Quando a
economia começou a criar excedentes, é que surgiu a necessidade de trocas de
mercadorias que se produziam, por outras que não eram produzidas internamente;
pois é nesta fase que começa a surgir algo que sirva como mediador, no
intercâmbio entre os produtos. Esta fase teve como início, mais ou menos, por
volta da passagem do estágio paleolítico, ou da pedra lascada, para o
neolítico, ou, como é comumente conhecida, de Revolução Agrícola que foi a
primeira revolução que aconteceu na história. Na era paleolítica não se trocava
nada. O que se encontrava na natureza era de imediato consumido, de acordo com
o surgimento da fome de cada participante da tribo, onde fazia parte. Esta fase
da história durou séculos e séculos, até o homem encontrar maneiras de como se
sedentarizar, quer dizer, não viver de arribada em busca de alimentação, ou
fugir das intempéries que são próprias da natureza universal.
Na etapa
paleolítica da história, não necessitava de meio de troca para a movimentação das
mercadorias. Primeiro, não existiam mercadorias, porque não havia troca, o que
estava à disposição do homem eram produtos ou bens livres para o consumo de
quem precisasse de forma livre. Segundo, para existir mercadorias é necessário
que existam mercados; pois não existiam excedentes, ou sobra de produção, não
tinha como aparecerem as mercadorias. As mercadorias surgiram a partir da
formação de excedentes, cujo montante era necessário trocar por produtos que
determinada tribo não produzia. Frente a isto, surgem os mercados, as
mercadorias; e, consequentemente, algo que servisse como meio de troca entre os
produtos. Todavia, isto só veio acontecer na fase neolítica da história e que
vem se aperfeiçoando até os tempos modernos, com possibilidade de durar séculos
e séculos.
O meio de troca
que foi utilizado no processo de intercâmbio entre as mercadorias, com o
transcorrer da história foi chamado de moeda, e, nos tempos hodiernos, bem mais
especializado do que se esperava. No começo da utilização deste instrumento de
troca, a Economia usou como padrão de intercâmbio algumas mercadorias, que
tivessem algumas características próprias, como por exemplo: fossem duráveis,
não se deteriorassem com o tempo, pudessem servir como acúmulo de valor,
tivessem alguma equiparação de valor e fossem aceitas por toda comunidade. A
história mostra que alguns produtos do dia a dia tiveram função de moeda, tais
como, o boi, o peixe seco, cigarro, sal, metais preciosos e muitos outros
produtos da época; contudo, os únicos que foram aprovados por longo tempo,
foram os metais preciosos, por terem todas as características precisas.
A partir de
então, a moeda teve a sua fundamental importância para a economia, desde os
tempos em que eram produtos perecíveis até o uso dos metais e papéis, como uma
representação objetiva, em economia, de um meio de troca, se não fosse a
intensificação da especulação e entesouramento que alguns gananciosos e
dinheiro-maníacos tivessem pela figura inexpressiva da moeda. O dinheiro é que
faz circular facilmente a produção para os diversos pontos da nação e para as
diversas classes sociais de um país, ao fazer a distribuição a todas as
comunidades existentes, ao estipular preço e quantidade que devem estipular o
equilíbrio na/da estrutura social dentro de um sistema econômico. Para tanto, o
sistema sócio-econômico deve ser bem organizado para que a moeda desempenhe
realmente o seu papel, que é o de alocação dos recursos escassos para a
sociedade.
O sistema
econômico é uma estrutura que compõe todas as atividades que envolvem uma
nação, isto significa dizer, produção nacional, nível de emprego, nível de
investimento, relações com o exterior, tecnologia, e muitas outras variáveis.
Daí, levanta-se a seguinte questão: como alocar todas as atividades econômicas,
preservando o critério de eficiência? Pois esta é uma questão que diz respeito
à atividade do economista; porém, uma distribuição ineficiente dos bens e
serviços de um país gera os desequilíbrios e, consequentemente, o sacrifício de
toda a população, ou de determinada classe social, dependendo da tendência dada
à política de ajustamento da economia. Normalmente, essas políticas favorecem
aos grupos economicamente poderosos da nação em detrimento daqueles que não têm
poder nenhum dentro da economia, que são os assalariados industriais, agrícolas
e comerciais.
Em uma economia,
as atividades econômicas circulam dentro da nação em duas vertentes opostas: um
fluxo real que é a atividade concreta de bens e serviços, a produção; e, um
fluxo monetário, constituído de pagamentos de salários, juros, aluguéis e
dividendos, efetuados pelo trabalho executado pelos agentes econômicos, os
rendimentos. Para intermediar este processo de troca existe a moeda. Desta
feita, conceitua-se moeda como sendo um instrumento de troca, universalmente
aceito pelas pessoas, com objetivo de facilitar o intercâmbio entre os bens e
serviços de uma sociedade qualquer. Esse intercâmbio se processa entre as
famílias, entre as empresas, dentro do governo, e entre os intermediários
bancários e não-bancários, dentro de uma limitada base geográfica. Com a
criação da moeda a atividade econômica progrediu mais rapidamente, ao favorecer
a concentração e centralização de poder em mãos de poucos que dominam o mundo.
Do lado real da
economia, o fluxo começa com as empresas indo buscar mão-de-obra nas unidades
familiares para a manufatura de produtos a serem distribuídos à comunidade de
uma forma geral. As empresas vendem bens de consumo ao governo, que também
compra bens de capital para participar do processo produtivo da economia. A
atividade produtiva envolve a agricultura, o comércio, ou serviços e o setor de
transformação industrial, onde um, interligado com os outros, promove um elo de
significativa importância dentro do sistema como um todo. A agricultura gera
produtos finais e/ou intermediários ao setor de transformação industrial, ou de
beneficiamento, que, impulsionado com o setor comercial e de serviços,
distribui-se a produção gerada na nação para os seus participantes efetivos.
Por outro lado,
o fluxo monetário inicia-se com os pagamentos em forma de salários, aluguéis,
juros e dividendos feitos aos trabalhadores do setor real, que recebem algo
representativo de sua labuta na atividade econômica. Esses pagamentos
retornarão às empresas com a venda do produto gerado, com o seu equivalente
preço estipulado pelo mercado. Ainda no fluxo monetário, listam-se os impostos
pagos pelas famílias e pelas próprias empresas privadas e do governo que servem
para organizar a produção. Constata-se também que os excedentes de renda das
famílias, empresas e governo, se canalizam para o sistema financeiro para
intermediação, entre os fatores de produção, e a atividade produtiva. O sistema
financeiro dinamiza o consumo das famílias, o capital de giro das instituições e
a formação de capital das empresas e do governo em busca do crescimento e
desenvolvimento nacional sustentável.
É neste processo
que participa a moeda, como meio de troca, reserva, medida de valor e como
padrão de pagamento diferido. Sabe-se, entretanto, que a moeda por si só, não
representa nada, ela passa a ter seu significado, quando for aceita por todos,
como um meio de troca entre as mercadorias e os serviços necessários. Isto
acontece facilmente quando uma economia tem sua moeda estável, isto quer dizer,
quando a moeda desta comunidade não passa por um processo de inflação acima do
suportável. Uma economia com uma moeda forte tende a um processo de crescimento
equilibrado, com defasagens ajustadas pela própria dinâmica econômica, cujos
níveis de investimentos sendo aplicados diretamente no processo produtivo, com
um índice de especulação financeira necessário apenas para a espera de uma
melhor alocação destes recursos.
Simplesmente, a
moeda surgiu para facilitar a atividade econômica, coisa que não tem acontecido
nos tempos modernos, devido à ambição de grandes poderosos acumularem riquezas
em forma de moeda, que dificultam o fluxo dos bens e dos serviços na economia.
Verifica-se que estes desajustes prejudicam a economia como um todo, tendo em
vista que criam inflação e enfraquecem a moeda local, fortalecendo a moeda
externa. Numa primeira instância, essas moedas fracas inibem o processo
produtivo, com uma queda na produção agregada, considerando que culminará com
uma aplicação dos investimentos a ser transferida para um gasto maior,
aparentemente, ou não. A queda no nível de investimento gera, por conseguinte,
uma queda no nível de emprego, que participa da produção da economia, pois,
isso refletirá em outras variáveis econômicas e sociais que atuam na atividade
econômica de forma muito forte e precisa.
Desta forma, a
instabilidade da moeda nacional cria dificuldades externas ao país; pois, em
uma economia aberta, a pauta de importação e exportação é de importância
fundamental às relações internacionais. Pode-se participar da economia externa
através da importação de insumos necessários à economia doméstica, de bens de
capital para implementar a atividade econômica interna e de bens de consumo,
que a comunidade precisa e não produza internamente, assim como contrair
empréstimos no exterior aos órgãos de fomento. O mesmo acontecendo com as
exportações, devido às disparidades que provavelmente existem na determinação
de um preço interno e um outro competitivo com o comércio exterior.
Rapidamente, conclui-se que esta moeda facilita as exportações; mas, dificulta
a economia interna com uma intermitente desvalorização, ao provocar uma
instabilidade que envolve o sistema, se as autoridades não estiverem atentas a
mudanças internacionais.
Frente a isto,
em uma sociedade moderna, dificilmente se vive sem moeda, considerando que a
quantidade de bens e serviços gerados e transacionados no país é ainda maior;
e, a dificuldade de comercialização destes produtos é incomensurável; por isso,
o setor monetário é de expressiva importância em uma nação. Uma moeda, tanto
pode facilitar as transações de um país, quanto pode desequilibrá-lo a um nível
incontrolável pelas autoridades econômicas, como foi o caso da Alemanha no
século passado – séc. XIX –, e o caso do México – séc. XX –, mais recente, como
também o da Argentina e do Brasil, que acabaram criando uma nova moeda, para
tentarem contornar os graves problemas que esses países estavam passando, e que
o futuro prometia uma banca rota
inevitável. Portanto, a moeda é uma faca de dois gumes, tanto afia, quanto
cega.
Finalmente, com
o surgimento da moeda, cuja pretensão seria uma única para cada país, se
observa um grande número de indexador, funcionando como moeda, deixando as
pessoas, cada vez mais, com dificuldade para entender o processo de utilização
da moeda no fluxo da economia. O importante é que a moeda serviu, e serve ao
desenvolvimento da humanidade, nos mais diversos aspectos possíveis, isto
significa dizer, que a moeda além de servir para as funções que já foram
levantadas, agora prima para uma abrangência maior de funções econômicas e
sociais. Portanto, o importante, é que a moeda tem a sua função de fundamental
importância para a economia, cujo objetivo foi o de facilitar as transações
econômicas, e, continua desempenhando seu papel, com grande eficiência; mas, é
preciso que se estudem maneiras para que a moeda, em sua essência, ajude à
humanidade e nunca atrapalhe.
Fonte
SOUSA, Luis Gonzaga da. A moeda na economia. In:______. Ensaios
de economia. Disponível em:
<http://www.eumed.net/cursecon/libreria/2004/lgs-ens/5.htm>.
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