O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) lançou, em junho de 2017, a publicação intitulada “Divisão Regional do Brasil em Regiões Geográficas Imediatas e Regiões Geográficas Intermediárias 2017”.
Neste trabalho, o órgão atualiza as articulações da rede urbana brasileira e tem como objetivo “subsidiar o planejamento e gestão de políticas públicas em níveis federal e estadual e disponibilizar recortes para divulgação dos dados estatísticos e geocientíficos do IBGE para os próximos dez anos”.
Este post traz alguns dos principais apontamentos da nova divisão regional estabelecida.
De acordo com a página da publicação, historicamente, a divisão regional do Brasil tem sido proposta e atualizada pelo IBGE desde a década de 1940, que, à época, visava a integração do território nacional. Nas décadas seguintes, associada ao conceito de planejamento como ferramenta de suporte ao desenvolvimento urbano e regional, foram criadas novas divisões regionais, mais detalhadas e baseadas no agrupamento de municípios.
Ao longo do século XX, foram elaboradas 4 divisões regionais principais: Zonas Fisiográficas (1942), Microrregiões e Mesorregiões Homogêneas (1968 e 1976) e Mesorregiões e Microrregiões Geográficas (1989). Dessa forma, a divisão regional do Brasil não passa por atualizações significativas em quase 3 décadas, sendo assim necessário rever suas classificações, para uma melhor compreensão das dinâmicas da rede urbana brasileira.
A metodologia para a nova classificação regional foi baseada em modelos territoriais aplicados em estudos anteriores. A regionalização foi feita a partir da identificação das cidades-pólo e os municípios que possuem relação direta como cada uma delas, e leva em consideração dois conceitos:
- Território-rede: conjunto de arranjos populacionais localizados em áreas contínuas de municípios conurbados e possuem fluxos em uma porção territorial (IBGE, 2016).
- Território-zona: controle exercido pelas cidades, através de suas funções e atividades de alcance intra-regionais e inter-regionais (IBGE, 2017).
Além disso, outras variáveis foram incluídas na nova regionalização (rede urbana, hierarquia dos centros urbanos, fluxos de gestão, etc) obtidas em outros estudos. Pode-se citar os seguintes trabalhos como referência à nova divisão Regional:
- Regiões de Influência das Cidades – REGIC (IBGE, 2007);
- Divisão Urbano-Regional (IBGE, 2013);
- Gestão do Território (IBGE, 2014);
- Logística dos Transportes do Brasil (IBGE, 2014a);
- Arranjos Populacionais e Concentrações Urbanas do Brasil (IBGE, 2016).
Um dos principais pontos da publicação é a mudança da nomenclatura e limites das divisões regionais. Até então, além das Regiões (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul), haviam as chamadas Microrregiões e Mesorregiões. Estas duas foram substituídas por, respectivamente, Regiões Geográficas Imediatas e Regiões Geográficas Intermediárias.
As Regiões Geográficas Imediatas, que tem como referência a rede urbana, são estruturadas a partir de centros urbanos próximos para suprir necessidades imediatas das populações (compras de bens de consumo, emprego, serviços de saúde, educação e prestação de serviços públicos, etc.). As Regiões Geográficas Imediatas substituem as Microrregiões, e são limitadas a uma estrutura composta por, no mínimo, 5 municípios e, no máximo, 25 municípios, além de ter uma população mínima aproximada de 50 mil habitantes.
As Regiões Geográficas Intermediárias articulam as Regiões Geográficas Imediatas através de um polo urbano de hierarquia superior (que pode ser, preferencialmente uma Metrópole ou Capital Regional, de acordo com o REGIC 2007), cujas funções urbanas são de maior complexidade, a exemplo de serviços médicos especializados ou universidades, e apresentam fluxos de gestão privada significativos. As Regiões Geográficas Intermediárias substituem as Mesorregiões, e são a escala intermediária entre as Unidades da Federação (Estados) e as Regiões Geográficas Imediatas.
Abaixo, o exemplo das modificações das divisões regionais no Estado da Paraíba, mostrando os mapas antes e depois das modificações. As antigas Microrregiões foram transformadas em Regiões Geográficas Imediatas, e tiveram seu número reduzido, agrupando municípios que estabelecem mais relações com uma determinada cidade pólo. Destacam-se as Regiões Geográficas Imediatas de Campina Grande e Patos, pelo aumento territorial.
As antigas Mesorregiões foram transformadas em Regiões Geográficas Intermediárias. Apesar de ter se mantido a mesma quantidade, a nova divisão fez alterações nos municípios pertencentes, modificando o tamanho da divisão. A nomenclatura segue o mesmo padrão das Regiões Geográficas Imediatas, tomando o nome da cidade pólo: A mesorregião da Mata Paraibana se tornou a Região Geográfica Intermediária de João Pessoa, as mesorregiões do Agreste Paraibano e Borborema formam agora a Região Geográfica Intermediária de Campina Grande, e a antiga mesorregião do Sertão Paraibano se dividiu em duas Regiões Geográficas Intermediárias: Patos e Sousa-Cajazeiras.
Nesse sentido, o termo “Sertão”, que era empregado como divisão político-administrativa, passa a ter um caráter mais cultural, podendo ser associado, geograficamente, ao polígono do Semiárido Brasileiro.
Downloads
A publicação “Divisão Regional do Brasil em Regiões Geográficas Imediatas e Regiões Geográficas Intermediárias 2017” pode ser acessada e baixada, em formato PDF nesse link:
Os Mapas em PDF e os arquivos Shape (para usar em Sistemas de Informação Geográfica) das novas divisões regionais do Brasil podem ser baixados nesse link:
Notas:
Referências:
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Arranjos Populacionais e Concentrações Urbanas do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2016.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Divisão Regional do Brasil em Regiões Geográficas Imediatas e Regiões Geográficas Intermediárias. Rio de Janeiro : IBGE, 2017.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Divisão Urbano-Regional. Rio de Janeiro: IBGE, 2013.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Logística dos Transportes 2014. Rio de Janeiro: IBGE, 2014a.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Redes e Fluxos do Território: Gestão do Território 2014. Rio de Janeiro: IBGE, 2014.
A REDE URBANA
Região Geográfica Imediata de Pau dos Ferros - AQUI (Composta por 34 municípios)
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