segunda-feira, 7 de maio de 2012

judasgate: Desembargadores devem falar sobre Oswaldo

O que mais se ouviu na manhã desta segunda-feira, 7, hoje, na praça 7 de Setembro, no centro velho de Natal, foi a tese de que está se tornando inadiável um pronunciamento do plenário do Tribunal de Justiça, ali sediado, sobre o roubo de milhões de reais na conta de precatórios da corte potiguar.

Esta necessidade foi discursada algumas vezes, ao longo das últimas semanas, mas o colegiado se poupou. Voltou a ser esgrimida esta manhã em decorrência da tentativa que muitos operadores do direito enxergam de se tentar desqualificar o mérito que ninguém conseguiu arrancar à presidente da corte, desembargadora Judite Monte Nunes, de haver estancado a sangria tão logo soube de sua ocorrência, como crime continuado, desde 2.007, quando o tribunal era presidido pelo seu colega Oswaldo Soares da Cruz, um dos denunciados como co-autores do desvio perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Dois fatos se evidenciaram como justificativa para o pedido do pronunciamento da corte potiguar.

- Há pouco mais de dez dias, circulou na internet uma versão editada e truncada de parte de depoimento prestado ao ministério público pelo pivô do escândalo, a serventuária da justiça Carla Ubarana, no qual excertos serviriam para desqualificar o desembargador Caio Alencar como presidente da comissão de sindicância instaurada por Judite e erguer uma barreira de suspeição sobre a presidente do tribunal. 

Experts em tecnologia da informação apensados ao Tribunal de Justiça já identificaram o chamado "IP" do responsável pelo vazamento orquestrado da versão ajeitada e seu envolvimento com escritório local de advocacia desde os primeiros momentos presente ao escândalo, faltando agora apenas a delegacia da polícia federal especializada em crimes informáticos instaurar inquérito para mostrar quem está tentando impedir que se faça justiça em detrimentos de togas manchadas. 

[cada enxadada uma minhoca...tem escritório de advogacia envolvido em manipulações de informações contra desembargadores?]

- O segundo evento foi uma entrevista na qual Oswaldo Cruz mostrou, através do matutino impresso "O Jornal de Hoje", as linhas mestras da defesa que pretende apresentar ao STJ, constituindo-se na transformação do magistrado em verdadeira metralhadora giratória.

No afã de reeditar o estilo que deu certo durante décadas do século passado ao ser utilizado pelo legendário advogado João Medeiros Filho, que primeiramente ganhava os litígios nas páginas de jornais para depois homologar seus resultados em juízo, a defesa de Oswaldo pareceu a muitos haver perdido qualquer noção de limite ao lançar na vala comum de suspeitos não apenas Caio e Judite, mas também a ministra Eliana Calmon, corregedora geral do Conselho Nacional de Justiça. 

[É conhecida a técnica de desqualificação dos investigadores e denunciantes, aliás, é tão primária que causa certa surpresa imaginar que a defesa de Oswaldo tenha recorrido a esta linha de defesa. Chega-se a desacreditar da capacidade do próprio desembargador, que se supõe, seja profundo conhecedor do direito. Mas, como se diz por estas bandas: homem acuado...briga.]

Mais inflamável do que os tiros de Oswaldo, até gora, em relação aos precatórios, Natal só havia conhecido a bomba lançada ainda em janeiro pelo advogado Felipe Gurgel Júnior, mais conhecido como "Júnior Gurgel", que, falando em denúncias apresentadas ao CNJ e STJ, só livrou a cara de dois desembargadores potiguares. Quando, semanas depois, retirou suas representações e veio à imprensa, muito timidamente, comunicar que deixava de subscrever as acusações, Júnior Gurgel se viu transformado em polo passivo de no mínimo quinze ações que todos os desembargadores na ativa protocolaram contra ele.

Verdadeiro arremesso de farinha no ventilador, a ofensiva que Oswaldo Cruz adotou é mais letárgica do o traque barulhento de Júnior, porque traz consigo o peso da convivência de muitos anos com os alvos de suas acusações. 

Esta estratégia tem tudo para fazer com que boa parte do seu tribunal se levante, a fim de impedir que a sujeira manche também suas togas. Afinal, dependendo das fontes de informações, é superior a dois o número de desembargadores atingidos por denuncias e suspeições relacionadas aos precatórios exatamente porque o Tribunal de Justiça não apurou prontamente cada envolvimento na medida em ele era apresentado - em juízo e fora dele.

Roberto guedes

[é bom mesmo que os desembargadores possam se levantar e...andar, olhar a sociedade, encarar a própria imagem no espelho, ser reconhecido pela correção, altivez, independência. Qualquer coisa diferente disso nos aproximar da barbárie. Precisamos de um Judiciário sem máculas, que seja capaz, se for necessário, cortar a própria carne, ou melhor, extirpar a parte podre. Lázaro...escuta-nos!]

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