A força do exemplo
A força de um exemplo supera toneladas de palavras
e conselhos
Nas
olimpíadas de 1968, no México, o tanzaniano John Stephen Akwari cruzou a linha
de chegada uma hora e meia após o último maratonista, chegou com a perna
enfaixada e manchada de sangue, ferido e com dor, mesmo assim foi até o fim.
Quando questionado a respeito da razão de não ter abandonado a prova já que
estava ferido, Akwari respondeu "Meu país não me mandou atravessar 14000
quilômetros de distância para competir apenas na largada". "Meu país
me mandou aqui para completar a prova". Este atleta não ganhou a prova,
mas foi aplaudido pelas pessoas que ainda estavam presentes como um verdadeiro
campeão.
Nas
olimpíadas de 1984, na prova da maratona feminina, o mundo viu a americana Joan
Benoit vencer a prova, a frente da favorita, a norueguesa Grete Waitz - que
havia superado a americana em 10 das ultimas 11 provas. Mas para muitos, a
imagem duradoura da perseverança e resignação humana é atribuída a Gabrielle
Andersen-Scheiss, que neste mesmo dia arrastou-se quase cambaleando pelos 400
metros finais da prova por quase longos 7 minutos, totalmente prostrada.
Incentivada pela multidão Gabrielle cruzou a linha de chegada de forma
dramática, com dores, cambaleante e quase movida apenas pelo desejo de chegar;
o corpo praticamente já não respondia mais e esta corredora chegou ao final da
prova totalmente castigada pelos efeitos do intenso calor daquele dia. Foi o
37º lugar mais aplaudido da história das olimpíadas. Muita gente ainda se
arrepia ao assistir ao vídeo ou ver alguma foto desta atleta.
Uma senhora fez uma longa viagem
para falar com Ghandi, ao ser recebida, disse:
–
Mestre, este meu filho tem diabete. Por favor, peça a ele que pare de comer
açúcar.
Ghandi
respondeu:
– Minha
senhora, peço que retorne daqui a duas semanas.
Passados
15 dias a senhora voltou com o garoto e imediatamente ouviu o mestre solicitar
ao menino para parar de comer açúcar.
A
mulher ficou intrigada e perguntou:
–
Mestre, por que o senhor não lhe disse isso 15 dias atrás?
Ghandi
respondeu:
– Como
eu poderia pedir algo a ele se eu mesmo não fazia. Estas pessoas são lembradas
e aclamadas por seus exemplos, cada uma a sua maneira, cada uma da melhor forma
que podia deixou marcada a mente daqueles que conhecem sua história, são
pessoas que demonstraram a força do exemplo. Freqüentemente, em palestras ou
cursos pergunto as pessoas:
– Quem
é seu herói ou quem você mais admira no mundo?
A
resposta mais freqüente é: Meu pai ou minha mãe ou ainda meus país.
E a
razão de serem considerados ídolos ou heróis não é simplesmente pelo fato de
terem um laço de sangue, mas fundamentalmente por ensinarem (bem ou mal) coisas
da vida, por agirem de forma a influenciar o comportamento dos filhos, sua
visão de mundo, seus valores, tudo isto pelo exemplo. Tendemos a ouvir ou
seguir aqueles que prioritariamente nos conquistam ou nos mostram com ações,
com seu exemplo os caminhos mais corretos, os perigos a serem evitados ou o
erro que estamos cometendo ou prestes a cometer.
Nada é
mais forte do que o exemplo.
Existem
diversos responsáveis por empresas ou grupos de pessoas que pregam isto e
aquilo, dizem o que deve ser feito, que expressem o que querem e dão à
impressão de saberem para onde conduzem os resultados, mas apenas falam. Seus
atos não correspondem ao que pregam, e os resultados são: colaboradores
frustrados, pessoas que não compram e muito menos vendem as idéias que foram
pregadas, descontentamento e críticas. Os exemplos podem vir do cotidiano de
pessoas comuns com atitudes incomuns, como o caso real de uma dona de
faculdade. No começo ajudava a limpar as salas, organizar e limpar os
banheiros, arrumar a biblioteca. Entrava em sala de aula e ainda tinha tempo
para cuidar do crescimento, dos problemas e das reclamações dos alunos. Além de
cuidar da criação dos dois filhos, ela mostrava com seus atos o que deveria ser
valorizado dentro da faculdade.
O resultado
Quatro
unidades, mais de 5000 mil alunos, uma reputação sólida, o respeito dos
concorrentes, a admiração de seus funcionários e, sobretudo, o orgulho de seus
alunos em estarem estudando em uma instituição séria e progressiva. Ao
contrário, também temos os exemplos ruins, como o curioso e desconcertante caso
de uma secretária de advogado. Ela estava completamente frustrada e,
desmotivada em função de como seu “chefe” trabalhava. Ele dizia que ela deveria
tratar o cliente como um rei, dar atenção, não fazê-lo esperar, que deveria se
organizar e anotar tudo, que ela era sua “escudeira”, o primeiro contato com o
cliente, sua porta voz e representante. Mas freqüentemente ele não lembrava de
dar retorno ao cliente e, em uma de diversas vezes o cliente chegou ao
escritório e disse que tentou entrar em contato várias vezes por telefone, mas
não recebera nenhum retorno - a secretaria havia passado os recados e lembrado
de que o cliente estava esperando o contato, o advogado simplesmente repreendeu
a secretária na frente do cliente dizendo que não sabia da situação e que ela
seria responsabilizada por isto. Entrou em sua sala com o cliente e depois
fingiu que nada aconteceu. Para se livrar do problema, culpou outra pessoa, sua
fiel “escudeira”.
A
gestão pelo exemplo deveria começar a ser tratada com a importância que tem e a
influência que exerce no dia-a-dia. Pequenos gestos, comportamentos e maneiras
de lidar com os problemas levam aos demais nossa imagem que é processada pelos
clientes internos (colaboradores) e também externos (reais e potenciais). [...]
As
pessoas estão cada vez menos tolerantes com aqueles que pregam a mudança e são
os primeiros a boicotá-la. Que dizem que a organização é importante e não
cuidam sequer da arrumação da própria mesa. Que dizem terem o foco no cliente,
mas se escondem quando há problemas ou pior perdem clientes em função de seu descaso,
arrogância ou prepotência. Trabalhe a força do exemplo positivo e você verá
como se torna mais fácil vender idéias e comprometer pessoas. Os exemplos estão
aí para quem quiser ver.
Fonte
VIOLIN, Fábio. A força do exemplo. Disponível em: <http://www.consultores.com.br/artigos.asp?cod_artigo=384>.
Nenhum comentário:
Postar um comentário