CIDADE DA CRIANÇA ABANDONADA...
Cidade
da Criança está em obras há 4 anos
Alex Costa
Da Redação de Natal
Natal - E vai começar tudo de novo. Há quatro anos
em reforma, a Cidade da Criança ainda não contemplou
a tão desejada inauguração prometida tantas
vezes em tantos prazos diferentes. Desde 2008, o parque está
fechado e passa por uma reestruturação completa. Na
gestão passada, de Wilma de Faria, a obra empacou diversas
vezes e a empresa contratada, a M&K Engenharia, permanecia na
execução em passos lentos. Após uma reavaliação
do projeto de construção do parque, feita pelos engenheiros
da Secretaria Estadual de Infraestrutura no segundo semestre da
gestão de Rosalba Ciarlini, a empresa não quis se
responsabilizar pelas mudanças no cronograma. Há quase
um mês que não se houve o som dos martelos.
No local, só vestígios de construção.
Portas e janelas se acumulam no local onde deveria ser o anfiteatro.
Andaimes e guindastes estão sem nenhum homem escalando. Na
capela, um colchonete e algumas sacolas com comida simbolizam o
descanso e a comodidade dos peões diante de "nada para
fazer". De acordo com um dos encarregados da obra, a presença
dele só é necessária para tomar conta do espaço.
As explicações são mínimas diante do
receio de represálias.
As águas da Lagoa Felipe Camarão estão limpas,
a dragagem completada. Mas com o tempo, as águas começam
a acumular lixo e outros detritos. As ruínas de antigas construções
ainda permanecem de pé. As árvores antigas começam
a cair. Um coqueiro que caiu há cerca de um mês danificou
a grade de proteção da lagoa e deixou todas as palhas
para dentro do canal.
Para o senhor Mariano Viana, de 66 anos, a sensação
é de descaso. "É tanto tempo assim em obras.
Um vai e volta. Promessas de inauguração não
cumpridas. Não sei mais em quem acreditar", afirma.
Mariano é morador de uma pequena casinha, localizada logo
na entrada do parque, onde desde 1994 mantém um pequeno comércio.
Com a reforma, o idoso, que reside sozinho e faz hemodiálise,
ainda não sabe para onde vai e relembra os momentos de glória
do passado.
"Hoje em dia eu só vendo meus lanches para algumas pessoas
que passam na rua e que compram. Tiro uns R$ 20 por dia, em média.
Dá pra sobreviver", conta. Nada comparado à receita
gerada quando o parque funcionava e quando seu Mariano tinha ainda
carrinhos de pipoca circulando pelo parque. Segundo ele, o plano
da reforma edifica um muro que passa bem pelo meio da sua casa,
cedida pela Fundação José Augusto nos anos
90.
A arborização do lugar é pobre. Muitas árvores
foram retiradas, pois estavam doentes ou apresentavam riscos para
as pessoas. As novas construções começam a
sofrer com o tempo intocadas e paradas sem que haja manutenção
ou completude na edificação. Ainda assim, o parque
Cidade da Criança ainda pode ser uma realidade, na esperança
de Mariano. "Eu acredito que isso pode voltar a ser o que era
antes. E eu quero estar aqui para ver de perto e viver essa nova
realidade", espera.
Infraestrutura
alega problemas no projeto
Natal - Após diversas correções no projeto
de construção da Cidade da Criança, parque
localizado entre a Avenida Prudente de Morais e a Rodrigues Alves
na capital potiguar, a empresa contratada para executar os serviços,
a M&K Engenharia, se recusou a mudar o cronograma de estratégia
das obras. De acordo com o secretário adjunto da Secretaria
Estadual de Infraestrutura, Tiago Índio, o contrato com a
empresa se encerra na próxima segunda-feira e não
será prorrogado.
"Iremos cancelar todos os trâmites com a M&K. A partir
de agora, essa empresa não deverá mais atuar na reforma
da Cidade da Criança. O acordo que fizemos com a empresa
no segundo semestre do ano passado não foi cumprido e não
conseguimos entregar o parque no tempo proposto, que seria esse
mês", afirma Tiago Índio. O andamento da obra
não atendeu às demandas do cronograma e a empresa
será então cortada após quatro anos de trabalho.
As correções que entraram no projeto estavam relacionadas
com acessibilidade, instalações elétricas,
ampliações no anfiteatro e algumas modificações
internas na escolinha e na pista de cooper. Outro problema era o
da iluminação noturna, que não era suficiente
e precisava ser revista após estudos, bem como o projeto
paisagístico voltado para o público infantil, com
mais árvores e áreas de sombra. As estimativas do
Governo é que a reforma da Cidade da Criança possa
chegar a R$ 10 milhões e uma coisa pode-se concluir a partir
das imagens registradas ao longo do tempo: é que a área
está cada vez menos verde.
O projeto original, inicialmente orçado em R$ 8,5 milhões
(R$ 7,2 milhões para reforma e R$1,3 milhão para aquisição
de equipamentos), já sofreu alterações e tudo
indica que uma segunda mudança seja proposta ainda neste
mês de maio com a inclusão de atrações
da chamada Cidade da Ciência. Ou seja, além das obras
de reforma, ampliação, adequação, restauração
e construção de novas estruturas voltadas para o atendimento
do público infanto-juvenil, o lugar também será
contemplado com equipamentos ligados à educação
científica como instalação de um museu, no
local onde estava previsto um restaurante, e do planetário,
cuja máquina foi adquirida pela Fundação de
Apoio à Pesquisa do Estado do RN (Fapern) há dois
anos e permanece embalada.
Índio afirma que será preciso aguardar o fechamento
das medições rescisórias para que seja aberto
um novo processo de licitação e assim continuar a
execução da obra. Por esse motivo, o novo prazo de
execução ainda não foi previsto e não
poder ser refeito. "A rescisão é burocrática
e demanda tempo. Mas sabemos que deveremos investir o saldo restante
de 40% do valor total para completar a obra. Isso porque já
completamos em torno de 60% da obra. A nossa prioridade é
terminar essa obra o mais rápido possível", finaliza
o secretário.
Jornal Defato
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