Prazo de Envio: 01/11/2020
A presente proposta visa reunir trabalhos em torno da temática Memórias de Guerra em experiências literárias africanas e de como a escrita tem elaborado traumas coletivos. Evocando noções como narrativa, trajetórias e memória, pensamos que é possível observar como os processos de recordação e elaboração têm se construído através da escrita literária. O que essas narrativas mobilizam de suas paisagens coletivas? como narram os enfrentamentos e as consequências das guerras civis? Como se esboçam, nas narrativas, as trajetórias dos escritores, de seus países e de seus repertórios culturais? Enfim, como são mobilizadas, em suas escritas, as recordações. Que espaços da recordação são mobilizados na montagem de suas escrituras?
O testemunho só existe sob o signo de seu colapso e impossibilidade, argumenta Márcio Seligmann-Silva. Assim, as recordações que cavam os rastros e os restos de processos de guerra, lidam com traumas individuais e coletivos. Vinculam-se ao “signo do acabado”, lidam com perdas. O trauma, retomando Freud e Gagnebin, é o corte, aquilo que fere e separa o acesso ao simbólico, sobretudo à linguagem. Túmulo e Signo compartilham a mesma etimologia grega: sèma. Ao pensarmos nos “Espaços da Recordação”, segundo Aleida Assmann, percebemos que a palavra está estreitamente associada às inscrições da finitude e da memória. A memória do trauma é uma forma de recuperar, na fragilidade dos rastros individuais, a compreensão para a história e para as condições sócio-antropológicas de cada sociedade.
Propomos reunir, neste Dossiê, reflexões que ponham em diálogo preocupações do campo das ciências humanas, sociais e literárias, que nos permitam refletir sobre essas experiências nas literaturas africanas.
Organizadoras:
Cristina Maria da Silva (Universidade Federal do Ceará)
Terezinha Taborda Moreira (Universidade Federal de Minas Gerais)
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