PUBLICADO EM 23-02-2019
MUDANÇA ESTRUTURAL E O SETOR DE SERVIÇOS: UMA ABORDAGEM ESTRUTURALISTA-EVOLUCIONÁRIA
RESUMO
No presente trabalho se disserta sobre como o processo de mudança estrutural se relaciona com o desenvolvimento desigual entre as nações em uma perspectiva de longo prazo. Para isso debruçou-se em um referencial teórico estruturalista-evolucionário e usou como objeto balizador das análises o caso do setor de serviços. Dois movimentos são notáveis na trajetória do setor de serviços nas últimas décadas: o crescimento em participação na estrutura produtiva em diversos países, dotados de diferentes características econômicas, e o surgimento de um novo perfil dinâmico para esse setor a contar da revolução tecnológica que irrompeu durante a década de 1970.
A hipótese a ser averiguada é de que no Brasil não se desenvolveram as atividades de serviços dinâmicas que emergiram com o novo paradigma tecnoecnômico, tampouco se pôde sustentar o avanço do processo de industrialização sob os ditames do paradigma fordista. No Brasil as barreiras ao desenvolvimento periférico prevaleceram ante as oportunidades geradas por esse paradigma.
O trabalho inova ao utilizar os avanços da microeconomia evolucionária para sustentar a macroeconomia estruturalista, em especial, no que concerne ao potencial de atividades de serviços em estimular o crescimento de longo prazo através da produtividade.
TRECHOS DESTACADOS (p.175-6)
No ultimo período que cobre desde 1990 até 2010 os resultados
da análise para o Brasil sugerem desempenhos bastante distintos entre as
atividades que compõe o setor de serviços e as atividades industriais;
por um lado, as atividades de serviços sem exceção apresentaram efeito
estático positivo, ou seja, foi capaz de atrair mão-de-obra, entretanto, esse movimento não foi acompanhado por aumentos de produtividade,
ou seja, houve um inchaço desses setores pari passu o declínio da
respectiva produtividade. Ou ainda, no Brasil dos anos 1990 até 2010 o
setor de serviços manteve a trajetória iniciada nos anos 1980, ou seja,
decresceu em produtividade e aumentou sua participação na estrutura
produtiva; ambos os movimentos em menor intensidade com relação ao
período anterior, mas de montante significativo para explicar a
estagnação da produtividade.
Por outro lado, as atividades industriais apresentaram
crescimentos internos de produtividade, todavia, esses efeitos não foram
capazes de deflagrar um processo de mudança estrutural progressivo.
Em suma, a mudança estrutural ocorrida no Brasil nos últimos anos foi o
oposto do que se espera: os setores com crescimentos internos de
produtividade foram esvaziados, em contrapartida, os setores que
receberam os fluxos ocupacionais foram marcados por decréscimo da
produtividade
Nenhum comentário:
Postar um comentário