A
governadora Rosalba Ciarlini (DEM) discutiu ontem, em Brasília, com
lideranças que integram o Conselho Político, alternativas para superar o
atual momento da administração estadual. O encontro foi no gabinete do
senador José Agripino Maia (DEM) e além da própria chefe do Executivo e
do presidente do DEM, estiveram presentes o ministro da Previdência,
Garibaldi Filho (PMDB), o deputado federal Henrique Alves (PMDB) e o
ex-deputado estadual Carlos Augusto, marido da governadora.
Durante
a conversa, os aliados reconheceram a situação crítica no que diz
respeito à gestão e relacionamento político do governo. Os integrantes
do Conselho analisaram possíveis saídas para dar um novo rumo à
administração estadual.
Uma alternativa cogitada foi a
oficialização da participação do ex-deputado Carlos Augusto Rosado (DEM)
no governo. Para isso, está em análise a possibilidade de ele assumir o
cargo de secretário-chefe do Gabinete Civil. Carlos Augusto teria
demonstrado certo entusiasmo com essa possibilidade.
Os aliados
da governadora consideram que outras medidas devem ser tomadas. O
objetivo é ter um nome para gerenciar os principais programas em
execução e os que passarem a ser desenvolvidos a partir de agora. O
escolhido para essa missão foi o atual secretário de Políticas de
Previdência Complementar, Jaime Mariz, auxiliar próximo do ministro
Garibaldi Alves. Jaime Mariz assumiria a Secretaria de Estado do
Planejamento e das Finanças (Seplan), no lugar de Obery Rodrigues. O
atual titular da Seplan seria aproveitado em uma outra pasta.
Jaime
Mariz foi procurado ontem pela TRIBUNA DO NORTE, mas não se encontrava
em Brasília e também não estava com o telefone disponível para receber
ligações.
Mas já se sabe que a Seplan não está nos planos do
auxiliar de Garibaldi Filho. Ele teve uma participação reconhecida nas
iniciativas e articulações para a aprovação do Fundo de Previdência do
Servidor Público, que tem o objetivo, em longo prazo, de acabar com o
déficit no pagamento das aposentadorias do funcionalismo.
O
senador José Agripino Maia admitiu que, durante a reunião, foram
abordados problemas pontuais e se procurou encontrar soluções para as
dificuldades enfrentadas pelo Governo. "Abordamos alguns problemas,
tratamos de soluções e avançamos", disse.
Ele acrescentou que
outras questões foram discutidas, como o enfrentamento dos efeitos da
seca no Rio Grande do Norte, que se configura como uma das mais graves
dos últimos anos. Outro assunto tratado, afirmou José Agripino, foi a
busca por recursos para investimentos em outras estruturantes, como a
barragem de Oiticica. "Claro que também tratamos das secretarias de
Saúde, Turismo e Justiça (que estão com interinos). Mas são conversas
que esse Conselho terá sempre que houver necessidade. Enquanto tiver
alguma coisa para discutir, vamos discutir", acrescentou o parlamentar.
Cargos estão com secretários interinos
O
Governo do Estado contabiliza pelo menos cinco cargos importantes da
administração que estão atualmente sem os respectivos titulares, alguns
deles sem perspectivas de ocupação rapidamente. Os motivos são
variados. Ou por causa da saída recente do secretário - como é o caso de
Domício Arruda, da Saúde, que deixou a gestão na última quarta-feira
(2) - ou em virtude da dificuldade do próprio Governo de convencer
alguém a assumir a pasta. Neste caso, o cenário mais emblemático é o da
Secretaria de Justiça e da Cidadania (Sejuc), cujo último titular, o
advogado Fábio Holanda, não permaneceu três meses. Ele saiu de cena no
dia 17 de março, deixando para trás um clima animoso com o grupo
comandado pela governadora Rosalba Ciarlini (DEM) e sob o argumento de
que não dispunha de condições de realizar um bom trabalho.
A
Sejuc acabou sendo ocupada emergencialmente pelo também secretário de
Segurança Pública e Defesa Social (Sesed), Aldair da Rocha, e a partir
daí o que se viu foi um verdadeiro engajamento por parte da
administração estadual para encontrar um titular para a pasta que é
responsável, entre outras coisas, pela administração do sistema
penitenciário e também por coordenar a Defesa Civil no Estado. Mas não
tem sido fácil. Por indicação do deputado João Maia (PR), a governadora
Rosalba Ciarlini fez um convite oficial ao promotor de Defesa do
Consumidor, José Augusto Péres, para comandar a Sejuc. O projeto
esbarrou no Conselho Superior do Ministério Público, que considerou
inadequada a saída do promotor neste momento de fragilidade do Governo.
Rosalba
Ciarlini enfrenta problemas ainda na Secretaria de Turismo (Setur), que
está ocupada pelo secretário em exercício, Luiz Eduardo Bulhões, desde
17 de março; o Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do RN
(Idiarn), cuja diretora geral em exercício, Vera Lúcia de Paiva, era a
antiga adjunta. O Governo enfrenta problemas também na administração do
Hospital Walfredo Gurgel. Há um mês, o maior hospital de urgência e
emergência do Estado está sem diretor geral, desde que o médico Mozar
Dias pediu exoneração do cargo.
Deputados comentam saída de Domício
A
crise que abala o Governo do Estado também repercutiu ontem na
Assembleia Legislativa. Os deputados lamentaram a exoneração de Domício
Arruda da Secretaria de Saúde e observaram que a escassez de recursos e
condições desfavoráveis de ação descarrilharam na queda do ex-auxiliar
de Rosalba Ciarlini. Para o deputado Vivaldo Costa (PR) não houve crise
política. "A Secretaria de Saúde não deu resposta e Domício não
conseguiu resolver os problemas porque faltou dinheiro", declarou o
seridoense.
Ele assinalou que os recursos enviados pelo Governo
Federal para serem aplicados na saúde pública são insuficientes e que
Domício Arruda foi uma vítima desse caos ramificado no país. "Os
hospitais do Brasil inteiro sofrem desse mal. Sempre vemos reportagens
mostrando pessoas sendo atendidas nos corredores. Falta médico em toda
parte. Domício foi vítima disso tudo. Ele é um homem honrado e
comprometido. Nunca se negou a atender um telefonema de ninguém. Se não
fez um grande trabalho foi por falta de recursos. Esse modelo econômico
centralizador, onde os recursos estão todos com o Governo Federal e
quase nada para os Estados, precisa ser mudado", disse Vivaldo.
A
deputada Márcia Maia (PSB) também se pronunciou, assim como o
parlamentar do PR, tecendo elogios ao ex-secretário. "Sei que Domício
sempre teve boa intenção. Eu o convidei para uma audiência pública sobre
a dengue e ele veio, ficou até o final. Sei que como médico e como ser
humano sempre teve boa intenção. Infelizmente não teve apoio do próprio
Estado. Não é só a falta de recursos federais, mas do estado também.
Sabemos que o RN tem arrecadado cada vez mais. A grande vítima dessa
crise na saúde é a população", declarou Márcia.
Para o deputado
Fernando Mineiro (PT), o problema da saúde não é de nomes nem da falta
de repasse de recursos do governo federal. O problema é do modelo de
gestão que foi implantado pelo governo estadual. "O modelo é
terceirizado. Até a demissão de secretário é terceirizada, o que deixa
bem claro esse modelo", afirmou.
A crise do Governo e
especialmente na área da Saúde também encontrou eco na Câmara Federal. A
deputada Fátima Bezerra (PT) lembrou que no período em que Domício
Arruda permaneceu a frente da Sesap, pouco mais de um ano e cinco meses,
o Governo do DEM enfrentou críticas por não resolver o "caos" nas
unidades hospitalares do Rio Grande do Norte.
Tribuna do norte - Aldemar Freire e Maria da Guia Dantas - Editoria de Política
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