sexta-feira, 19 de julho de 2013

Por onde andam os desenvolvimentistas?

Por Carlos Magno Lopes

Os desenvolvimentistas representam a quase totalidade dos pensadores econômicos do atual governo. A penúltima doutrina econômica produzida na América Latina é o estruturalismo cepalino, cuja herança ajuda a explicar a enorme dificuldade dessa região em superar o fantasma do atraso e do subdesenvolvimento. O desenvolvimentismo, neste contexto, parece ser o estado da arte do pensamento econômico contemporâneo latino americano, já consagrado no Brasil ou pelo menos pelo governo brasileiro. Em outros rincões do mundo, principalmente nos países desenvolvidos (os que deram certo), essa escola de pensamento ainda é pouco conhecida. Isso talvez se deva ao egocentrismo intelectual norte-americano e europeu. Com efeito, o dicionário Palgrave de economia sequer registra tal doutrina. Isso talvez mereça um protesto.

Para tentar corrigir essa injustiça histórica e, abusando da minha capacidade de síntese, anuncio os postulados pétreos do desenvolvimentismo brasileiro (existem versões argentinas, bolivianas, equatorianas e venezuelanas, mas o número de adeptos tende a crescer):

I – O crescimento econômico é preferível à inflação baixa e controlada, sempre. Quem discordar não tem sensibilidade social.
II – O mercado é burro e não aprende nunca. Só o governo é inteligente, por isso faz exatamente o contrário do que diz fazer, já que ninguém perceberá.
III – O intervencionismo estatal não resulta em insegurança jurídica.
IV – O Banco Central só pode aumentar a taxa de juros quando a inflação se generalizar. Corolário: aumentar os juros é dar dinheiro aos banqueiros.
V – A inflação no Brasil é sempre sazonal e ampliada pela ação dos especuladores. A Lei da Oferta e da Demanda é um detalhe.
VI – A taxa de câmbio é flutuante, mas nem tanto.
VII – Só é possível financiar o desenvolvimento através da tributação e dos empréstimos do Tesouro.
VIII – Os investimentos são baixos porque os empresários não sabem reconhecer boas oportunidades de negócios, quem sabe é o governo.
IX – Em caso de dúvidas, cabe ao Ministro da Fazenda explicar o insondável.

O décimo mandamento fica a critério do leitor não desenvolvimentista, uma vez que os desenvolvimentistas desapareceram.

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