terça-feira, 26 de novembro de 2013

economia solidária em portalegre: a fábrica de beneficiamento de castanha

Encontrei um texto que descreve a implantação da fábrica de beneficiamento de castanha de caju pertencente à Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Portalegre - APPRUP.

Não tenho informações atualizadas sobre o funcionamento do empreendimento. Espero que esteja atendendo as enormes expectativas que foram geradas na época da implantação da fábrica.

Leiam:

A garantia de venda da produção anual de castanhas, sem a figura do atravessador, é motivo de euforia para os produtores rurais de Portalegre que já tiveram parte da safra de 2005 comprada a preço justo e ainda colaboraram com o desenvolvimento do município, já que a castanha está sendo beneficiada em Portalegre, gerando emprego e renda para a população.
A mini fábrica, pertencente à Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Portalegre - APPRUP, instalada em Dezembro e inaugurada no último dia 11 de Março, se constitui na concretização de mais um sonho do Padre Dário Tórboli e do ex-prefeito Manoel de Freitas Neto, defensores da política de incentivo ao associativismo e ao desenvolvimento agrícola.
A estrutura física e equipamentos que custaram R$ 200 mil reais (valor correspondente à cerca 80 mil Euros) foi financiada pela Fundação Banco do Brasil. O presidente do órgão, Jacques de Oliveira Pena, visitou o município para a inauguração e constatou "in loco" as instalações e o funcionamento da Unidade, ouvindo do gerente, Hermes Dias, explicações sobre todo o processo de beneficiamento do produto.
O presidente Jacques Pena, que esteve acompanhado de outros diretores da Fundação, mostrou a preocupação da Instituição com o bom desempenho das unidades que fazem parte da cooperativa, reafirmando que o Governo Federal, através da Fundação Banco do Brasil, tem atuado nos últimos três anos em diversos projetos voltados para o crescimento econômico dos municípios a partir das potencialidades que eles têm. Mesmo tendo a Europa como mercado consumidor da nossa castanha, Jacques não deixou de ressaltar a importância da comercialização no mercado nacional e também a inclusão da castanha no hábito alimentar da população do próprio município, especialmente nas escolas e creches.
Gerando 26 empregos diretos e outros indiretos, a mini-fabrica portalegrense está instalada num terreno da própria Associação, integra a coopercaju, uma central cooperativa que agrega outros municípios e é responsável pela industrialização final e comercialização de toda a produção para o mercado nacional e internacional. Portanto, o europeu que degustar uma castanha, cujo rotulo de identificação seja de Serra do Mel, certamente pode estar consumido a castanha portalegrense.
INDUSTRIALIZAÇÃO
O beneficiamento da castanha começa com a seleção do produto "in natura" quando uma máquina, denominada selecionador, com capacidade para separar 600 quilos de castanha por hora em cinco tamanhos diferentes, (18, 21, 24, 27 milímetros e o tamanho gigante) classifica o produto que segue para um autoclave onde recebe um pré-cozimento a vapor, numa temperatura de 120 graus. O passo seguinte corresponde ao resfriamento do produto por aproximadamente 5 horas.
Após essa fase, numa mesa que comporta 12 trabalhadores, é feito o corte das castanhas para a retira-da das amêndoas que seguem para uma estufa, com temperatura de 70 graus e depois para um umificador, quando a castanha ganha volume para, novamente passar por um processo de resfriamento, por duas horas, para a retirada da película fina. Para se obter um quilo de amêndoas, é preciso processar cinco quilos de castanha in natura.
A última etapa consiste na pré-seleção e seleção final das castanhas, a qual, segundo Hermes Dias, é definida pelo tamanho da amêndoa e a cor que ela obtém no cozimento, nessa classificação somente a amêndoa inteira é empacotada e enviada para a Central, a 160 km de distancia, quando receberá o tratamento final dentro do processo de industrialização e segue para o mercado europeu, onde Itália e Suíça se destacam como maiores compradores da castanha potiguar.
CONSTRUÇÃO E FINANCIAMENTO
A construção física, equipamentos, capital de giro, consultoria e treinamento de pessoal é fruto de uma parceria entre diversos órgãos federais e estaduais, cada um com sua parcela de participação. Sendo que Fundação Banco do Brasil e a Companhia Nacional de Abastecimento, foram os parceiros que deram vida à mini-fábrica.
Para Manoel de Freitas Neto, que também exalta a participação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-pecuária - EMBRAPA, EMATER e SEBRAE, responsáveis pela melhoria genética da produção e capacitação de pessoal, respectivamente, o apoio financeiro recebido da CONAB foi determinante para a aquisição de 100 toneladas de castanhas in natura, o que representa menos de 10 por cento da safra de castanhas Portalegre em de 2005, que chegou a 1.200 toneladas, no entanto é quantidade suficiente para garantia de trabalho até Dezembro.
Sem capital de giro para adquirir as castanhas, a Associação recorreu a Companhia que, dentro da política social do governo Federal, vem dispondo recursos e acompanhando projetos voltados para a agricultura familiar, como é o caso da unidade de beneficiamento de castanhas de Portalegre. Segundo Sátiro Gil, superintendente da CONAB no Rio Grande do Norte, os recursos foram na ordem de R$ 100 mil reais (cerca de 40 mil Euros) exclusivamente para aquisição das castanhas in natura.
A Companhia repassou os recursos em Setembro de 2005 e estabeleceu, através de contrato, 10 meses de carência para que a Associação resgate a dívida, a vencer em 13 de julho, quando deverá ser paga com um acréscimo de juros, calculados sobre uma taxa de dois por cento ao ano. Acompanhando sistematicamente o trabalho da Unidade, Sátiro Gil se mostra confiante com o sucesso do empreendimento, a partir da determinação e da credibilidade que a Associação demonstra nas reuniões periódicas realizadas.
O Superintendente destaca ainda que a seriedade administrativa, aliada com o contrato já existente com o mercado internacional, especificamente com a Itália, é garantia suficiente para a quitação da dívida, haja vista que a produção já tem mercado consumidor certo. A coopercaju embarcou recentemente, para a Itália, o segundo "container" com 15 mil quilos de amêndoas, dos quais quatro mil foram produzidos em Portalegre.
Para o prefeito Euclides Pereira de Souza, a instalação da mini fábrica se constitui em mais um grande passo para o crescimento do município, haja vista que todo e qualquer investimento que signifique geração de emprego e renda, corresponde ao bem estar da população. É satisfatório para qualquer governante, de uma cidade pequena como a nossa vê surgir aqui a oportunidade de trabalho que sempre era procurada em outras cidades e até em outros Estados.
O agrônomo Manoel de Freitas Neto que, a exemplo da fábrica de suco de caju, também esteve a frente da concretização dessa unidade, diz que ainda quer fazer muito, pois tudo começou com a CAJUAGROFEST em 2001, quando realizou uma feira para discutir a cadeia produtiva do caju, maior produto do nosso município.
"O nosso objetivo não está totalmente concretizado, queremos fabricar o doce, o suco pronto para beber, a rapadura e tudo mais que possa ser produzido a partir do caju e também instalar uma mini-fabrica de polpa de frutas que absorva a produção de manga, goiaba, cajá, jaca e outras frutas que fazem parte da nossa fruticultura, garantido sucos de qualidade na alimentação da nossa população e cidades vizinhas. Ainda não sei onde encontrar recursos para isso, mas temos projetos e buscaremos o dinheiro para viabilizá-los, aonde ele possa estar disponível", finaliza, otimista, Manoel Neto.

Fonte: Jornal Fonte Nova
Data: 30/03/2006
Título original: Castanha de caju: de Portalegre para o mundo
por Maria Bernadette Cavalcante 

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