Encontrei um texto que descreve a implantação da fábrica de beneficiamento de castanha de caju pertencente
à Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Portalegre - APPRUP.
Não tenho informações atualizadas sobre o funcionamento do empreendimento. Espero que esteja atendendo as enormes expectativas que foram geradas na época da implantação da fábrica.
Leiam:
A garantia de venda da produção anual de castanhas,
sem a figura do atravessador, é motivo de euforia para os produtores rurais
de Portalegre que já tiveram parte da safra de 2005 comprada a preço justo e
ainda colaboraram com o desenvolvimento do município, já que a castanha está
sendo beneficiada em Portalegre, gerando emprego e renda para a população.
A mini
fábrica, pertencente à Associação dos Pequenos Produtores Rurais de
Portalegre - APPRUP, instalada em Dezembro e inaugurada no último dia 11 de
Março, se constitui na concretização de mais um sonho do Padre Dário Tórboli
e do ex-prefeito Manoel de Freitas Neto, defensores da política de incentivo
ao associativismo e ao desenvolvimento agrícola.
A
estrutura física e equipamentos que custaram R$ 200 mil reais (valor
correspondente à cerca 80 mil Euros) foi financiada pela Fundação Banco do
Brasil. O presidente do órgão, Jacques de Oliveira Pena, visitou o município
para a inauguração e constatou "in loco" as instalações e o
funcionamento da Unidade, ouvindo do gerente, Hermes Dias, explicações sobre
todo o processo de beneficiamento do produto.
O
presidente Jacques Pena, que esteve acompanhado de outros diretores da
Fundação, mostrou a preocupação da Instituição com o bom desempenho das
unidades que fazem parte da cooperativa, reafirmando que o Governo Federal,
através da Fundação Banco do Brasil, tem atuado nos últimos três anos em
diversos projetos voltados para o crescimento econômico dos municípios a
partir das potencialidades que eles têm. Mesmo tendo a Europa como mercado
consumidor da nossa castanha, Jacques não deixou de ressaltar a importância
da comercialização no mercado nacional e também a inclusão da castanha no
hábito alimentar da população do próprio município, especialmente nas escolas
e creches.
Gerando 26
empregos diretos e outros indiretos, a mini-fabrica portalegrense está
instalada num terreno da própria Associação, integra a coopercaju, uma
central cooperativa que agrega outros municípios e é responsável pela
industrialização final e comercialização de toda a produção para o mercado
nacional e internacional. Portanto, o europeu que degustar uma castanha, cujo
rotulo de identificação seja de Serra do Mel, certamente pode estar consumido
a castanha portalegrense.
INDUSTRIALIZAÇÃO
O
beneficiamento da castanha começa com a seleção do produto "in
natura" quando uma máquina, denominada selecionador, com capacidade para
separar 600 quilos de castanha por hora em cinco tamanhos diferentes, (18,
21, 24, 27 milímetros e o tamanho gigante) classifica o produto que segue
para um autoclave onde recebe um pré-cozimento a vapor, numa temperatura de
120 graus. O passo seguinte corresponde ao resfriamento do produto por
aproximadamente 5 horas.
Após essa
fase, numa mesa que comporta 12 trabalhadores, é feito o corte das castanhas
para a retira-da das amêndoas que seguem para uma estufa, com temperatura de
70 graus e depois para um umificador, quando a castanha ganha volume para,
novamente passar por um processo de resfriamento, por duas horas, para a
retirada da película fina. Para se obter um quilo de amêndoas, é preciso
processar cinco quilos de castanha in natura.
A última
etapa consiste na pré-seleção e seleção final das castanhas, a qual, segundo
Hermes Dias, é definida pelo tamanho da amêndoa e a cor que ela obtém no
cozimento, nessa classificação somente a amêndoa inteira é empacotada e
enviada para a Central, a 160 km de distancia, quando receberá o tratamento
final dentro do processo de industrialização e segue para o mercado europeu,
onde Itália e Suíça se destacam como maiores compradores da castanha
potiguar.
CONSTRUÇÃO
E FINANCIAMENTO
A
construção física, equipamentos, capital de giro, consultoria e treinamento
de pessoal é fruto de uma parceria entre diversos órgãos federais e
estaduais, cada um com sua parcela de participação. Sendo que Fundação Banco
do Brasil e a Companhia Nacional de Abastecimento, foram os parceiros que
deram vida à mini-fábrica.
Para
Manoel de Freitas Neto, que também exalta a participação da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agro-pecuária - EMBRAPA, EMATER e SEBRAE, responsáveis
pela melhoria genética da produção e capacitação de pessoal, respectivamente,
o apoio financeiro recebido da CONAB foi determinante para a aquisição de
100 toneladas de castanhas in natura, o que representa menos de 10 por cento
da safra de castanhas Portalegre em de 2005, que chegou a 1.200 toneladas, no
entanto é quantidade suficiente para garantia de trabalho até Dezembro.
Sem
capital de giro para adquirir as castanhas, a Associação recorreu a Companhia
que, dentro da política social do governo Federal, vem dispondo recursos e
acompanhando projetos voltados para a agricultura familiar, como é o caso da
unidade de beneficiamento de castanhas de Portalegre. Segundo Sátiro Gil,
superintendente da CONAB no Rio Grande do Norte, os recursos foram na ordem
de R$ 100 mil reais (cerca de 40 mil Euros) exclusivamente para aquisição das
castanhas in natura.
A
Companhia repassou os recursos em Setembro de 2005 e estabeleceu, através de
contrato, 10 meses de carência para que a Associação resgate a dívida, a
vencer em 13 de julho, quando deverá ser paga com um acréscimo de juros,
calculados sobre uma taxa de dois por cento ao ano. Acompanhando
sistematicamente o trabalho da Unidade, Sátiro Gil se mostra confiante com o
sucesso do empreendimento, a partir da determinação e da credibilidade que a
Associação demonstra nas reuniões periódicas realizadas.
O
Superintendente destaca ainda que a seriedade administrativa, aliada com o
contrato já existente com o mercado internacional, especificamente com a
Itália, é garantia suficiente para a quitação da dívida, haja vista que a
produção já tem mercado consumidor certo. A coopercaju embarcou recentemente,
para a Itália, o segundo "container" com 15 mil quilos de amêndoas,
dos quais quatro mil foram produzidos em Portalegre.
Para o
prefeito Euclides Pereira de Souza, a instalação da mini fábrica se constitui
em mais um grande passo para o crescimento do município, haja vista que todo
e qualquer investimento que signifique geração de emprego e renda,
corresponde ao bem estar da população. É satisfatório para qualquer
governante, de uma cidade pequena como a nossa vê surgir aqui a oportunidade
de trabalho que sempre era procurada em outras cidades e até em outros
Estados.
O agrônomo
Manoel de Freitas Neto que, a exemplo da fábrica de suco de caju, também
esteve a frente da concretização dessa unidade, diz que ainda quer fazer
muito, pois tudo começou com a CAJUAGROFEST em 2001, quando realizou uma
feira para discutir a cadeia produtiva do caju, maior produto do nosso município.
"O
nosso objetivo não está totalmente concretizado, queremos fabricar o doce, o
suco pronto para beber, a rapadura e tudo mais que possa ser produzido a
partir do caju e também instalar uma mini-fabrica de polpa de frutas que
absorva a produção de manga, goiaba, cajá, jaca e outras frutas que fazem
parte da nossa fruticultura, garantido sucos de qualidade na alimentação da
nossa população e cidades vizinhas. Ainda não sei onde encontrar recursos
para isso, mas temos projetos e buscaremos o dinheiro para viabilizá-los,
aonde ele possa estar disponível", finaliza, otimista, Manoel Neto.
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Fonte: Jornal Fonte Nova
Data: 30/03/2006
Data: 30/03/2006
Título original: Castanha de
caju: de Portalegre para o mundo
por Maria Bernadette Cavalcante
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