terça-feira, 4 de junho de 2013

A força do capitalismo - Luís Gonzaga Sousa


A teoria econômica tem passado por diversos momentos polêmicos de fundamental importância para a sua evolução. Óbvio que a utilização dos princípios econômicos deve ser vista por dois prismas essenciais, tais como: em primeiro lugar, a questão da teoria que são as experiências que deram certo e que precisam ser tomadas como parâmetros, para não cair no mesmo erro; e, em segundo lugar, o ponto de vista prático, que denota o que está sendo feito sob a experiência de outrem, é o learning by doing, comum nas experimentações das autoridades. Este modo de ver as coisas tem avançado séculos, e dado pequenos incrementos à Economia, que precisa ser claramente bem entendida para melhorar o processo produtivo e proporcionar um bem-estar mais condigno para a população em geral.

Estas discussões em defesa de uma dinamização econômica têm conduzido a uma divisão teórica, que ao invés de desenvolver a sua estrutura como um todo, tem deixado os grupos oligopolistas a fomentarem as concentrações de capital, criando os grandes grupos industriais, e dificultando cada vez mais a competição, que é salutar à criatividade e inovação econômica. Como já é conhecido, o grande capital não incentiva uma equânime distribuição dos lucros em defesa do desenvolvimento da economia como um todo; entretanto, cria mecanismo para barrar a participação daqueles que são ameaças em sua trajetória de crescimento, e parte para explorar distantes plagas, para a satisfação do egoísmo e da ganância, como acontece com a formação de cartéis e trustes em longínquos pontos do continente.
 
Assim, é pautado nesta intransigência de acumuladores de capital que surgem os pequenos, médios e micro empreendimentos industriais, querendo sobreviver às intempéries da vida, em busca de uma participação no sistema econômico vigente; pois, estes segmentos do setor de transformação industrial têm grande significado na vida econômica de qualquer país. Sabe-se, todavia, que os grandes conglomerados não originam dos primórdios da humanidade; mas, do processo de acumulação dos excedentes, que se avolumavam nas mãos de poucos gananciosos, que buscavam sempre mais, a troco da exploração humana; e, isto não parte somente de capitalistas individuais, em busca de maiores lucros, mas também de países que buscam a hegemonia intercontinental em termos de poder político/econômico.

A força do capitalismo faz tornar dependentes muitos países pobres, transferindo para as nações ricas, capitais obsoletos e tecnologias defasadas para manter sempre o seu processo de transferência de altos lucros, para fomentar o seu poderio cada vez maior na matriz. Neste prisma foi que se formou o capitalismo tardio nos países subdesenvolvidos, e com ele o sentido cada vez mais forte da dependência, que tanto fomenta o avanço e a dinamização de seu parque industrial, e de sua agricultura que em sua maioria é de subsistência. A imposição do grande capital dificulta o crescimento de capitais menores, criando uma grande fenda entre o capital e o trabalho; pois, os pequenos capitais demandam sempre maiores taxas de lucros, com um volume muito menor de ganhos da atividade de transformação industrial.

Em países pobres, o que é intensivo é a mão-de-obra que existe em abundância, e é recrutada a preço baixo; entretanto, a ganância pelos altos lucros, faz com que apareça sempre um excedente de mão-de-obra, para formar a concorrência, e o custo do trabalho nunca aumentar, e, se aumentar, seja a uma taxa lenta para não atrapalhar o processo de acumulação. Contudo, ao aparecer um desajustamento entre o emprego do trabalho e do capital, isto faz com que surjam as deseconomias de escala e, por conseguinte, dificuldades no processo produtivo que refletem no nível de sobrevivência das empresas de transformação. Um dos elementos que influenciam nestas deseconomias é justamente a qualidade da produtividade média do trabalho, na atividade econômica industrial.

Quando se fala em economias de escala, surge uma polêmica muito forte com respeito a este termo; pois, muitas variáveis são influentes no seu aparecimento e para se constatar qual, ou quais elementos estão tornando inviável a produção que se está trabalhando, é preciso muita habilidade e experiência no assunto. Numa economia industrial, observa-se o aparecimento de economias de escala, se ela está trabalhando eficientemente bem, ou deseconomias de escala, se a ineficiência está surgindo com maior regularidade. Isto é próprio de um sistema que trabalha com mão-de-obra sem desqualificação, com tecnologia obsoleta, grande capacidade ociosa, e com gerente ou empresário inabilitado em sua atividade, e algumas outras variáveis de fundamental importância para o assunto.

As economias de escala são geradas em qualquer tipo de estratificação industrial, tais como uma empresa ser pequena, média, ou grande, isto depende sempre da alocação dos recursos, dentro do processo produtivo, quer dizer, a aplicação do trabalho e do capital na dinâmica da produção. Uma alocação eficiente destes fatores de produção tem como tendência imediata a geração de economias de escala no processo produtivo, não tem nada a ver com o intervalo de classificação da indústria; mas, é preciso que se saiba que as indústrias grandes e médias, têm mais facilidades contingências de melhores ganhos de produtividade, considerando tecnologias melhores; mão-de-obra mais especializadas; maquinarias novas e mais possantes, e muitos outros fatores que aumentam a produtividade da indústria.

Ao se colocar a questão sobre as pequenas e micros empresas, já se sente uma certa dificuldade na obtenção de economias de escala, pois são empresas excluídas do acesso a melhores tecnologias, ou qualquer progresso. O empresário geralmente é o próprio dono da empresa e do capital utilizado. A mão-de-obra é mais rotativa, e a capacidade da indústria é bem menor do que as de maior porte e assim, outros fatores aparecem, fazendo com que a ineficiência esteja sempre em sua porta. Isto não quer dizer que as economias de escala não possam acontecer nas pequenas e micro empresas, entretanto, observam-se as dificuldades múltiplas que acontecem, tornando cada vez mais complicada a geração de tais ganhos; mas, uma maior facilidade na formação de deseconomias de escala, oriundas de produções pequenas.

A polêmica sobre as economias de escala continua sem uma definição precisa deste conceito; entretanto, deve-se deixar claro que, o mais importante é que cada indústria tem uma história, uma formação de custos assim como, uma programação que tem que ser levada em conta, para uma avaliação de uma economia, ou deseconomia de escala. Em países, ou regiões pobres, onde se utilizam seus potenciais de mão-de-obra, deve-se tentar investigar as economias de escala ou não, da produtividade média do trabalho, isto significa dizer pelas observações implementadas que se a mão-de-obra empregada no processo produtivo é de boa ou má qualidade, isto tem por traz a questão da tecnologia e da qualidade do equipamento técnico que está sendo utilizado no processo industrial.

Dado que o potencial de mão-de-obra numa determinada região é bastante grande, é necessário que se use bem o contigente de trabalhadores que estão disponíveis no mercado de trabalho, e alguns com bastante experiência ou especializado no assunto; pois, com uma mão-de-obra especializada e bem empregada, faz com que as economias de escala sejam mais abundantes e eficientes. A especialização da mão-de-obra transcorre de diversas formas: como a prática em seu dia a dia, a experiência de pai para filho, o conhecido savoir-faire, e o aprendizado escolar que proporcionam conhecimentos, para que o trabalhador fique apto a uma produção de primeira qualidade, e propicie um bom produto ao mercado consumidor, de maneira competente em suas participações relativas é providencial para o desenvolvimento econômico.

Não se pode esquecer que determinado setor da economia tenha sua intensidade de capital, como é o caso das indústrias pesadas, que lidam com um número maior de máquinas de alta potência, e isto por definição, gera uma produtividade do trabalho muito alta, tanto no que diz respeito ao número de trabalhadores, como ao nível de qualificação desse pessoal. Melhores tecnologias dizem respeito à utilização maior de conhecimento, ou qualificação dos trabalhadores do que uma intensidade de pessoal empregado, sem qualquer grau de escolaridade; pois, maquinarias mais novas, significam mais aprendizado, o que constitui problema de fundamental complexidade para regiões pobres ou subdesenvolvidas, como é o caso de regiões terceiro-mundistas que encontram na listagem das indústrias de progresso tardio.

Por outro lado, observa-se a questão de indústrias tradicionais que são intensivas em mão-de-obra, constituindo-se assim numa fraca produtividade do trabalho, devido ao grande número de trabalhadores empregados no processo produtivo, e por ser um tipo de indústria, que por sua natureza não exige maior número de maquinaria, portanto, somente a mão-de-obra com pouco capital resolveria a questão da produção deste setor. Este fato não significa que não se exija uma mão-de-obra qualificada; mas, que não seja uma qualificação do tipo de quem participa de máquinas sofisticadas, ou de tecnologias avançadas, é que estejam sempre inovando os seus instrumentos de trabalho, de tal forma que o material pesado e o homem não tenham condições de trabalhar sozinhos, mas tenham a máquina e o homem de serem colaboradores entre si.

Em muitos estudos, nota-se a preocupação que existe entre o nível de escolaridade de um trabalhador e a sua produção efetivamente gerada; pois, espera-se que um trabalhador melhor preparado tenha a possibilidade de um nível maior de produtividade, isto é verificado quando se observa em uma determinada produção, a existência de um excedente de produto não explicado pelo processo de produção normal. Entretanto, como exemplo, pode-se colocar que alguns países geram produções excedentes sem o uso intensivo de capital físico; e se constatou, que depois de melhorar o nível de escolaridade de seu povo, a produção que foi aparecendo, foi maior, nas mesmas condições anteriores, onde não havia implementado o sistema de educação de tal nação, isto é, houve um ganho de produtividade não explicado pelos fatores de produção

Em resumo, a economia industrial de qualquer país passa por todos estes parâmetros, e constitui uma polêmica muito forte, tanto no mundo teórico, quanto no mundo prático, considerando uma economia com baixos índices de crescimento econômico e com pouca participação evolutiva em seu sistema econômico de transformação. É preciso, pois, investigar as dificuldades que envolvem o parque industrial em estudo, para verificar a atuação do capital e do trabalho na geração de sua produção, para sentir os pontos de estrangulamento existentes, para se determinarem as políticas necessárias ao bom funcionamento de um processo de industrialização; e, desta forma, incentivar políticas que beneficiem os fatores de produção, sem que haja desperdício de algum deles.

A todas estas forças que constituem a decadência e a dependência de países pobres, deve-se a imposição do capitalismo centralizador e o seu poder de dominação, que determinam condições de sobrevivência de nações filiadas e isto tem levado, de maneira clara e objetiva, a pauperização da humanidade. A força do capitalismo tem tentado manter as posições dos países centrais, mesmo que o paternalismo fomente o ódio e o rancor, daqueles que estão subjugados pela ditadura do imperialismo internacional; pois, não é com a intransigência escravagista, que se vai patrocinar o bem-estar de um povo. O well-faire econômico e social de uma Nação se faz pela sua independência e consciência, mas nunca sob a atuação da guerra e da usurpação.


Fonte

SOUSA, Luis Gonzaga. A força do capitalismo. In: ENSAIO de Economia. [S.l.: s.n]. Disponível em: <http://www.eumed.net/cursecon/libreria/2004/lgs-ens/1.htm>. 

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