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A expressão mais falada no mundo da nova mídia é “The Long
Tail”, A Cauda Longa. Ela apareceu há dois anos em artigo que falava
da longa cauda de links de referência inseridos em blogs e virou conceito
econômico na Wired, cunhado
pelo editor Chris Anderson.
O livro de Chris, publicado este
ano, “The Long Tail: Why the Future of Business is Selling Less of More” (a
tradução do subtítulo pode ser “por que o futuro dos negócios é vender menos de
mais”), foi religiosamente distribuído aos participantes do Zeitgeist, o evento
no qual o Google reuniu boa parte da nata da nova e da velha mídia, em outubro,
na sua sede, na Califórnia.
A Cauda Longa define a cada vez mais
infindável cadeia de produtos à venda, seja na forma de bits ou em forma
física. Anderson conta que a maioria dos 50 top álbuns de música que mais
venderam em todos os tempos foram gravados nos anos setenta ou oitenta. Nenhum
campeão mundial com o velho porte de vendas de um Michael Jackson, por exemplo,
foi gravado nos últimos cinco anos, porque agora se consome menos de mais. A
cauda longa significa vender muito mais produtos em vez de vender muito de um
único produto. As novas lojas de música na internet se fundam neste modelo.
Ainda no mesmo evento, o presidente
da Motorola, Ed Zander, disse que “o gigabyte é o novo Gutenberg”. Composição
da cauda longa, tudo o que é escrito, falado, cantado ou visto vai virar bit.
Para ele, o protocolo da internet é ubíquo. A mobilidade é a energia social. Se
já existem dois bilhões de celulares em funcionamento no planeta, as outras
mídias contam menos: 1,5 bilhão de televisores, 820 milhões de computadores
pessoais, 190 milhões de game boys, 50 milhões de computadores de mão. Tudo
isso é conexão pessoal. A sua mídia vai acompanhar você onde você estiver com
aparelhos distintos, ferramentas diferentes, preços variados, um produto para
cada perfil, um jeitão para cada estilo de vida.
Para o Yahoo, “o mundo está mudando
dramaticamente”, conforme disse Cammie Dunaway, a mulher de marketing do maior
concorrente do Google. Se o Google se vê como uma empresa de publicidade,
carregador de anúncios, o Yahoo se vê como uma empresa fundada em quatro
pilares: Busca, Conteúdo, Comunidades e Personalização. Personalização é
sinônimo de cauda longa. Ambos se fundam na venda de links patrocinados, que é
a reinvenção na internet do velho classificado de jornal, vovô da cauda longa.
“É preciso permitir ao consumidor
fazer as escolhas”, reconheceu Andrew House, da Sony, no mesmo painel que o
reuniu com as marcas Yahoo e Nike. “O consumidor decide”, definiu em coro o
marketólogo da Nike, Trevor Edwards. A brutal renovação de modelos Nike à
disposição nas prateleiras em todo o mundo mostra o quão extensa pode ser a
cauda.
Chuck Porter é uma lenda nos EUA e
veio ao evento na contramão da cauda longa e das mudanças. Publicitário, sócio
da Crispin Porter + Bogusky, é um dos criadores da campanha da Coca-Cola Zero e
de um anúncio hilariante para o Burger King, cuja mensagem é: “macho come
hambúrguer”. Para ele, cultura popular é moeda, o mito número um é aquele que
diz que tudo está mudando, e o de número dois aquele que diz que o consumidor
está no controle. Como dizia Platão, ele repete, não há aprendizado sem emoção.
Ou então, numa paródia de Sócrates, ninguém sabe nada. Por tudo isso, ele
provoca: “seja um farol”.
Para destoar, o farol Sergei Brin,
fundador do Google, fez um apelo à economia de energia e a favor da unificação
de conectores elétricos. Mostrando dezenas de conectores distintos usados para
ligar os diferentes aparelhos com os quais o homem convive diariamente, ele se
perguntou nada filosoficamente: “Nós precisamos de tantos conectores
diferentes? E Larry page, o outro criador do Google, falou muito de
mal-entendidos e desinformações, elogiou a Wikipedia – enciclopédia aberta e em
permanente construção por internautas de todo o mundo – e clamou por “melhor
informação para todos, quem sabe no futuro”. Quem sabe?
Fonte
COSTA,
Caio Túlio. A cauda longa. Disponível
em: <www.facasper.com.br/jo/notas.php?id_nota=29>.
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