ATUALIZADO ÀS 10:20
Por ter conseguido ampliar a fortuna juntada pelo pai, Glauber Gentil, hoje com 35 anos, é um empresário muito conhecido no Rio Grande do Norte. Com a importação de franquias nascidas no sul do país, como a grife de perfumes e cosméticos O Boticário e a rede de lanchonetes Habib’s, ganhou bastante dinheiro. Lucrou menos com a BRJM Seguros, que fundou em sociedade com Bruno Alves. Em compensação, ganhou a amizade do filho do ministro Garibaldi Alves, ganhou a simpatia do poderoso clã potiguar e acaba de ganhar o tipo de notoriedade nacional só proporcionado por aterrissagens nas páginas dos grandes jornais.
Glauber pousou no noticiário político-policial a bordo do avião da Força Aérea Brasileira requisitado por Garibaldi Alves para encurtar a viagem entre Fortaleza e Brasília. Valendo-se das prerrogativas do cargo, o ministro da Previdência ordenou ao piloto que fizesse uma escala no Rio. Mais precisamente no Maracanã, palco da final da Copa das Confederações. Domingo é dia de descanso até para incansáveis servidores da pátria. “Me senti no direito de o avião me deixar onde eu quisesse ficar”, explicou Garibaldi. Ele também acha que pode dar carona a quem quiser. A um sócio do filho, por exemplo.
O premiado com a carona jura que foi coisa do destino. No dia 29 de junho, um sábado, ele estava no aeroporto da capital cearense, onde fechara alguns negócios, quando resolveu ligar para o sócio. “Temos um contato diário por causa da empresa”, confirmou Bruno Alves nesta sexta-feira. “Ele já tinha passagem aérea para o Rio, só que era para mais tarde”. Ao saber que o jatinho do ministro roncava por perto, quis saber se havia lugar para mais um. “O Glauber me pediu que intermediasse a carona”, contou o filho de Garibaldi. “Temos uma relação de amizade”.
Além de amigos tão solidários, Glauber tem sorte de sobra. Garantida a ida padrão Fifa, faltava cuidar da volta. Como o ministro seguiria para Brasília, ele já se conformara com a volta num avião de carreira quando soube que o destino continuava conspirando a seu favor. Na segunda-feira, outro jato da FAB a serviço de outro Alves (Henrique, primo de Garibaldi) voaria para Natal levando um filho do presidente da Câmara, a noiva e cinco parentes da noiva. Sete agregados.
Viraram oito com a anexação de Glauber Gentil, que se tornou o primeiro civil a testar, no curto período de três dias, a eficácia da tripulação e a qualidade do serviço de dois diferentes jatos da FABTur. É a mais recente das afrontas que começaram com a utilização da frota por pais-da-pátria que levam vida de rico torrando o dinheiro de quem paga imposto.
A freguesia foi expandida com a liberação do portão de embarque para mulheres e filhos. Depois subiram a bordo as amantes. Agora viajam de graça até parente de noiva e sócio de filho. Antes que coloque em risco as empresas aéreas privadas, os brasileiros indignados precisam voltar às ruas e liquidar no grito a farra obscena da FABTur.
por Augusto Nunes - Veja.com
Por Lauro Jardim
Garibaldi volta atrás
Garibaldi Alves pensou bem. Depois de declarar que não pretendia ressarcir os cofres públicos por ter dado carona ao sócio de seu filho em avião da FAB (Saiba mais em: Sem reembolso), Garibaldi voltou atrás e decidiu que devolverá o valor equivalente aos custos do voo Fortaleza-Rio de Janeiro.
De acordo com o Ministério da Previdência, Garibaldi pedirá à FAB para estimar o gasto da viagem e, na semana que vem, desembolsará a quantia para o erário. Bem pensado.
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