Luiz Carlos Bresser-Pereira
Tanto a sociologia da modernidade quanto
da pós-modernidade desenvolvidas por alguns dos
sociólogos mais reconhecidos do presente não são
uma sociologia neoliberal, mas uma sociologia que,
ao fazer a análise competente da realidade social,
reflete a realidade dos anos neoliberais do capitalismo.
Ora, como esses anos foram marcados por
uma tentativa radical de voltar ao passado – ao liberalismo do século XIX – esse foi um período reacionário que, por isso, teria caráter necessariamente
transitório.
A transitoriedade é uma condição do
método histórico que é próprio da teoria social,
mas essa transitoriedade não foi suficientemente
assinalada. Trata-se de uma sociologia em que os
temas centrais – o individualismo e a individualização, a falta de valores compartilhados e de solidariedade, a culpabilização das vítimas para explicar
a pobreza e a exclusão, a reação crescente contra os
imigrantes pobres, a insegurança e o risco por toda
parte, o caráter líquido e indefinido das relações
sociais, o relativismo generalizado combinado com
o fundamentalismo de mercado – são sem dúvida
características da modernidade, mas de uma modernidade neoliberal cujo colapso ocorreu com a
crise financeira global de 2008 e a grande recessão
que se seguiu.
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