A Firma Neoclássica
A
firma na teoria econômica convencional ocupa um lugar excessivamente restrito.
É apenas o local que reúne fatores de produção que se combinam de acordo com
a tecnologia disponível de conhecimento
comum. Nada mais é do que uma planta sujeita às leis de rendimento. Assim, na
teoria econômica neoclássica, a firma é o local onde uma ou várias
transformações tecnológicas são processadas em um determinado bem ou serviço. A
firma é retratada como um ator passivo, que toma a tecnologia, os preços dos
fatores e a capacidade organizacional como dados e reage às mudanças na oferta
e na demanda por substituição na margem. Aspectos organizacionais ou de
relacionamento com clientes e fornecedores são ignorados, de tal modo que a
firma pode ser representada como uma função de produção, cujas entradas são os
vários insumos necessários à produção e as saídas, os produtos produzidos por
ela.
Implícitas
nesta abordagem estão hipóteses sobre a eficiência no uso dos fatores de dois
tipos. Primeiro é assumido que a firma opera em sua função de produção que
mostra o volume máximo de um produto que pode ser obtido de cada combinação
factível dos insumos – capital e trabalho. A falha em operar na função de
produção implica desperdício no uso dos insumos. Em segundo lugar, dados os
preços dos fatores, assume-se que a firma escolhe a menor combinação de fatores
para cada possível nível de produto.
A
hipótese de comportamento que prevalece é de maximização de lucros. O
empresário, agindo racionalmente e com plena informação, escolhe o mix de
produtos mais adequado para maximizar os lucros. Uma determinada firma é uma
função maximizadora distinta de outras firmas pela sua estrutura de custos e produtos,
apenas. A natureza da firma com respeito às suas decisões de produção e de
investimento, bem como aspectos de organização interna como estrutura
hierárquica e processos de controle, por exemplo, são irrelevantes, e portanto,
ignorados.
A
abordagem neoclássica é adequada à construção do equilíbrio geral, porque a
enquadra como parte de um sistema de determinação de preços e alocação de
recursos. Nas condições ideais de concorrência perfeita, por exemplo, inúmeras
firmas fazem produtos substituíveis, de forma que os compradores não têm razão
para preferir o produto de uma firma ao de outra; as firmas são independentes e
dispersas, e há completo conhecimento de todos os compradores e produtores. Os
consumidores decodificam todas as informações a respeito dos atributos dos bens
sem dificuldades e são capazes de escolher racionalmente entre bens
alternativos. A firma é considerada, então, um agente individual, interagindo
com agentes similares — consumidores individuais — no mercado.
Fonte
FEIJÓ, C.; VALENTE,
E. A Firma na Teoria Econômica e como Unidade de Investigação Estatística. Revista de Economia Contemporânea . Rio
de Janeiro, v., n. Disponível em:
<http://www.ie.ufrj.br/revista/pdfs/a_firma_na_teoria_economica_e_como_unidade_de_investigacao_estatistica.pdf>.
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