domingo, 20 de novembro de 2011

A AGRICULTURA DO RN: ‘MODERNIZAÇÃO’ E EXCLUSÃO


As transformações que ocorreram na agricultura do estado tem relação direta com o processo de modernização da agricultura em geral (subordina-se a dinâmica capitalista).

A partir do pacote da revolução verde, segmentos específicos e incentivados pelo governo conseguiram incorporar os avanços técnicos e assumiram posições de destaque na produção potiguar.

Ressalte-se que os setores ditos ‘modernos’ sempre orientaram sua produção para atender o mercado externo e do centro-sul e os grupos empresariais que controlam o setor são originários de ‘fora’ e tem poucos laços com a economia potiguar.

São verdadeiros enclaves modernos orientados para ‘fora’ e circundados por uma agricultura de subsistência, com baixíssima produtividade, praticada de maneira rudimentar e em algumas áreas por culturas tradicionais (cana de açúcar) e em períodos específicos pelo algodão (ciclo do algodão).

A dualidade moderno-atrasado tem uma característica em comum: a degradação ambiental. O setor ‘moderno’ incorporou os equipamentos e insumos químicos visando, exclusivamente, os ganhos de produtividade e ampliação das margens de lucro (inclusive, apropriando-se dos incentivos concedidos pelo Estado).

A ‘modernização’ de algumas áreas produtivas remonta ao modelo de produção estabelecido pelo governo federal e que culminaram com a implantação dos ‘perímetros irrigados’. A ‘escolha’ (o Estado a serviço da reprodução de capital) recaiu sobre o modelo alcunhado pela literatura especializada de ‘modernização conservadora’ (aumento de produção a partir do uso de equipamento e insumos químicos, mas sem alteração da estrutura fundiária).

Em relação a região ‘problema’, acreditava-se que o principal gargalo do semiárido era a falta d’água e para resolvê-lo foi idealizada a construção de grandes reservatórios que eliminariam os problemas de abastecimento e viabilizariam a implantação de projetos de irrigação.

A construção dos grandes reservatórios foi iniciada ainda no século XIX e a implantação dos perímetros, desdobramento ‘natural’ do processo, foi acelerada a partir da década de 1970 e, obviamente, a questão ambiental não se constituía em maiores preocupações para o governo.

É claro que a preocupação com o meio ambiente também não era prioritária na ‘agenda’ dos agricultores que praticavam uma agricultura tipicamente de subsistência, nem dos setores tradicionais (cana de açúcar e algodão).

Ademais, os dados do último censo agropecuário demonstram a redução da produção de subsistência em boa parte dos municípios.

Restaram algumas ‘ilhas modernas’ e ‘modelos experimentais’ de produção subsidiados pelo governo e/ou apoiados por ONG’s, mas de maneira geral, incluindo-se o perímetro irrigado de Pau dos Ferros, a impressão é que, caso nada seja feito, a zona rural potiguar se tornará um grande vazio produtivo.

Caminhamos para nos tornarmos importadores de todo tipo de alimentos (grãos, carnes, hortifrutigranjeiros, etc.) e exportadores de alguns poucos produtos, como: algumas frutas, mel, castanha de caju, açúcar, cuja produção ou comercialização é realizada por grupos econômicos que não tem integração com a economia potiguar.

Reprodução autorizada, desde que, citada a fonte.

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