domingo, 3 de março de 2019

Milagre, miragem, antimilagre: A economia política dos governos Lula e as raízes da crise atual

PUBLICADO EM 03-03-2019


A história é sempre interpretada a partir dos conflitos do presente. Face à profundidade da crise atual – que paralisa a economia, fragmenta a política e esgarça o tecido social –, é comum, nas esquerdas, a manifestação de duas visões opostas sobre o que os últimos 13 anos representaram para a economia e para a estrutura social brasileiras, especialmente no que diz respeito à redução das desigualdades. 

De um lado, há aqueles que argumentam que a euforia não passou de uma miragem e que a situação atual está apenas trazendo à tona a fragilidade do projeto implementado. 

Do outro lado, afirma-se que o que se verificou foi uma profunda transformação cuja radicalidade é comprovada pela força da reação conservadora verde e amarela que foi desencadeada.

Tal polarização serve de pano de fundo para as disputas táticas acerca da conjuntura, mas contribuem muito pouco para a reflexão estratégica. Não obstante a urgência conjuntural, as esquerdas não podem se furtar a uma discussão mais profunda que oriente a reconstrução de um campo político para um próximo ciclo que há de vir. 

Essa reflexão precisa superar as visões opostas mencionadas e questionar a real natureza das conquistas, dos limites e das contradições do projeto implementado nos últimos 13 anos.
 

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