quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Cresce sobrevivência das pequenas empresas no Brasil


Estudo constatou que micro e pequenos negócios têm resistido mais aos dois primeiros anos de criação

Os pequenos negócios brasileiros permanecem em cenário saudável de sobrevivência. Segundo o mais novo estudo do Sebrae sobre o tema, de cada 100 micro e pequenas empresas abertas no Brasil, 73 permanecem em atividade após os primeiros dois anos de existência, período considerado crítico para se manter no mercado.

Para o presidente do Sebrae, Luiz Barretto, esse resultado é reflexo de aspectos como "aumento da escolaridade, nova classe média e melhora do ambiente legal no país", disse.

Os dados constam do estudo sobre Taxa de Sobrevivência das Empresas no Brasil, lançado nesta quinta-feira (20) em São Paulo. Esta edição traz novidade em sua metodologia, que deixa de utilizar pesquisas de campo e passa a empregar a base de dados da Receita Federal. Segundo Barretto, a mudança irá possibilitar a divulgação anual do índice, dando início a uma série histórica, e traz uma radiografia dos estados. "Estamos falando agora de um censo integral, com cerca de 500 mil empresas", disse.

Identificação da oportunidade de negócio, estudo de viabilidade e capacitação empresarial são aspectos que, quando observados antes de abrir um negócio, a chance de sobrevivência é maior, afirmou Luiz Barretto.

"Planejar, não misturar finanças empresariais com finanças pessoais, inovar e investir na formação empresarial são recomendações que garantem uma maior sobrevivência ao negócio", disse. Para ele, arriscar é uma característica essencial para empreender.  "Ter conhecimento e buscar informação ajuda a diminuir os riscos", ressaltou.

A taxa evoluiu de 71,9%, com base nas empresas que abriram suas portas em 2005, para 73,1%, referente aos empreendimentos abertos em 2006, período de início do Super Simples, que trouxe vantagens tributárias para as micro e pequenas empresas. As indústrias são as que mais contribuíram para este quadro crescente.

De cada 100 empresas abertas, 75,1% permanecem ativas nos dois anos seguintes. Em seguida, aparecem comércio (74,1%), serviços (71,7%) e construção civil (66,2%). "As exigências iniciais para se abrir uma indústria, como planejamento e alto grau de inovação e aporte de capital, contribuem para a permanência da empresa no mercado", analisa Barretto.

Os melhores índices estão presentes na região Sudeste (76,4%), seguidas das regiões Sul (71,7%), Nordeste (69,1%), Centro-Oeste (68,3%) e Norte (66,0%). "Quanto maior o conhecimento e capacitação aliado a um ambiente tributário favorável, maior é chance de sobreviver. Para Barretto, o índice acima da média na Região Sudeste se justifica por apresentar mais mercado, mais gente com informação, e elevado grau de escolaridade da sociedade", disse. Ele acredita que a tendência é que nas próximas edições do censo "o resultado será mais homogêneo".

Comparando o desempenho brasileiro com o de outros países, o Brasil aparece em situação privilegiada. O índice de sobrevivência das micro e pequenas empresas brasileiras é superior ao de nações como Espanha (69%), Itália (68%) e Holanda (50%) e bastante próximo do Canadá (74%).

Na Europa, os dados são verificados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). "As pequenas empresas brasileiras estão calcadas no mercado interno, que está forte. Os países em desenvolvimento continuam crescendo independente da crise na Europa", afirmou o presidente do Sebrae.

A Paraíba é destaque nacional

A Paraíba é a unidade da federação com a melhor taxa de sobrevivência de micro e pequenas empresas (MPE) do país. Enquanto que 73,1% das MPE em todo país sobrevivem aos dois primeiros anos de vida, no estado a taxa é de 79%.

Ceará e Roraima alcançaram o mesmo índice da Paraíba. O estudo foi realizado pela primeira vez com base nos dados da Receita Federal.

O setor industrial paraibano obteve média de 85% de empresas que sobreviveram aos dois primeiros anos de vida, índice também superior ao nacional (75%). O desempenho da indústria do estado é melhor do que o auferido em São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A construção civil do estado também se destacou, ficou com a segunda posição do ranking com taxa de 73%, enquanto a nacional indicou 66%. O setor do comércio ficou em terceiro lugar com 81%, ficando atrás somente de Roraima e Ceará.

O estado apresentou taxas mais baixas em relação à média nacional somente no setor de serviços. Na Paraíba, o índice é de 71% de sobrevivência, enquanto que o nacional é de 72%. Nesse quesito, São Paulo (77%) e Minas Gerais (75%) ocuparam as melhores posições.

Clientes

Os dois primeiros anos de atividade são considerados os mais críticos para uma empresa entre outras razões porque é necessário conquistar uma base de clientes, tornar-se conhecido no mercado, reinvestir a maior parte das receitas no negócio e superar dificuldades de gestão, especialmente entre os empreendedores que não tinham experiência anterior como empresários.

"O que mais chama a atenção é que, comparado a outros estados, especialmente Pernambuco, a Paraíba não tem vantagens comparativas para grandes investimentos que foram feitos, o que significa dizer que a virtude de nossa economia é realmente o potencial das MPE", destacou o superintendente do Sebrae na Paraíba, Júlio Rafael.

Fonte: SEBRAE

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