, troca de redes e investimento em novos equipamentos.
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Segundo relatório da ONU:
"O relatório aponta ainda que, em 2016, o Brasil desperdiçou 38% da água potável, o maior número em relação aos quatro anos anteriores." (AQUI)
Considerando tal parâmetro, tem-se que o percentual da CAERN é bem maior: 16% acima do verificado no Brasil.
Desperdiçar 54% da água é um índice escandaloso.
Mesmo que não sejam apenas perdas físicas, constituem-se em perdas comerciais. Ademais representam:
Maior custo de insumos químicos e de energia elétrica para bombeamento;
Maior manutenção da rede e de equipamentos;
Desnecessário uso da capacidade de produção e distribuição;
Desnecessária pressão sobre as fontes de água para abastecimento.
Fica a impressão que a empresa conseguiu se tornar autossuficiente com a política de majoração de tarifas e não por ganhos de eficiência e eficácia.
Aliás, outro expediente 'heterodoxo' utilizado pela empresa deve 'ajudar' na autossuficiência. Refiro-me a cobrança de uma tarifa mínima de 10m³ mesmo que os consumidores não tenham utilizado nem 1m³. Situação que se tornou bastante comum nos municípios afetados pela escassez hídrica.

Sobre este trecho: "a CAERN vem tendo balanços positivos nos últimos anos", tem-se que no biênio 2015-16 a empresa teve prejuízo de R$ 27,9 milhões (AQUI).

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