A era do capital improdutivo
– a nova arquitetura do poder: dominação
financeira, sequestro da democracia e destruição
do planeta. (autor: DOWBOR, Ladislau)
Resenha: CAPITALISMO IMPRODUTIVO: um
infortúnio que assola a economia brasileira
O que explica a recente estagnação econômica brasileira?
Em conversas descompromissadas entre brasileiros, é comum alguém
dizer: “Temos tudo. Um país como o nosso não
poderia estar como está”.
As reflexões, no entanto, raramente vão muito além, suspendendo-se perante um punhado de historietas picarescas, que, quase sempre, deixam a sensação de que a narrativa foi mal contada.
Em 14
sucintos capítulos, Ladislau Dowbor desvenda
alguns dos motivos que têm bloqueado a consumação de uma governança minimamente
sensata no capitalismo brasileiro.
Tardiamente, ainda buscamos um processo decisório
que faça sentido para a maioria, algo que nos
permita entoar, em bom som e sem constrangimento, que estamos no século XXI.
“A Era do
Capital Improdutivo” é, essencialmente, sobre
a improficuidade que assola o sistema de produção de riqueza na sociedade brasileira.
O livro reúne pesquisas diversas, que
gravitam em torno do eixo condutor constituído pela governança. Seu argumento central é
contundente: a riqueza produzida socialmente
por meio do trabalho tem sido capturada pelo
sistema financeiro.
Os temas debatidos são,
muitos deles, espinhosos. Logo no segundo capítulo, por exemplo, discute-se a rede mundial
de controle corporativo, conexão que esbanja e
abusa do poder político.
No capítulo sexto, outro exemplo, entram em discussão os paraísos
fiscais e o papel (estrutural) que exercem no
funcionamento do sistema capitalista.
Ao longo de todo o texto, busca-se manter os argumentos bastante próximos aos dados apresentados.
Pretende-se, dessa forma, atribuir objetividade
à argumentação.
Ao lado dessa característica, o
leitor encontrará um autor impetuoso, que nutre suas convicções com fatos sórdidos: “Hoje
800 milhões de pessoas passam fome, não por
culpa delas, mas por culpa de um sistema de
alocação de recursos sobre o qual elas não têm
nenhuma influência” (Dowbor, 2017, p. 13).
A
indignação que o move não resulta, portanto,
de posições ideológicas, mas de conjunturas
que, de qualquer ponto de vista, são, humanitariamente, injustificáveis.
Trata-se de um
Dowbor que transparece, em alguns trechos, o
fastio proveniente da labuta inveterada.
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