domingo, 6 de maio de 2012

CIDADE DA CRIANÇA ABANDONADA...


Cidade da Criança está em obras há 4 anos

Alex Costa
Da Redação de Natal

Natal - E vai começar tudo de novo. Há quatro anos em reforma, a Cidade da Criança ainda não contemplou a tão desejada inauguração prometida tantas vezes em tantos prazos diferentes. Desde 2008, o parque está fechado e passa por uma reestruturação completa. Na gestão passada, de Wilma de Faria, a obra empacou diversas vezes e a empresa contratada, a M&K Engenharia, permanecia na execução em passos lentos. Após uma reavaliação do projeto de construção do parque, feita pelos engenheiros da Secretaria Estadual de Infraestrutura no segundo semestre da gestão de Rosalba Ciarlini, a empresa não quis se responsabilizar pelas mudanças no cronograma. Há quase um mês que não se houve o som dos martelos.

No local, só vestígios de construção. Portas e janelas se acumulam no local onde deveria ser o anfiteatro. Andaimes e guindastes estão sem nenhum homem escalando. Na capela, um colchonete e algumas sacolas com comida simbolizam o descanso e a comodidade dos peões diante de "nada para fazer". De acordo com um dos encarregados da obra, a presença dele só é necessária para tomar conta do espaço. As explicações são mínimas diante do receio de represálias.

As águas da Lagoa Felipe Camarão estão limpas, a dragagem completada. Mas com o tempo, as águas começam a acumular lixo e outros detritos. As ruínas de antigas construções ainda permanecem de pé. As árvores antigas começam a cair. Um coqueiro que caiu há cerca de um mês danificou a grade de proteção da lagoa e deixou todas as palhas para dentro do canal.

Para o senhor Mariano Viana, de 66 anos, a sensação é de descaso. "É tanto tempo assim em obras. Um vai e volta. Promessas de inauguração não cumpridas. Não sei mais em quem acreditar", afirma. Mariano é morador de uma pequena casinha, localizada logo na entrada do parque, onde desde 1994 mantém um pequeno comércio. Com a reforma, o idoso, que reside sozinho e faz hemodiálise, ainda não sabe para onde vai e relembra os momentos de glória do passado.

"Hoje em dia eu só vendo meus lanches para algumas pessoas que passam na rua e que compram. Tiro uns R$ 20 por dia, em média. Dá pra sobreviver", conta. Nada comparado à receita gerada quando o parque funcionava e quando seu Mariano tinha ainda carrinhos de pipoca circulando pelo parque. Segundo ele, o plano da reforma edifica um muro que passa bem pelo meio da sua casa, cedida pela Fundação José Augusto nos anos 90.

A arborização do lugar é pobre. Muitas árvores foram retiradas, pois estavam doentes ou apresentavam riscos para as pessoas. As novas construções começam a sofrer com o tempo intocadas e paradas sem que haja manutenção ou completude na edificação. Ainda assim, o parque Cidade da Criança ainda pode ser uma realidade, na esperança de Mariano. "Eu acredito que isso pode voltar a ser o que era antes. E eu quero estar aqui para ver de perto e viver essa nova realidade", espera.

Infraestrutura alega problemas no projeto


Natal - Após diversas correções no projeto de construção da Cidade da Criança, parque localizado entre a Avenida Prudente de Morais e a Rodrigues Alves na capital potiguar, a empresa contratada para executar os serviços, a M&K Engenharia, se recusou a mudar o cronograma de estratégia das obras. De acordo com o secretário adjunto da Secretaria Estadual de Infraestrutura, Tiago Índio, o contrato com a empresa se encerra na próxima segunda-feira e não será prorrogado.


"Iremos cancelar todos os trâmites com a M&K. A partir de agora, essa empresa não deverá mais atuar na reforma da Cidade da Criança. O acordo que fizemos com a empresa no segundo semestre do ano passado não foi cumprido e não conseguimos entregar o parque no tempo proposto, que seria esse mês", afirma Tiago Índio. O andamento da obra não atendeu às demandas do cronograma e a empresa será então cortada após quatro anos de trabalho.


As correções que entraram no projeto estavam relacionadas com acessibilidade, instalações elétricas, ampliações no anfiteatro e algumas modificações internas na escolinha e na pista de cooper. Outro problema era o da iluminação noturna, que não era suficiente e precisava ser revista após estudos, bem como o projeto paisagístico voltado para o público infantil, com mais árvores e áreas de sombra. As estimativas do Governo é que a reforma da Cidade da Criança possa chegar a R$ 10 milhões e uma coisa pode-se concluir a partir das imagens registradas ao longo do tempo: é que a área está cada vez menos verde.


O projeto original, inicialmente orçado em R$ 8,5 milhões (R$ 7,2 milhões para reforma e R$1,3 milhão para aquisição de equipamentos), já sofreu alterações e tudo indica que uma segunda mudança seja proposta ainda neste mês de maio com a inclusão de atrações da chamada Cidade da Ciência. Ou seja, além das obras de reforma, ampliação, adequação, restauração e construção de novas estruturas voltadas para o atendimento do público infanto-juvenil, o lugar também será contemplado com equipamentos ligados à educação científica como instalação de um museu, no local onde estava previsto um restaurante, e do planetário, cuja máquina foi adquirida pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do RN (Fapern) há dois anos e permanece embalada.


Índio afirma que será preciso aguardar o fechamento das medições rescisórias para que seja aberto um novo processo de licitação e assim continuar a execução da obra. Por esse motivo, o novo prazo de execução ainda não foi previsto e não poder ser refeito. "A rescisão é burocrática e demanda tempo. Mas sabemos que deveremos investir o saldo restante de 40% do valor total para completar a obra. Isso porque já completamos em torno de 60% da obra. A nossa prioridade é terminar essa obra o mais rápido possível", finaliza o secretário.

Jornal Defato

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