O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às
necessidades presentes sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras
atenderem suas próprias e contém dois elementos essências: o conceito de
necessidade, sobretudo as fundamentais dos mais pobres, que devem receber a
máxima prioridade; e a noção das limitações que o estágio da tecnologia e da
organização social impõem ao meio ambiente, impedindo-o de atender às
necessidades presentes e futuras.
Alguns setores produtivos, como a mineração, siderurgia,
papel e celulose, petroquímica e a indústria cimenteira, por exemplo, são mais
poluentes do que outros. Dessa forma, qualquer processo de desenvolvimento só
será válido se for baseado na sustentabilidade, pois sem isso acontecem
sucessos imediatos, mas fatalmente o futuro ficará comprometido. Qualquer setor
industrial que provoque a exaustão de seus recursos naturais em nome da riqueza
a curto prazo, causará dano à sociedade. Se o recurso for fundamental e não
reposto, quer pela impossibilidade física, quer pela falta de meios
financeiros, é possível que a pobreza se instale em regiões outrora prósperas
de forma irremediável.
Quando o próprio processo de industrialização ou de
urbanização resulta em dano ambiental, como a contaminação do ar ou de
mananciais, mas ao mesmo tempo promove o desenvolvimento, a tendência é ignorar
que o custo ambiental onerará a população por longos períodos, dezenas de anos.
Um dia, a recuperação de passivos ambientais exigirá imensos gastos que
passarão a onerar a população, que poderia ter aqueles recursos destinados a
investimentos em outras áreas de maior retorno social ou econômico. O custo
ambiental será sempre cobrado da população, seja sob a forma de perda de
qualidade de vida, seja pelo aumento de gastos públicos ou privados.
Esses custos só se eliminam, ou se minimizam, se os planos
e programas de ação contiverem a idéia de desenvolvimento sustentável, a noção
de que o desenvolvimento perde sentido se for realizado às custas do
esgotamento dos recursos naturais e em detrimento das gerações vindouras. Para
se ter uma melhor idéia do que significa o uso exaustivo da natureza, pode-se
lembrar que a cada ano são destruídos 20 milhões de hectares de florestas e
perdidos 25 bilhões de toneladas de húmus, por causa da erosão, desertificação,
salinização ou qualquer outro processo de uso degradante do solo.
A salinização
de solos atinge mais de 900 milhões de hectares em todo o mundo e a sua
principal causa é a irrigação mal feita: a utilização de água em excesso ou de
água proveniente de reservatórios já salinizados. No nordeste brasileiro, mais
de 4 milhões de hectares de áreas agricultáveis acham-se em processo de
salinização. A terra torna-se estéril onde mais se precisa dela.
Um aspecto a observar é que o desenvolvimento sem
sustentabilidade ainda é comum em países onde a questão ambiental não adquiriu
a prioridade necessária. As principais razões disso são a pobreza e a falta de
conhecimentos que compatibilizem o uso e a preservação de recursos naturais, ou
seja, a falta de informação e de educação ambiental. O conhecimento de técnicas
preservacionistas deve ser transmitido à população. Deve-se ensinar, por
exemplo, como fazer agricultura sem provocar erosão do solo, utilizar a madeira
e ao mesmo tempo fazer o manejo florestal, ou empregar as reservas hídricas
para consumo e irrigação sem esgotá-las. A falta desses cuidados acaba por
acarretar mais danos aos países pobres que aos ricos, visto que os últimos
detêm conhecimentos tecnológicos cuja aplicação favorece a preservação do meio
ambiente.
[...]
Se o principal objetivo de um projeto é a geração de
empregos numa determinada região, pode-se, caso não haja cuidado na análise dos
custos ambientais, ter esse projeto atuando em situação inversa. O dano
ambiental que eventualmente venha a provocar pode eliminar atividades
econômicas existentes. Por exemplo, um projeto industrial que prejudique ou
elimine a pesca em um rio poderá comprometer a renda de um número de pessoas
superior ao total de empregos gerados pela unidade industrial implantada. A
responsabilidade por inverter essa situação é tanto dos órgãos públicos
responsáveis pelo licenciamento das obras, quanto dos organismos de crédito que
financiam os projetos. Os procedimentos modernos de elaboração e análise de
projetos devem incluir obrigatoriamente a contabilização de custos ambientais,
que poderão até invalidar totalmente os índices de rentabilidade dos projetos
ou exigir mudanças de localização.
Do ponto de vista ambiental, os projetos devem procurar
utilizar tecnologias que reduzam ao máximo, se não puderem eliminar os danos ao
meio ambiente. Isso vale tanto para a definição da localização, quanto para o
processo produtivo e para a destinação dos resíduos. As peculiaridades de cada
projeto é que indicarão quais variáveis devem ser levadas em conta na análise
de viabilidade. Do ponto de vista da localização, deverão ser analisados dados
como: a direção dos ventos dominantes, o tipo de terreno, a proximidade de
núcleos habitacionais, a compatibilidade da atividade a ser desenvolvida com a
existência de moradores na proximidade, a necessidade de preservar algum
ecossistema ou de recuperar áreas prejudicadas durante a construção.
O processo produtivo deve ter em conta a tecnologia
empregada para verificar se é ela que permite o melhor uso das matérias-primas,
ou se há alternativa que atinja o objetivo desejado com menor desperdício de
insumos. Devem ser verificados os níveis de ruído, a emissão de gases e a
possibilidade de produção de chuvas ácidas. A deposição dos resíduos, efluentes
líquidos e rejeitas sólidos deve ser estudada com todo o cuidado. Até a
temperatura dos efluentes deve ser verificada, pois efluentes excessivamente
aquecidos podem acarretar danos à vida na água e interromper alguma cadeia
alimentar existente no manancial onde por ventura eles deságüem. Normalmente os
processos de tratamento dos efluentes atendem bem às questões ambientais.
Muitas vezes não são implantados apenas por falta de exigência dos responsáveis
pelo licenciamento das obras.
[...]
A ansiedade em atrair indústrias para gerar empregos e
aumentar a arrecadação de impostos suscita com freqüência verdadeira guerra
entre os estados, cada um oferecendo incentivos maiores do que os outros, de
modo a criar facilidades locais que estimulem a opção dos investidores pelo
mais atraente do ponto de vista dos incentivos. Dentre esses incentivos, os
mais comuns são a doação de terrenos, redução ou isenção de impostos durante
determinado período e escassas exigências ambientais. Nesses casos, a avaliação
dos projetos é limitada, não detectando eventuais perdas ambientais.
A
avaliação ambiental dos projetos é mais complexa do que a avaliação
técnico-econômica dos mesmos. A tradução dos custos e benefícios em termos
monetários é insuficiente no caso dos parâmetros ambientais. Grande parte
desses custos pode e deve ser avaliada monetariamente. Não há problema em
traduzir em termos de custos o investimento a ser feito em filtros que eliminem
partículas sólidas do ar ou com o tratamento dos rejeitos. Do mesmo modo não é
difícil associar valores monetários a benefícios com a recuperação de uma área
degradada em função de um novo uso econômico que se lhe possa dar.
[...]
Fonte
FROTA JÚNIOR, Jorge Parente. A indústria e o desenvolvimento sustentável. Disponível em: <http://www.fiec.org.br/ceara/desenv_sust.htm?URL=3>.
FROTA JÚNIOR, Jorge Parente. A indústria e o desenvolvimento sustentável. Disponível em: <http://www.fiec.org.br/ceara/desenv_sust.htm?URL=3>.
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