segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

UNIÃO DA BANCADA FEDERAL POTIGUAR (?)

PUBLICADO EM 14-01-2019

Em artigo publicado no Jornal Tribuna do Norte (14-01-2019) o deputado federal, João Maia, defendeu a união da bancada federal em prol de interesses do RN.

O deputado listou os seguintes projetos/ações:

- a solução definitiva da escassez com dessalinização em larga escala;

- implantação de rede interiorizada que leve banda larga para os municípios do RN;

- implantação de fazendas de energia solar em todo o sertão;

- implantação do Centro de Integração dos Correios no aeroporto de São Gonçalo do Amarante.
(aqui)

COMENTO:
O RN tem apenas 8 deputados federais, mas é muito difícil conseguir a união das 'excelências'. Além das divergências eleitorais e políticas, existem incompatibilidades agudas (PSLxPT, por exemplo). Contudo, louve-se a iniciativa do deputado em pregar a união e as sugestões para a construção de uma 'agenda conjunta'.

E a agenda de João Maia?

Acabar com a escassez hídrica a partir de dessalinização da água é viável? No quesito tecnologia é viável, pois já existem equipamentos e técnicas desenvolvidas para isso. Contudo, tem-se que considerar os elevados custos para dessalinização em larga escala.

No aspecto otimista, tem-se a aparente disposição do governo federal em utilizar tecnologia desenvolvida por Israel e que poderia minimizar as dificuldades provenientes da escassez hídrica no RN. Assim, parece que João aponta uma perspectiva que o governo federal pretende adotar.

Outro lado: a reorientação para 'acabar com a escassez hídrica' através do uso de dessalinização significaria o abandono do projeto de transposição do rio São Francisco? Os dois canais que contemplam o RN (Piranhas/Açu e Apodi/Mossoró) também apontavam a segurança hídrica como justificativa para a execução das obras.

A bancada potiguar continuará empenhada nas obras da transposição ou abraçará a ideia da dessalinização em larga escala? A bancada potiguar teria força para garantir as duas agendas (tranposição e dessalinização em larga escala)? É estrategicamente adequado optar pela dessalinização em larga em escala?

E a ampliação da rede de banda larga? Desde o governo de Lula que se tem a diretriz para a interiorização do acesso a banda larga. É uma meta viável.

A interiorização é mais do que necessária, mas é suficiente? Ou: como a banda larga seria utilizada para a potencialização das economias dos municípios do interior?

Fazendas de energia solar no sertão? Na mesma linha da dessalinização: a tecnologia já existe, mas ainda não é uma fonte economicamente tão viável (ainda tem custo elevado). Ademais, o RN ainda vivencia a expansão da exploração da energia eólica e continua as voltas com a política de desinvestimentos da Petrobras.

Outro ponto é que o deputado sabe muito bem que não serão espalhadas fazendas de energia solar 'por todo o sertão', pois demandariam investimentos vultosos em redes de transmissão (parece que tal situação ainda não foi solucionada nem para a geração de energia eólica), investidores interessados nos leilões de energia solar (coisa que demanda estudos técnicos para verificação das melhores áreas)... Enfim, uma série de circunstâncias que não foram esclarecidas pelo deputado para a atuação conjunta da bancada.

Creio que a bancada poderia contribuir bastante com a delicada questão da exploração dos poços maduros que a Petrobras já decidiu repassar para outras empresas.

Priorizar a geração de energia solar parece pouco producente para a bancada potiguar enquanto questões delicadas como o desinvestimento da Petrobras e a falta de linhas de transmissão para o parque eólico ainda estão pendentes.

Por fim, a implantação de um Centro de Distribuição dos Correios no Aeroporto de São Gonçalo do Amarante parece 'um pouco' deslocada do contexto.

O grupo que assumiu o poder só fala em privatização e não é duvidoso que os Correios entre na dança. Mesmo que não seja privatizado é muito provável que passe por um 'ajuste severo' (plano de demissão voluntária, enxugamento de estrutura, corte de custos, etc.). Em tal cenário de 'austeridade' é bem pouco provável que novos investimentos sejam realizados. 

Ademais, o deputado indica no artigo que o projeto inicial dos Correios foi deixado de lado em função de uma 'parceria' que estaria em final de desenvolvimento com a Azul Linhas Aéreas.

Neste cenário, talvez, não seja o melhor caminho para a bancada potiguar despender esforços para defender o Centro de Distribuição, pois os Correios negociam outro arranjo logístico e o governo federal indica que empreenderá 'ajustes' na estatal. Considero que tal 'bandeira' tem significativa probabilidade de se tornar uma reedição do tal HUB DA LATAM.

Creio que mais importante do que a agenda apontada é a iniciativa do deputado em buscar a união da bancada potiguar, mas nem isso considero viável na atual quadra de radicalização.

Atualizado em 26-01-2019: hoje, em nova entrevista a TN, o deputado João Maia do PR calibrou o discurso e defendeu a venda dos campos maduros da Petrobrás para a iniciativa privada - AQUI 

Não tratou de dessalinização, banda larga, energia solar, nem hub de Correios... Em linhas gerais, apontou para o redesenho do tamanho do Estado, e para o RN direcionou para a questão dos campos maduros.

Como tinha escrito anteriormente: creio que a questão dos campos maduros é crucial para o RN, ao menos, no curto e médio prazo.

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