WALFREDO GURGEL: MP SUGERE SÉRIE DE AÇÕES
Do DN.
A promotora da saúde Iara Pinheiro convocou uma coletiva de imprensa na
manhã de ontem para apresentar o relatório feito após inspeção no
Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HWG), realizada no último dia 30.
Além disso, a promotora falou sobre o andamento da ação conjunta com o
Tribunal de Contas do Estado (TCE) que fará auditoria em 23 unidades
hospitalares do estado.
O relatório referente ao Walfredo Gurgel e
outros assuntos foram pauta da reunião do Ministério Público Estadual
com a governadora Rosalba Ciarlini ocorrida no final da tarde de ontem.
No início da manhã de ontem, o MPE se reuniu com representantes do
Conselho Regional de Medicina, entidades jurídicas, sociedade civil e
igreja para compreender melhor a dimensão do atual problema da saúde
pública e buscar soluções para reverter esse quadro.
Quanto ao
quadro encontrado por ela no Walfredo Gurgel, Iara Pinheiro disse ter
constatado situação nunca antes vistas em seus oito anos a frente da
promotoria de saúde, como o grande acúmulo de lixo comum no hospital,
número excessivo de internações em macas nos corredores,
desabastecimento de medicamentos, atendimento precário aos pacientes,
entre várias outras irregularidades.
Segundo a promotora da
saúde, os problemas da saúde pública e, principalmente, do HWG são
questões antigas, não uma exclusividade da atual gestão. O processo mais
antigo que corre no MPE é quanto à retirada das macas dos corredores da
unidade, que tramita há onze anos. "A saúde não é prioridade em todos
os governos que acompanhei nesses oito anos de promotoria", ressaltou.
Ainda
no início da manhã, a reportagem do Diário de Natal voltou ao Hospital
Walfredo Gurgel e constatou que a situação caótica permanece, com macas
lotando os corredores, medicamentos em falta e pacientes sem atendimento
médico.
A paciente Josefa de Moura, de 78 anos, é uma das que não viram
evolução no atendimento. Sua nora, Maria Núbia de Moura, diz que nenhum
médico lhe deu assistência desde a sua internação na última
quarta-feira. Josefa está internada em uma maca com o braço direito
quebrado. "Só quando as dores estão muito fortes, uma enfermeira vem e
dá uma injeção", diz Maria Núbia.
De acordo com Iara Pinheiro, a
diretoria administrativa do hospital atribuiu as irregularidades vistas
pelo MPE durante a inspeção, à falta de pagamento dos serviços
terceirizados de manutenção de equipamentos e de coleta de lixo. Para o
Ministério Público, a ausência de uma gestão geral no HWG e a greve dos
servidores da saúde contribuem para o agravamento do quadro encontrado.
Recomendação
Do
relatório sobre a situação no Walfredo Gurgel, o MPE estipula uma série
de ações a serem cumpridas pela Secretaria Estadual de Saúde Pública
(Sesap), sendo os principais pontos:
nomeação imediata de equipe de
direção para o HWG, livre de indicações políticas; instalação de uma
central de regulação de leitos hospitalares do SUS em 30 dias; retirada
de todos os pacientes internados dos corredores dos hospitais Walfredo
Gurgel e Deoclécio Marques, em Parnamirim em até 60 dias, com a garantia
de leitos em rede própria ou contratada; e a implantação de um controle
eletrônico de ponto em todos os hospitais da rede Sesap.
Caso os
encaminhamentos não sejam cumpridos, será feita uma judicialização do
processo por parte do MPE. Durante a visita ao HWG, o MPE ouviu
servidores da saúde, pacientes que manifestaram indignação quanto à
falta de estrutura do maior hospital do estado.
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