Em tempos
de competitividade acirrada, quando as soluções precisam ser encontradas de
forma cada vez mais veloz, as empresas começam a valorizar o potencial criativo
de seus funcionários. Embora ainda haja quem resista, a oferta de programas
para desenvolver a criatividade das equipes já começa a fazer parte do
dia-a-dia das empresas. Uma dessas companhias é a Mercedes-Benz, que
regularmente oferece cursos de criatividade aos seus funcionários. Durante três
dias, um grupo formado por cerca de 30 funcionários é destacado da empresa para
desenvolver dinâmicas que favoreçam o surgimento de idéias e estimulem o
potencial inovador dos participantes. A última edição do treinamento, realizada
no ano passado, aconteceu fora da empresa para que o aproveitamento fosse ainda
melhor.
Observo
em algumas empresas que a valorização da criatividade está diretamente ligada
ao modelo de gestão e à cultura da empresa. Se a organização é voltada para a
competência do talento humano e privilegia o trabalho em equipe vai procurar
estimular seus colaboradores a encontrarem novas idéias. Na minha definição,
criatividade é a busca de soluções inovadoras. Resolver um problema valendo-se
de métodos conhecidos não tem nada de criativo. Lembro que muitas empresas
constroem regras tão rígidas que se torna impossível desenvolver qualquer
iniciativa que fuja ao manual.
A
Microsoft, ao contrário, mantém, no Vale do Silício, na Califórnia,
equipes isoladas do resto da corporação. Distante dos preconceitos vigentes nas
empresas, que podem exterminar idéias facilmente, essas equipes conseguem,
assim, ser mais ousadas ao quebrar regras. É preciso desenvolver o pensamento
abstrato. Da totalidade dos problemas apresentados na empresa, 99% são
resolvidos de forma tradicional, seguindo o manual. É na hora de resolver o 1%
restante que um profissional criativo pode fazer a diferença. Apesar das
evidências, muitas empresas continuam não acreditando na importância de
estimular a equipe. São organizações centralizadoras e autocráticas que,
justamente por isso, costumam afastar os profissionais mais criativos.
Inquietos por natureza, eles não pensam duas vezes antes de trocar a empresa
por outra onde haja mais abertura para desenvolver seu talento. Embora traga
resultados positivos, o profissional criativo nem sempre é bem vindo, já que
costuma incomodar. São pessoas diferentes, costumam destacar-se dos demais e
por isso nem sempre são vistas com bons olhos.
Resultados
Com
a velocidade de informações e das transformações tecnológicas, os métodos
tradicionais já não dão os mesmos resultados de antes. Diante disso, ter um
profissional criativo pode não apenas ajudar como definir a sorte da companhia.
Algumas dicas podem auxiliar a empresa a desenvolver esse potencial em seus colaboradores.
A primeira delas é lançar pequenos e grandes desafios para os quais serão
formadas – de forma espontânea – as equipes de trabalho. Dessa forma é mais
fácil obter resultados. Quando a formação do grupo é imposta, acaba que apenas
dois ou três elementos trabalham. Outra forma de incentivar a criatividade é
desenvolver treinamentos específicos. São cursos semelhantes ao que são
oferecidos pela Mercedes-Benz, em que os funcionários aprendem técnicas
que estimulam seu pensamento e os ensinam a resolver problemas. Treinamentos
desse tipo já são adotados por companhias do setor de telecomunicações,
concessionárias de veículos e empresas de transporte, como a Viação Itapemirim,
que há dois anos vem desenvolvendo programa de criatividade.
O
vice-presidente do Grupo Catho no Rio, empresa que tem entre seus
clientes a Oracle e a TCE, Obadia Sion, atribui a
valorização da criatividade à necessidade de redução de custos, ocorrida no
final da década de 80. Com ela, profissionais com múltipla atuação ganharam espaço,
em detrimento daqueles que realizavam uma única tarefa. Diante disso, foi
preciso buscar conhecimento. Hoje as empresas buscam a criatividade já no
processo de seleção, quando métodos cada vez menos convencionais são
utilizados.
Uma das formas de estimular esse potencial após
a contratação é colocar o profissional diante de situações que fujam à sua
rotina diária, permitindo que ele desenvolva condições de atuar em várias
frentes. Posso citar ainda o job rotation, prática adotada por algumas
companhias. Através dela, o profissional passa por várias funções,
desenvolvendo atividades distintas. São oportunidades que despertam o senso de
criatividade do profissional.
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