domingo, 6 de maio de 2012

RN: TERRA DE NINGUÉM.

Não há mais crimes cá no interior do Rio Grande do Norte. Liberou geral. Se não há inquérito nem julgamento não há crime. Matar não é crime. Roubar não é crime. Assaltar não é crime. A casa de mãe-joana escancarou-se. Isso vem de longe e só piora.


Os assaltos do Sábado e Domingo, repetidos todos os fins de semana, ficam sem registro de queixa. Na delegacia da cidade um soldado solitário informa que BO só na Quarta-Feira.


Nem BO, inquérito, ou julgamento; punição? Só para o povo. Terra devastada, que lembra povoado do Oeste americano nos tempos do bang-bang. Só que nos bang-bangs daqui não tem xerife.


Em Umarizal, onde os inimigos históricos decretaram a prescrição do ódio, a paz só existe nas mumunhas políticas. O maior número de assassinatos, no Estado. Martins concorre, no item assalto.


Sabe o que é crime? Não responder ofício estúpido exigindo rampa no Forte do Reis Magos. Sabe o que é crime? Não fazer licitação para comprar passagens de cantores do finado Seis e Meia, com dia e hora certa. Sabe o que é crime? Restaurar a Cidade da Criança, sem licitação, mesmo com prova da obra realizada e do trabalho pago, com custo muito abaixo da obra licitada com empreiteira. Para cada um desses “crimes”, cinco promotores na denúncia. E não há prescrição. Para matar gente a prescrição é automática.


Uma das vítimas de assaltos do fim de semana, pois assalto aqui, no Sábado e Domingo, é como chuva em Belém, só uma questão de hora, procurou o Tenente comandante da “guarda policial” da cidade. Sabe qual foi a providência? O Tenente orientou a vítima: “Tome cuidado”.


Como tomar cuidado? Dormir no mato, como nos tempos de Lampião? Nem na delegacia alguém dormirá sossegado. Já invadiram o Fórum e levaram mais de quarenta armas, que se vinculavam a processos pendentes. Invadiram a sede da Promotoria Pública. Arrobaram os Correios. Explodiram a agência do Banco do Brasil. Não há notícia sobre inquéritos ou roteiro desses crimes.


Se as autoridades são roubadas, assaltadas e invadidas; imagine os pobres inquilinos de mãe-joana.


Dar parte aos “juristas”? Tem jurista aí a bater de vara. Desarmaram a população, armam os bandidos. Assaltos todo fim de semana; e não há polícia, nem pra se dar queixa. Aqui, um dia é dos bandidos e o outro também. Vai ter policiamento ostensivo para receber os novos amigos da “paz pública” de Umarizal, com fanfarra e discurso chato. Sobre os cadáveres de crimes impunes.


Só não é terra de ninguém porque foi escriturada para os bandidos. Abandono público, com o poder e juristas banhados de óleo de peroba, onde o povo é clandestino no quintal de mãe-joana. E ainda dizem cretinamente que aqui é lugar de turismo. Só se for pra turista doido. Té mais.

Francois Silvestre é escritor e vive arranchado no topo do município de Martins-RN. [ Artigo originalmente publicado no Novo Jornal]

[artigo certeiro...exceto quando direciona a crítica ao MP. O ativismo do MP no combate aos desvios dos agentes públicos é merecedor de elogios, pois o cerne da questão, creio, é exatamente a corrupção. combatê-la com veemência é essencial para asseguar bons serviços públicos: saúde, educação e segurança. A falência do sistema de segurança pública não serve como justificativa para ações realizadas em desobediência aos preceitos legais, ou, um erro não encontra justificativa em outros erros. O problema da falta de segurança não será resolvido com o MP descuidando do enfrentamento as irregularidades cometidas por agentes públicos...]

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