O tema desenvolvimento rural passou a permear e determinar expectativas e disputas sociais desde os últimos 60 anos. A noção que se tinha de desenvolvimento rural certamente foi moldada nessa época e, no Brasil, já nos anos de 1970, um conjunto [de] programas foi implementado nas regiões mais pobres sob a condução dos governos militares.
No Brasil, autores comentam sobre o tamanho do País, suas riquezas naturais e a subnutrição e fome de dezenas de milhões de seus habitantes. A solução de Sen apud Filho (2005) seria, além de uma melhor distribuição de renda social, e a realização de uma distribuição de títulos de propriedade (terra e moradia) para melhor inserção no sistema produtivo. A falta de terras seria um fator que excluiria agricultores da atividade agrícola.
Nas décadas de 1950 e 1960, acreditou-se que todas as sociedades, seguindo determinados estágios históricos, também atingiriam o desenvolvimento e o crescimento econômico. Para isso, deveriam reestruturar sua cultura para chegar a um “padrão” mais modernizado (NANDY, 2000). Percebe-se, no entanto, que essa visão desenvolvimentista utópica serviu para justificar determinadas ações futuras.
Desenvolvimento
Na Segunda Guerra Mundial, houve investimentos nos países subdesenvolvidos, no qual foi percebido que nesses locais havia muita matéria-prima, mas faltava capital e tecnologia (SHIVA, 2000). Com essa premissa, deveria ser necessário ocorrer também o desenvolvimento dos seres humanos que, teoricamente, seriam considerados seres inferiores.
A invenção do termo subdesenvolvimento se deu, praticamente, em 20 de janeiro de 1949, quando o então presidente dos Estados Unidos Harry S. Truman, em seu discurso de posse disse que seria necessário levar avanços científicos e progresso industrial para áreas subdesenvolvidas. Ao utilizar o termo subdesenvolvimento, Truman não só deu novo significado ao termo desenvolvimento, como também colocou dois bilhões de pessoas pertencentes a países subdesenvolvidos em uma situação de inferioridade. Esse termo sofreu modificações ao longo do tempo, e praticamente, foi reduzido a um mero crescimento de renda per capita nos locais considerados subdesenvolvidos (ESTEVA, 2000). Dessa forma, ocorre a legitimação do termo subdesenvolvimento e um novo sentido ao desenvolvimento.
Seguindo a tendência desenvolvimentista, Furtado (1996) coloca que o atual modelo de desenvolvimento econômico que foi adotado como padrão mundial foi gerador de desequilíbrios tanto no lado da riqueza quanto da miséria, da degradação ambiental e da poluição que vem aumentando dia-a-dia. Esse desenvolvimento é visto como um mito, tornando-se uma ferramenta de dominação de países desenvolvidos contra países em desenvolvimento, pois, o tão esperado desenvolvimento dificilmente se concretizará. Nessa perspectiva, surge a idéia do Desenvolvimento Sustentável, buscando conciliar a área econômica com o bem estar social e a preservação ambiental.
Filho (2005) comenta que existe um consenso entre as críticas atuais sobre a economia ambiental e economia ecológica, dizendo que não se pode fazer correlação direta entre crescimento da interação econômica nas nações devido à complexidade do sistema econômico, do homem e do meio ambiente. Segundo o autor, o discurso desenvolvimentista de crescimento econômico para todas as nações é algo que ficou no passado.
Kliksberg (2000) questiona o desenvolvimento da América Latina, cujos modelos convencionais de análise dos problemas não são suficientes para a superação das altas taxas de pobreza. Nesse local estariam as maiores desigualdades do mundo, visto que as altas taxas de pobreza na década de 1990, cerca de 50% da população, cairiam pela metade se houvesse uma melhor distribuição de renda.
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