RN: TERRA DE NINGUÉM.
Não há mais crimes cá no interior do Rio Grande do Norte. Liberou geral.
Se não há inquérito nem julgamento não há crime. Matar não é crime.
Roubar não é crime. Assaltar não é crime. A casa de mãe-joana
escancarou-se. Isso vem de longe e só piora.
Os assaltos do Sábado e Domingo, repetidos todos os fins de semana,
ficam sem registro de queixa. Na delegacia da cidade um soldado
solitário informa que BO só na Quarta-Feira.
Nem BO, inquérito, ou julgamento; punição? Só para o povo. Terra
devastada, que lembra povoado do Oeste americano nos tempos do
bang-bang. Só que nos bang-bangs daqui não tem xerife.
Em Umarizal, onde os inimigos históricos decretaram a prescrição do
ódio, a paz só existe nas mumunhas políticas. O maior número de
assassinatos, no Estado. Martins concorre, no item assalto.
Sabe o que é crime? Não responder ofício estúpido exigindo rampa no
Forte do Reis Magos. Sabe o que é crime? Não fazer licitação para
comprar passagens de cantores do finado Seis e Meia, com dia e hora
certa. Sabe o que é crime? Restaurar a Cidade da Criança, sem licitação,
mesmo com prova da obra realizada e do trabalho pago, com custo muito
abaixo da obra licitada com empreiteira. Para cada um desses “crimes”,
cinco promotores na denúncia. E não há prescrição. Para matar gente a
prescrição é automática.
Uma das vítimas de assaltos do fim de semana, pois assalto aqui, no
Sábado e Domingo, é como chuva em Belém, só uma questão de hora,
procurou o Tenente comandante da “guarda policial” da cidade. Sabe qual
foi a providência? O Tenente orientou a vítima: “Tome cuidado”.
Como tomar cuidado? Dormir no mato, como nos tempos de Lampião? Nem na
delegacia alguém dormirá sossegado. Já invadiram o Fórum e levaram mais
de quarenta armas, que se vinculavam a processos pendentes. Invadiram a
sede da Promotoria Pública. Arrobaram os Correios. Explodiram a agência
do Banco do Brasil. Não há notícia sobre inquéritos ou roteiro desses
crimes.
Se as autoridades são roubadas, assaltadas e invadidas; imagine os pobres inquilinos de mãe-joana.
Dar parte aos “juristas”? Tem jurista aí a bater de vara. Desarmaram a
população, armam os bandidos. Assaltos todo fim de semana; e não há
polícia, nem pra se dar queixa. Aqui, um dia é dos bandidos e o outro
também. Vai ter policiamento ostensivo para receber os novos amigos da
“paz pública” de Umarizal, com fanfarra e discurso chato. Sobre os
cadáveres de crimes impunes.
Só não é terra de ninguém porque foi escriturada para os bandidos.
Abandono público, com o poder e juristas banhados de óleo de peroba,
onde o povo é clandestino no quintal de mãe-joana. E ainda dizem
cretinamente que aqui é lugar de turismo. Só se for pra turista doido.
Té mais.
Francois Silvestre é escritor e vive arranchado no topo do município de Martins-RN. [
Artigo originalmente publicado no Novo Jornal]
[artigo certeiro...exceto quando direciona a crítica ao MP. O ativismo do MP no combate aos desvios dos agentes públicos é merecedor de elogios, pois o cerne da questão, creio, é exatamente a corrupção. combatê-la com veemência é essencial para asseguar bons serviços públicos: saúde, educação e segurança. A falência do sistema de segurança pública não serve como justificativa para ações realizadas em desobediência aos preceitos legais, ou, um erro não encontra justificativa em outros erros. O problema da falta de segurança não será resolvido com o MP descuidando do enfrentamento as irregularidades cometidas por agentes públicos...]
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